Chapter 3: A Sombra da Confissão Randal beijou Matt, rendendo-se à intensidade do momento. Matt estava tão perto, tão aberto, e Randal não conseguia se afastar. A vulnerabilidade de Matt, induzida pela substância, era um risco que Randal estava disposto a correr. Ele não se importava que estivesse se apaixonando pela sombra; a atração era irresistível. Randal intensificou o beijo, querendo absorver a honestidade temporária de Matt. Matt beijava com uma urgência surpreendente, algo que Randal só experimentava quando Matt estava em meio ao caos das festas, mas agora havia uma profundidade diferente, um reconhecimento mútuo. Eles se separaram ligeiramente, ofegantes. Matt sorriu, um sorriso que desarmou Randal. Randal percebeu a euforia química em Matt, mas a conexão emocional que Matt estava permitindo era o que realmente importava. Randal precisava manter Matt perto, mas de forma controlada. Ele não queria que o momento se transformasse em algo que Matt se arrependeria depois. Randal tinha que solidificar a abertura que Matt oferecia. “Vamos sentar,” Randal sugeriu, pegando a mão de Matt. Randal procurou um local que oferecesse alguma privacidade. Matt acenou com a cabeça. “Sim. Minhas pernas estão meio bambas.” Matt riu, um som solto e despreocupado. Randal conduziu Matt para um banco de madeira isolado, sob a sombra de uma árvore grande no meio do parque. O local parecia perfeito, oferecendo um refúgio da luz do sol e dos olhares ocasionais. Eles se sentaram lado a lado. Randal manteve a mão de Matt na sua. O toque de Matt era quente e reconfortante. Matt encostou a cabeça no ombro de Randal, um gesto de intimidade que Randal ansiava. Randal respirou fundo, tentando processar a velocidade com que Matt estava se abrindo. “Você estava falando sobre a tese,” Randal lembrou Matt. Randal queria manter a conversa em algo que Matt amava, algo que Matt via como sua fuga. Matt suspirou, mas não tirou a cabeça do ombro de Randal. “Sim. O absurdo.” Matt começou a traçar círculos no braço de Randal. “É engraçado, Randal. Eu me sinto menos absurdo agora, sentado aqui com você.” Randal sorriu. “Isso é bom. Eu quero que você se sinta menos absurdo.” Matt riu suavemente. “Você é um bom ouvinte. Diferente das pessoas que meu pai contratava. Elas só queriam saber se eu tinha escrito outro hit.” Matt retomou a narrativa sobre sua vida como músico, falando com mais detalhes sobre a exploração familiar. Matt descreveu o pai, um homem que ele via como um parasita, vivendo através do talento de Matt. “Ele dizia que eu era ingrato. Que eu deveria agradecer por ter uma vida ‘fácil’,” Matt disse, a voz endurecida com ressentimento. “Ele nunca entendeu que eu só queria escrever, estudar, ser normal.” Randal sentiu raiva por Matt. Ninguém deveria ser forçado a se autodestruir para escapar de uma vida que não queria. “Eles te colocavam para trabalhar demais?” Randal perguntou. Randal queria o máximo de contexto possível. Matt fechou os olhos. “Turnês intermináveis. Gravações que duravam dezoito horas. E as entrevistas. Deus, as entrevistas. Eu tinha que fingir que amava tudo aquilo.” Matt estremeceu. “Eu comecei a usar coisas para aguentar o ritmo. Para não desmaiar no palco.” Randal apertou a mão de Matt, transmitindo solidariedade. “Você tinha dezessete anos. Isso é abuso.” Matt assentiu, aceitando a palavra que Matt nunca usava para descrever a situação. “Eu sei. Mas eu estava preso. O dinheiro era bom demais para eles. E eu era jovem demais para entender como sair.” Matt se afastou um pouco do ombro de Randal e olhou para ele. Matt parecia ponderar sobre algo. “Eu escrevi uma música sobre você, sabia?” Matt perguntou, a voz dele um pouco mais baixa. Randal piscou, surpreso. “Sobre mim? Quando?” Matt sorriu, um sorriso pequeno e íntimo. “Depois da nossa primeira noite. Aquela festa caótica. Você estava tentando limpar a cozinha, e eu estava totalmente fora, mas eu te vi.” Randal tentou lembrar da noite. Era o primeiro semestre, a primeira grande festa de Matt. Randal tinha ficado para trás, exasperado, mas resignado a limpar a bagunça. Matt tinha vindo até ele, alterado, e a noite tinha terminado no quarto de Randal. “Eu estava no meu quarto. Você já estava dormindo,” Matt continuou. “Eu não conseguia dormir. Eu peguei o violão, e a melodia veio. Foi a única música que eu escrevi nos últimos dois anos que não era para ser um ‘hit’ comercial.” Randal sentiu um calor se espalhar pelo corpo. Matt via Randal como algo que inspirava, algo que quebrava o ciclo de produção forçada. “Qual o nome?” Randal perguntou, segurando a respiração. “Janeiro Vermelho,” Matt disse. “É sobre o caos, o frio, e a única coisa que fazia sentido no meio de tudo aquilo. Você.” Randal sentiu uma pontada de euforia. Matt havia capturado a essência da conexão deles, o fato de que Randal era a única constante no meio do furacão. Randal nunca tinha pensado que Matt o via dessa forma, que a atração física era mais do que apenas a consequência do álcool e das festas. “Eu nunca te mostrei,” Matt disse. “É muito pessoal. É a única coisa que eu realmente me importo.” Randal absorveu a revelação. Isso significava que Randal não era apenas um colega de quarto conveniente. Randal era uma musa, um ponto focal na vida desordenada de Matt. A atração de Randal por Matt cresceu, alimentada pela prova de que Matt sentia algo significativo por ele. “Eu queria ouvir,” Randal disse, a voz quase inaudível. Matt balançou a cabeça. “Não. Ainda não. É um segredo. É a minha prova de que eu ainda posso amar a música, mas apenas a minha.” Matt se virou no banco, ficando de frente para Randal. Matt pegou a mão de Randal novamente e a apertou. A proximidade era intensa. “Você é o único que me entende, Randal. Você vê o absurdo, mas não me julga por ele,” Matt disse. Matt estava usando Randal como um espelho, procurando validação na admiração de Randal. Randal sentiu que era o momento certo. A vulnerabilidade de Matt era um presente fugaz, e Randal precisava ser honesto. “Eu me importo com você, Matt. Eu me importo de verdade,” Randal confessou. Randal queria dizer que amava Matt, mas Randal conteve a palavra. Matt estava frágil demais para a totalidade dos sentimentos de Randal. “Eu sei que você se importa. Você limpa o meu lixo. Você me escuta,” Matt disse, a voz de Matt estava ficando um pouco mais lenta, os efeitos da substância estavam começando a estabilizar a euforia, mas ainda mantinham Matt aberto. “Não é só por isso. Eu sinto uma atração intensa por você, Matt. É mais do que a física. É a pessoa que você é quando consegue ser você mesmo, mesmo que seja por causa disso,” Randal admitiu, apontando para Matt de forma geral. Randal sabia que estava sendo desonesto ao omitir a profundidade do seu amor, mas Matt precisava de passos pequenos. Matt sorriu, a expressão dele era de satisfação. Matt gostava de ser desejado, especialmente por alguém que o via de verdade. “Eu também sinto atração por você, Randal. Você é sólido. Você é a única coisa sólida na minha vida,” Matt disse. Matt tocou o rosto de Randal novamente, o polegar dele traçando a linha do maxilar de Randal. Randal fechou os olhos brevemente. A honestidade de Matt era intoxicante. Randal sabia que estava se aproveitando do estado alterado de Matt. Matt estava confuso, vulnerável, e Randal estava usando isso para obter a intimidade que desejava. Era uma linha ética perigosa. Randal sentia uma pontada de culpa, mas a necessidade de estar perto do Matt aberto era mais forte. “Você me deixa ser honesto, Randal. Eu não consigo ser honesto com mais ninguém. Se eu estou sóbrio, eu tenho que construir a parede. Se eu estou assim, a parede cai,” Matt explicou. Matt estava articulando a verdade de sua autossabotagem. Randal abriu os olhos e olhou para Matt. “Eu quero que você consiga ser honesto sem precisar disso, Matt. É isso que eu quero.” Matt balançou a cabeça. “É difícil. Você não sabe como é barulhenta a minha cabeça. O absurdo, o Sisifo rolando a pedra. É ensurdecedor.” Matt estava se apegando a Randal, procurando refúgio na estabilidade que Randal representava. “Eu não estou desperdiçando esse momento, Randal. Eu sei que isso não é a sua ‘sobriedade de vinte e quatro horas’,” Matt disse, um toque de ironia na voz. “Mas a gente tem uma conexão. A gente não deveria desperdiçar isso.” Randal entendeu a implicação. Matt queria levar a intimidade adiante. Matt estava oferecendo a Randal a chance de aprofundar a conexão física e emocional, impulsionada pela vulnerabilidade química. “O que você quer dizer?” Randal perguntou, embora Randal soubesse exatamente o que Matt queria. “Vamos voltar para o apartamento,” Matt sugeriu. Matt olhou em volta, como se quisesse fugir do parque. “Podemos continuar o nosso ‘dia normal’ de forma mais confortável.” Randal sentiu um breve momento de hesitação. O plano original era manter Matt em um ambiente neutro, focado na literatura e na tese. Voltar para o apartamento significava entrar no território do caos, e mais importante, significava que Randal estava priorizando a conexão física e emocional em detrimento da sobriedade de Matt. Randal estava aceitando que a intimidade seria impulsionada pelo estado alterado de Matt. Randal sabia que isso era errado, que ele deveria estar forçando Matt a ser responsável, mas a perspectiva de ter o Matt aberto e carinhoso era forte demais. Randal pensou na sua luta, o desejo de conquistar o Matt lúcido. Mas o Matt que estava ali era o mais próximo da honestidade que Randal já tinha chegado. Randal percebeu que a luta não era sobre a sobriedade imediata, mas sobre a construção de confiança. Se Matt confiava em Randal o suficiente para se abrir, Randal precisava recompensar essa confiança. “Tudo bem. Vamos voltar,” Randal concordou, a voz dele estava mais firme do que Randal esperava. Randal sentia o peso da decisão. Randal estava cedendo ao desejo, aceitando a versão de Matt que estava disponível, mesmo que fosse uma versão instável. Randal se levantou do banco. Matt se levantou também, sorrindo amplamente. Matt parecia revigorado com a perspectiva. Matt colocou o braço em volta da cintura de Randal enquanto eles começaram a caminhar de volta para o apartamento. O toque de Matt era um selo, a confirmação do acordo tácito de intimidade que eles haviam feito. Randal sentiu o corpo de Matt encostado no seu. Randal estava ciente do risco, mas a proximidade com o Matt vulnerável era um prêmio que Randal não conseguia recusar. Randal caminhou ao lado de Matt, a sombra da culpa misturada com a euforia da conexão. Randal estava se aprofundando no caos de Matt, mas Matt estava puxando Randal para perto. Randal estava pronto para o que viesse a seguir.

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