Chapter 4: A Confirmação do Laço Tóxico Randal sentia o braço de Matt em volta da cintura enquanto caminhavam. O calor de Matt era reconfortante. Matt parecia leve, quase flutuando ao lado de Randal. A euforia química ainda estava presente, mas agora vinha misturada com uma honestidade que Randal ansiava. Randal sabia que estava traindo a si mesmo e o objetivo de Matt de ficar sóbrio. Randal deveria ter insistido para que eles ficassem no parque, mantendo o foco na tese, mas o desejo de estar perto do Matt vulnerável era mais forte do que qualquer senso de responsabilidade. Randal precisava de Matt, e Matt precisava de Randal, mesmo que fosse apenas para se ancorar no caos. Eles chegaram ao apartamento. O lugar estava silencioso, o que era uma raridade. Matt não tinha programado nenhuma festa para aquela tarde, então a ausência de barulho era um alívio. Randal abriu a porta. Eles entraram no apartamento, e Randal fechou a porta atrás de si. Matt soltou a cintura de Randal e foi direto para o quarto dele. Randal hesitou. O quarto de Matt era o epicentro do caos, o local onde Matt se permitia desmoronar. “Vem,” Matt chamou, a voz abafada. Randal foi para o quarto de Matt. O lugar estava uma bagunça, como sempre. Roupas, papéis, e instrumentos musicais espalhavam-se pelo chão. Matt estava sentado na beira da cama, tirando os tênis. Matt olhou para Randal, o olhar dele era aberto, sem a máscara que Matt geralmente usava. “Eu não quero que a gente fique aqui,” Randal disse. Randal precisava de um ambiente onde pudesse controlar a situação, e o quarto de Matt não era esse lugar. Randal sabia que se ficassem ali, Matt poderia facilmente pegar mais substâncias, interrompendo a frágil abertura. Matt sorriu, um sorriso pequeno. “Você está com medo da minha sujeira?” “Não da sua sujeira,” Randal respondeu. “Estou com medo do que ela representa. Quero que você esteja comigo no meu quarto. Lá é seguro.” O quarto de Randal era o único lugar no apartamento que Matt respeitava. Matt nunca trazia o caos para o espaço de Randal. Matt ponderou por um momento, depois acenou com a cabeça. “Tudo bem. Seu santuário. Eu gosto do seu cheiro lá.” Matt se levantou e seguiu Randal para o quarto dele. Randal entrou no próprio quarto. O lugar estava arrumado, com livros organizados nas prateleiras e a cama feita. Randal sentia uma onda de familiaridade e controle. Matt deitou-se na cama de Randal, de barriga para cima, estendendo o braço. “Vem aqui. Você é macio,” Matt disse. Randal sentou-se na cama, mas não se deitou imediatamente. Randal queria falar mais, explorar a vulnerabilidade que Matt oferecia. “Sobre o que você estava falando no parque,” Randal começou. Randal precisava de mais sobre a música. “A música. ‘Janeiro Vermelho’.” Matt virou a cabeça para Randal. “Sim. Eu disse que era sobre você.” Matt estava traçando padrões na colcha de Randal. “Você pode me falar mais? Como ela soa? Qual o ritmo?” Randal queria absorver cada detalhe. Randal queria a prova tangível de que Matt o via como algo real, algo que Matt valorizava. Matt fechou os olhos. “É lenta. É o que eu chamo de blues de estudante de Letras. É sobre o frio, a bagunça, o cheiro de cerveja velha. Mas no meio, tem uma melodia que é limpa. Essa é você.” Matt descreveu a música como uma jornada do caos para a ordem, com Randal sendo o ponto de virada, a resolução. Randal percebeu que a música era uma confissão, uma forma de Matt processar o impacto que Randal tinha na vida dele. Matt não conseguia falar sobre isso sóbrio, mas conseguia transformar em arte. “Você a escreveu no violão?” Randal perguntou. “Sim. Eu só uso o violão quando é para mim. O piano é para a produção, para os hits,” Matt disse. Matt tinha um violão acústico velho, que Matt escondia de todos. Randal tinha visto Matt com ele algumas vezes, mas Matt sempre parava de tocar se Randal se aproximasse. Randal esticou a mão e tocou o cabelo verde de Matt. O cabelo de Matt estava um pouco sujo, mas Randal não se importava. Randal estava tocando a essência de Matt, a parte que Matt escondia do mundo. “Você é talentoso, Matt. Você não precisa fazer sucesso. Você só precisa escrever o que sente,” Randal disse. Randal estava tentando injetar a ideia de valor próprio em Matt, de que a música de Matt era suficiente sem o sucesso comercial. Matt abriu os olhos e olhou para Randal. Matt parecia pensativo. “É difícil. Meu pai me ensinou que o valor da arte está no quanto você vende. É difícil tirar isso da cabeça.” “Você está tentando,” Randal disse, movendo a mão para o rosto de Matt. Matt segurou a mão de Randal. A pele de Matt estava quente. Matt puxou Randal para perto. “Eu só consigo tentar quando você está aqui. Você é o único que não tem medo do que eu sou.” Randal se inclinou e beijou Matt. O beijo era lento, mais profundo do que o beijo no parque. Randal sentia a boca de Matt, o sabor residual de algo químico e mentolado. Randal ignorou o sabor. Randal estava beijando a honestidade, a vulnerabilidade que Matt oferecia. A intimidade se intensificou rapidamente. Matt estava impaciente, como sempre, mas desta vez havia uma diferença. Matt estava presente, não apenas reagindo ao desejo físico. Matt estava buscando a conexão emocional, usando o corpo para expressar o que não conseguia em palavras. Randal cedeu ao desejo, aceitando a dança perigosa. Randal ajudou Matt a tirar a camisa de Matt. Randal observou os anéis de prata de Matt brilhando fracamente na luz do quarto. Matt era magro, com uma pele pálida que parecia frágil. Randal pensou na pressão que Matt colocava sobre o corpo de Matt, e sentiu uma onda de proteção. Matt começou a beijar o pescoço de Randal. Randal sentiu a respiração de Matt, quente e acelerada. Matt estava totalmente focado em Randal. “Você é meu porto seguro, Randal,” Matt murmurou contra a pele de Randal. “Você me faz sentir que o mundo lá fora não é importante.” Randal pensou: *Eu sou seu porto seguro tóxico. Você só me deixa entrar quando a parede está caída.* Randal sabia que estava se tornando dependente dessa intimidade, dessa versão de Matt. Randal estava agindo como um catalisador para a autodestruição de Matt. Randal estava usando o estado alterado de Matt para conseguir a proximidade que desejava. Mas Randal não conseguia parar. Randal estava apaixonado pelo Matt que existia por baixo do caos. Eles tiraram as roupas. O quarto de Randal era silencioso, exceto pelos sons deles. Randal sentiu a pele de Matt contra a sua. Matt se movia com uma urgência que Randal reconhecia, mas Matt estava mais atencioso, mais focado no prazer de Randal. Matt estava tentando provar a Randal que Matt se importava, mesmo que Matt estivesse fora de controle. Randal inverteu as posições, ficando por cima de Matt. Randal queria que Matt soubesse que Randal estava no controle, que Randal estava lá para proteger Matt. Randal beijou Matt, focando na conexão, na promessa de algo mais profundo. Matt estava ofegante. “Você é a única coisa que me acalma, Randal,” Matt disse, as palavras de Matt eram lentas. Randal continuou. Randal estava solidificando a crença de Matt. Randal era a âncora, a constante. Randal era a salvação temporária de Matt. A experiência era intensa, mais significativa do que qualquer encontro anterior. Randal sentia a profundidade da conexão, impulsionada pela honestidade de Matt. Randal estava usando a intimidade para criar um laço, esperando que Matt se lembrasse disso quando Matt voltasse à sobriedade. Randal estava construindo uma fundação, mesmo que fosse em terreno instável. Eles chegaram ao ápice. Matt gritou o nome de Randal. Randal deitou-se ao lado de Matt, puxando o corpo de Matt para perto. Matt estava exausto. Matt se aninhou contra Randal. Randal abraçou Matt, sentindo a respiração de Matt se acalmar. Randal estava vitorioso. Randal tinha conseguido a intimidade emocional que Matt só oferecia naquele estado. Randal tinha reforçado a ideia de que Randal era a pessoa que Matt precisava. Matt começou a falar novamente, a voz dele estava quase inaudível. “Você tem que prometer que não vai embora. Todo mundo vai embora. Meu empresário, meus amigos antigos. Todos se cansam.” Randal beijou o topo da cabeça de Matt. “Eu não vou embora. Eu não vou desistir de você, Matt. Eu quero a versão de você que está aqui agora, e eu sei que ela existe.” Matt suspirou. “É difícil ser essa versão. É muito barulhenta.” Randal não respondeu. Randal apenas abraçou Matt com mais força. Randal sabia que Matt estava caindo no sono, a exaustão física e química tomando conta. Randal ficou acordado por um tempo, observando o teto. Randal repassou os eventos do dia. Randal tinha falhado em manter Matt sóbrio, mas Randal tinha conseguido avançar no relacionamento. Randal tinha a confirmação de que Matt se importava, que Randal era uma musa, um ponto de ordem. Randal sentia uma mistura de satisfação e culpa. Randal tinha usado a vulnerabilidade de Matt. Randal estava entrando no ciclo tóxico. Randal era o coadjuvante na autodestruição de Matt. Randal adormeceu, segurando Matt. **...** Randal acordou na manhã seguinte. A luz do sol entrava pelas cortinas. Randal esticou o braço, procurando Matt. O lugar ao lado de Randal estava vazio e frio. Randal sentou-se na cama, olhando em volta. As roupas deles estavam no chão. Randal viu as roupas de Matt, mas Matt não estava no quarto. Randal se levantou rapidamente, vestindo o roupão. Randal saiu do quarto, indo para a cozinha. Randal precisava de café. Randal encontrou Matt na sala de estar. Matt estava sentado no sofá, vestindo a mesma roupa que Matt usava antes de saírem no dia anterior: jeans rasgados e uma camiseta preta. Matt estava lendo um livro. Era o volume de Sísifo. Matt estava sóbrio. Randal podia ver isso na postura de Matt, na rigidez dos ombros de Matt, na forma como Matt segurava o livro. A parede estava reconstruída. Randal parou na porta da sala. “Bom dia,” Randal disse, tentando soar casual. Matt levantou o olhar do livro. O olhar de Matt era frio, distante. O cabelo verde de Matt estava desgrenhado, mas Matt parecia limpo, sem o rastro do caos da noite anterior. “Bom dia,” Matt respondeu, a voz dele era monótona, sem emoção. Matt não sorriu. Matt não fez menção à noite deles, ao parque, à música. Randal sentiu um aperto no estômago. A rejeição era imediata e palpável. “Você dormiu bem?” Randal perguntou, aproximando-se da cozinha. Randal começou a preparar o café. “Sim. Eu acordei cedo. Eu tenho que escrever,” Matt disse. Matt voltou a ler o livro, ignorando a presença de Randal. Randal colocou a água para ferver. Randal tentava encontrar uma brecha, uma lembrança da noite anterior. “Nós tivemos um bom dia ontem,” Randal disse, Randal tentava injetar um pouco de calor na conversa. Matt virou uma página do livro. “Sim. A conversa sobre o absurdo foi produtiva. Eu acho que vou mudar o foco da tese. Você me deu umas ideias boas.” Matt estava reduzindo a confissão, a intimidade, e a música a uma mera ‘ideia produtiva’ para a tese. Randal percebeu a estratégia de Matt: Matt estava minimizando a conexão emocional para manter a distância. Randal sentiu a dor da rejeição. Randal tinha se entregado, se permitido ser vulnerável, e Matt estava agindo como se nada tivesse acontecido. Randal era apenas um colega de quarto que oferecia boas ideias literárias. Randal pegou duas canecas. Randal fez o café. Randal levou o café para a sala. “Você quer?” Randal perguntou, estendendo uma caneca para Matt. Matt olhou para a caneca, depois para Randal. Matt não pegou a caneca. “Não, obrigado. Eu tenho que manter a cabeça limpa. Eu não gosto de café,” Matt disse. Matt tinha bebido café com Randal no dia anterior, na cafeteria. Matt tinha bebido duas xícaras. Randal entendeu que Matt estava mentindo, ou Matt estava reescrevendo a história. Matt estava apagando a parte vulnerável. Randal colocou a caneca na mesa de centro. Randal sentou-se na poltrona, em frente a Matt. “Matt, a gente precisa conversar sobre a noite passada,” Randal disse. Randal precisava de clareza. Randal não podia aceitar a negação de Matt. Matt fechou o livro, colocando o livro no colo. Matt olhou para Randal com uma expressão de tédio. “Sobre o quê? A gente bebeu demais e se beijou. Acontece. É uma festa, Randal. A gente faz isso sempre.” Randal não conseguia acreditar na frieza de Matt. “Não foi uma festa, Matt. Foi no parque. Foi uma confissão. Você falou sobre a sua família, sobre a música. Você disse que eu era a sua âncora.” Matt sorriu, um sorriso vazio, sem alegria. “Ah, sim. Eu estava fora de mim. Desculpe por qualquer coisa que eu tenha dito. As substâncias me fazem falar demais. Você sabe como é.” Matt estava usando o vício como uma desculpa, uma barreira. Matt estava protegendo a si mesmo da intimidade que Randal ansiava. “Você disse que escreveu uma música sobre mim, Matt. ‘Janeiro Vermelho’. Você disse que era a única coisa que você realmente se importava,” Randal insistiu. Randal precisava que Matt reconhecesse a verdade daquele momento. Matt suspirou, esfregando o rosto. Matt parecia impaciente com a insistência de Randal. “Randal, eu escrevo muita coisa quando estou alterado. É um fluxo de consciência. Eu não me lembro de nada disso. É apenas letra.” Randal sentiu a decepção se transformar em raiva. Matt estava sendo cruel, desfazendo a conexão que Randal considerava sagrada. “Não minta para mim, Matt. Você estava honesto. Você me olhou nos olhos. Você me deixou entrar,” Randal disse. Randal precisava que Matt assumisse a responsabilidade pela vulnerabilidade. Matt pegou o livro novamente, abrindo o livro na página que Matt estava lendo. “Eu não estou mentindo. Eu só estou sóbrio agora, Randal. E sóbrio, eu não me importo com essas coisas. Eu tenho que focar na tese. E em manter o meu pai fora da minha vida.” Matt estava usando a tese e a sobriedade temporária como escudo. Randal percebeu que a luta seria mais difícil do que Randal imaginava. Matt só conseguia ser real quando estava fora de si, e Matt negava essa realidade quando voltava. Randal levantou-se da poltrona, frustrado. Randal pegou a caneca de café e foi para a cozinha. Randal precisava de um momento para processar a rejeição. Randal encostou-se no balcão da cozinha, tomando um gole do café. O café estava quente, mas não conseguia aquecer o vazio que Matt tinha deixado. Randal estava preso. Randal só conseguia o Matt que Randal amava quando Matt estava fora de si. E quando Matt voltava, Matt destruía qualquer progresso. Randal percebeu que o ciclo tinha se tornado mais perigoso. Randal tinha cruzado uma linha, cedendo ao desejo, aceitando a intimidade tóxica. Agora, Randal dependia daquele Matt vulnerável. Randal ansiava pela próxima queda de Matt, para que a parede desmoronasse novamente. Randal tinha se tornado cúmplice. Randal voltou para a sala. Matt ainda estava lendo, a figura dele era rígida, inacessível. “Eu vou sair,” Randal disse. Randal não conseguia ficar no mesmo ambiente que Matt sóbrio. A presença de Matt era uma lembrança dolorosa do que Randal tinha perdido. Matt não levantou o olhar. “Tudo bem. Eu estarei aqui. Não faça muito barulho quando voltar.” Randal saiu do apartamento, fechando a porta com cuidado. Randal caminhou pelo corredor, sentindo a dor da rejeição. Randal tinha a prova de que Matt se importava, mas Matt negava essa prova. Randal estava lutando contra a autodestruição de Matt, mas Randal também estava se autodestruindo, aceitando a versão tóxica do relacionamento. Randal desceu as escadas. Randal percebeu que a perseguição ao Matt lúcido tinha se transformado em uma dependência do Matt vulnerável. Randal precisava daquele Matt para se sentir amado. Randal saiu do prédio, indo para a rua. Randal estava sozinho. O sol estava brilhando, mas o dia parecia cinzento. Randal sentia a dor da rejeição, e a culpa por ter se aproveitado da vulnerabilidade de Matt. Randal era o único que se lembrava da confissão, e Matt tinha apagado tudo. Randal sabia que o ciclo se repetiria, e Randal estaria esperando pela próxima vez que a parede de Matt caísse. Randal estava viciado na versão vulnerável de Matt. Randal sentia a dor da rejeição e percebia que o ciclo de busca pela versão lúcida de Matt se tornou mais perigoso.

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