Capítulo 8: O Início da Ilusão
Mello estava paralisado, olhando para Amora. Seu corpo estava se preparando para a dor da transformação, mas sua mente estava em choque com a velocidade dos acontecimentos. Em poucas horas, ele havia cedido à ditadura, e a ditadura havia sido brutalmente decapitada.
“O ritual, Amora. Precisamos começar o ritual. Imediatamente,” Mello disse, forçando-se a pensar. A única forma de sobreviver ao caos era dar ao conselho o que eles queriam: um herdeiro.
“Sim, mas você precisa de Snow,” Amora lembrou, sua voz baixa. “Você precisa da ‘semente’. E se ele estiver envolvido na morte de Draven? Se ele for o verdadeiro manipulador?”
Mello fechou os olhos, sentindo o peso da traição e da urgência.
“Nyon é o culpado, por enquanto,” Mello disse, a voz cheia de uma nova e amarga determinação. “E Snow é meu único aliado para o ritual. Precisamos de Snow. Se ele estiver envolvido, descobriremos depois. Agora, a única prioridade é a sucessão. O reino não pode cair no caos. Vá. Descubra o que está acontecendo no conselho. Eu vou começar os preparativos.”
Amora assentiu, sua resignação voltando, misturada com o terror.
“Tome cuidado, Mello. A ameaça de Draven era visível. A ameaça que o matou pode não ser.”
Mello concordou rigidamente.
Amora se virou para a porta.
“Eu vou começar a preparar os ingredientes para a transformação inicial. E vou usar minha influência no conselho para garantir que Snow seja liberado sob custódia, como ‘assistente pessoal’ do Príncipe Mello. Eu direi que ele estava aqui, preso por engano. Ninguém pode saber que ele estava no Salão Principal.”
Amora destrancou a porta e saiu apressadamente, desaparecendo no corredor. O som da porta se fechando e trancando novamente reverberou na sala, mas desta vez, a sensação de confinamento era menos sufocante; era um isolamento necessário.
Mello estava sozinho, a mente um turbilhão. A morte de Draven era um vácuo de poder que precisava ser preenchido, e a urgência do conselho se tornaria histeria em breve. Ele não podia perder tempo especulando sobre a lealdade de Snow; ele precisava de Snow para sobreviver.
Ele se moveu para a mesa onde o grimório estava. A superfície estava coberta de pergaminhos e tinturas que Amora havia deixado. A primeira fase do ritual era sobre a preparação, a alquimia do corpo. Mello precisava se imergir totalmente na magia, ignorando a política por algumas horas cruciais. Ele tirou o manto da estante, acendeu as velas que Amora havia posicionado e começou a ler os primeiros encantamentos que preparariam sua pele e seus órgãos para a transformação. A linguagem mágica era antiga e exigia uma concentração profunda, um desvio de atenção bem-vindo do cenário político.
***
Amora retornou ao Salão Principal, que agora estava em um estado de pandemônio controlado. Os guardas haviam isolado o corpo de Draven. Os membros do conselho estavam reunidos em pequenos grupos, sussurrando com expressões de terror e desespero. A morte brutal do Tenente, que se apresentava como a única solução militar, havia quebrado qualquer fachada de ordem.
A Conselheira Elara estava liderando um grupo de magos, exigindo uma investigação imediata e a prisão de todos os suspeitos.
Amora, com uma determinação fria que Mello não teria visto em seus aposentos, marchou até a mesa principal, ignorando o sangue que ainda manchava o mármore.
“A histeria não servirá ao reino,” Amora declarou, sua voz projetada magicamente para cortar o ruído. Ela havia perdido um inimigo previsível, mas ganhado uma oportunidade de ouro.
Todos os olhos se voltaram para ela.
“O Tenente Draven, que propôs a regência militar, está morto. O assassino está sob custódia. Mas o problema estrutural do reino permanece,” Amora continuou, com a postura impecável de uma líder em crise. “A sucessão está ameaçada, a Princesa Emma está morrendo, e o caos é iminente. Não podemos nos dar ao luxo de esperar por nove meses de investigação.”
Lorde Corwin, que estava fingindo indignação controlada, assentiu vigorosamente com a cabeça.
“Amora está certa! Precisamos de ação imediata!” Corwin gritou, usando o medo como alavanca. “A ausência de um líder forte agora abrirá as portas para a guerra civil ou para a invasão estrangeira!”
Elara, ainda chocada, tentou argumentar: “Mas a regência! O Príncipe Mello precisa de proteção, e a investigação…”
“A investigação será conduzida,” Amora interrompeu com autoridade. “Mas a prioridade é o Príncipe Mello e a sucessão. O Príncipe Mello concordou em se submeter ao tratamento mágico de cura para garantir um herdeiro. Se o processo for interrompido, ele pode morrer. E se ele morrer, o trono fica vazio, e a guerra civil é garantida.”
Amora estava usando a vulnerabilidade de Mello e a ameaça de morte como escudos. Ela apresentou a solução de Draven (a reclusão) como se fosse a única exigência de Mello.
“O Príncipe Mello precisa de uma reclusão total. E precisa de garantias de que o conselho não tentará forçar um casamento ou declarar o trono vago enquanto ele se submete ao ritual,” Amora exigiu, olhando para Elara.
A ideia de um trono vazio era mais aterrorizante para o conselho do que um príncipe fazendo magia proibida.
“O que você propõe, Amora?” perguntou um dos conselheiros, sua voz trêmula.
“Proponho um decreto de emergência,” Amora respondeu, puxando um pergaminho que ela havia preparado apressadamente no caminho. “O conselho deve votar imediatamente para garantir a reclusão e a proteção do Príncipe Mello. Ele deve ser isolado no Castelo por nove meses, sob o pretexto de ‘cura’ e ‘preparação’. Isto garante que ele possa se concentrar no ritual, e que o reino tenha tempo para se estabilizar.”
“E quem governará?” Elara perguntou com suspeita.
“O conselho governará coletivamente durante os nove meses, supervisionado pela Princesa Emma, que estará em ‘convalescença’ nos seus aposentos, agindo como nossa âncora legal,” Amora explicou. Ela estava transferindo o poder para o próprio conselho, o que era mais palatável do que um militar.
A proposta de Amora era um mestre de manipulação: ela estava garantindo que Mello ficasse isolado para o ritual, enquanto neutralizava o conselho com a responsabilidade compartilhada do governo. O medo fez com que eles cedessem.
A votação foi rápida. Com Draven morto e o medo da guerra civil iminente, o decreto foi aprovado com ampla maioria. Mello teria sua reclusão imediata, e o reino seria governado por um conselho hesitante.
***
Com o decreto aprovado, Amora passou para o segundo ponto urgente: a liberação de Snow.
Ela encontrou Snow em uma câmara lateral, algemado, sendo interrogado por dois guardas assustados. Ele estava sentado, completamente calmo, sua expressão vazia. O assassino Nyon estava em outra sala, gritando por um advogado.
Amora dispensou os guardas com a autoridade do novo decreto.
“O Príncipe Mello exige seu assistente pessoal,” ela declarou. “O conselho aprovou sua reclusão, e o Príncipe precisa de seu guardião de confiança.”
Os guardas hesitaram. “Mas ele é uma testemunha crucial do assassinato do Tenente Draven, Conselheira.”
“Ele não é apenas uma testemunha, ele é o único amigo do Príncipe, e o Príncipe Mello estava trancado em seus aposentos,” Amora rebateu. “O Príncipe Mello está em um estado emocional frágil. Ele precisa de Snow. E, francamente, o Tenente Draven não é mais nossa prioridade. A prioridade é a sucessão. Snow será colocado sob custódia do Príncipe Mello, com a condição de que ele não saia dos aposentos até o fim do tratamento.”
A palavra “sucessão” era mágica. Os guardas, aliviados por se livrarem da responsabilidade de Snow, concordaram relutantemente.
Amora liberou as algemas de Snow. Assim que o metal caiu no chão, a frieza de Snow se intensificou. Ele se virou para Amora.
“Você agiu rápido,” Snow disse, sua voz baixa e sem emoção.
“A morte de Draven foi conveniente. Conveniente demais,” Amora respondeu, encarando-o. Ela não podia acusá-lo abertamente, mas precisava testá-lo. “O soldado Nyon está sendo responsabilizado. Mas você estava lá, Snow. Eu vi a sua expressão.”
Snow não vacilou. Seus olhos azuis eram como gelo.
“Eu estava lá, sim. E testemunhei um assassinato chocante,” Snow disse, sua voz firme. “O choque foi o que me congelou, Amora. Você me viu sair dos aposentos de Mello, não viu? Eu estava indo atrás de Draven, para tentar pará-lo antes que ele assumisse a regência, mas cheguei tarde demais. Nyon agiu antes de mim. E Mello estava trancado por segurança, enquanto eu avaliava a situação. Eu precisava garantir que ele estivesse isolado.”
A explicação era plausível, mas a falta de qualquer calor ou pânico em sua voz era aterrorizante.
“Mello precisa de você. Não apenas para a ‘semente’, mas para o seu estado mental. Não o decepcione,” Amora avisou. “Ele já suspeita de você. Não aumente essa suspeita.”
“Eu nunca o trairia,” Snow disse, mas a frase, dita com tanta frieza, não soou como uma promessa de lealdade, mas como uma declaração de intenção. “Vou para os aposentos dele. O ritual precisa começar.”
Amora observou Snow sair. Ela estava com medo. A morte de Draven havia sido um presente para o plano, mas a pessoa que o havia orquestrado, ou que havia se beneficiado dela com tanta calma, era mais perigosa do que o próprio Draven.
***
Mello estava no meio da sala, recitando o primeiro encantamento, suas mãos se movendo sobre um mapa astral desenhado no chão com giz mágico. A fumaça das ervas medicinais estava enchendo o ar, e a concentração estava começando a aliviar a dor de cabeça.
A porta se abriu de repente, e Snow entrou, fechando-a e trancando-a com um movimento rápido.
Mello interrompeu o encantamento, a fumaça se dissipando ao seu redor. Ele viu que Snow não estava mais algemado, mas a tensão em sua postura era palpável.
“Snow!” Mello disse, caminhando rapidamente até ele, o alívio de vê-lo superando a desconfiança. “Você está bem? Amora disse que você estava detido.”
Snow deu um passo para trás, como se a proximidade de Mello fosse desconfortável.
“Eu estou bem. Amora me liberou,” Snow respondeu, sua voz baixa. Ele estava evitando o olhar de Mello.
Mello parou. A frieza estava de volta, ainda mais intensa agora que Draven estava morto e não havia mais a ameaça do Tenente para justificar o medo.
“O que aconteceu lá?” Mello perguntou, a voz tensa. Ele não podia mais ignorar. “O que aconteceu com Draven? E por que você me trancou no banheiro?”
Snow suspirou, um som forçado. Ele parecia estar escolhendo as palavras com extremo cuidado.
“Eu tranco a porta porque você estava emocionalmente abalado e eu precisava ir ao Salão Principal. Eu te disse, Mello, Draven estava prestes a tomar o reino. Eu precisava ver o que estava acontecendo, mas eu não podia te expor ao risco,” Snow explicou, sua voz mantendo um tom de lógica inabalável. “E o choque de Draven ter me confrontado sobre a minha lealdade... sim, me afetou. Eu não sou um guerreiro político, Mello. Eu sou seu amigo. Ver Draven tentar nos quebrar... me fez perceber a urgência de te proteger. Eu precisava de um momento de clareza, para entender como eu te protegeria melhor.”
“Mas você estava lá. Amora disse que você estava no Salão Principal,” Mello insistiu, cruzando os braços. A suspeita era um peso pesado em seu peito. “E Draven foi morto por um dardo. Um dardo envenenado. Um soldado que você conhecia, Nyon.”
Snow finalmente olhou para Mello, e seus olhos estavam cheios de uma dor contida, mas Mello notou que era uma dor ensaiada.
“Sim, eu estava lá. Eu vi Nyon. Ele agiu por desespero, Mello. Draven o humilhava constantemente,” Snow disse, aproximando-se lentamente. Ele colocou a mão no ombro de Mello. Desta vez, o toque não era possessivo, mas cuidadosamente reconfortante. “Eu estava a caminho para tentar impedir Draven de consolidar a regência, para tentar alertar o conselho sobre sua ambição, mas Nyon chegou antes. Eu não o matei, Mello. Por que eu faria isso? Draven estava nos protegendo, mesmo que temporariamente, com o pretexto da regência.”
“Ele estava tramando contra nós, Snow!” Mello rebateu.
“Ele estava. Mas a regência dele nos dava tempo e segurança. Agora, o conselho está em pânico, e você está mais exposto,” Snow disse. Ele esfregou o ombro de Mello com o polegar. “Você está exausto, Mello. Eu entendo que você desconfie. Draven fez um bom trabalho plantando a semente da dúvida. Mas eu sou seu amigo. Eu me voluntariei para isso. Eu te trancaria para te proteger, sim. Eu não te trairia.”
A honestidade nos olhos de Snow era quase insuportável. Mello queria desesperadamente acreditar nele. A alternativa – que seu único amigo fosse um assassino calculista que o estava manipulando para um ritual de gestação forçada – era muito sombria para ser contemplada.
Mello suspirou, a exaustão vencendo a lógica. Ele estava no limite, e a ideia de lutar contra Snow era impensável.
“Eu quero acreditar em você,” Mello disse, sua voz baixa. “Eu preciso acreditar em você, Snow. Eu não tenho mais ninguém. Mas se você estiver mentindo, Snow…”
“Eu não estou,” Snow garantiu, sua expressão se suavizando um pouco. “Apenas confie em mim. O choque e o estresse estão nublando seu julgamento. Vamos focar no ritual. Amora já deve ter voltado para o conselho, e a pressão vai aumentar.”
Mello cedeu. Ele se afastou de Snow e voltou para o mapa astral.
“Tudo bem. Draven está morto. Nyon é o culpado. Você estava lá por choque. A porta foi trancada por segurança,” Mello disse, repetindo as explicações como um mantra. “Agora, o conselho deve ter aprovado a reclusão. Temos que começar.”
No momento em que Mello terminou a frase, houve três batidas rápidas e urgentes na porta.
Snow se moveu para abrir. Era Amora.
Ela entrou apressadamente, seus olhos varrendo a sala e avaliando a interação entre os dois. Ela parecia aliviada ao ver que Mello havia aceitado a presença de Snow.
“O conselho aprovou a reclusão,” Amora anunciou, fechando a porta. “Você está sob custódia oficial do reino, Mello. E Snow é seu assistente pessoal e guardião. Ninguém pode entrar sem a minha permissão ou a sua.”
“Ótimo,” Mello respondeu, o alívio tingido de urgência. “Então vamos começar. Precisamos de um herdeiro antes que o conselho mude de ideia e declare o trono vago.”
Amora assentiu. Ela se aproximou da mesa, espalhando os pergaminhos e tinturas. O ambiente mudou, tornando-se mais solene. O momento para a política havia acabado; o momento para a magia havia chegado.
“O ritual se divide em três fases críticas,” Amora começou, sua voz recuperando o tom didático e preciso da maga. Ela não estava mais em pânico. “É chamado de Transmutação de Gênero Temporário e Concepção Mágica. É uma magia antiga e perigosa, mas a única que pode gerar um herdeiro real sem casamento.”
Mello e Snow ficaram lado a lado, ambos olhando para Amora. Mello sentiu a proximidade de Snow, e por um momento, a sensação de confiança retornou, impulsionada pela necessidade mútua.
“A primeira fase é a mais excruciante fisicamente para você, Mello,” Amora explicou, olhando diretamente para o Príncipe. “É a fase da ‘Ilusão’.”
Amora apontou para o mapa astral no chão e os símbolos que Mello havia começado a recitar.
“Seu corpo é masculino. Para abrigar e nutrir uma criança, precisamos de um sistema de suporte compatível com a vida uterina. Esta fase é a criação de um sistema frágil, uma casca mágica no seu interior, que funcionará como um útero temporário. Não é um útero biológico. É uma construção mágica, um sistema de nutrir a vida através de sua própria essência vital.”
Mello engoliu em seco. “E a dor?”
“Será intensa. A magia precisa remodelar temporariamente a forma como sua energia flui, concentrando-a para criar essa câmara de gestação,” Amora respondeu com brutal honestidade. “A dor será constante por cerca de três dias, a duração da primeira fase. Você precisará se manter consciente e recitar os encantamentos para estabilizar a Ilusão, ou o sistema entrará em colapso, o que pode causar hemorragia interna mágica e morte.”
Snow colocou a mão nas costas de Mello, um gesto silencioso de apoio. Mello sentiu um arrepio, não de medo, mas de resignação.
“Snow terá um papel crucial aqui,” Amora interveio, olhando para o amigo. “Seu trabalho é puramente de apoio, Mello. Você precisa se concentrar na magia e na dor. Snow será seu enfermeiro, seu guardião, sua âncora. Ele aplicará as pomadas de ervas para evitar que a magia queime sua pele, e garantirá que você se hidrate. Ele não pode interferir no processo mágico, mas sua presença será vital para manter sua sanidade.”
Snow assentiu, sua expressão tensa, mas determinada. “Eu farei o que for preciso.”
“Três dias de dor e concentração. Isso é a primeira fase,” Amora concluiu. “Se você sobreviver à Ilusão, passamos para a segunda fase: a ‘Concepção Forçada’.”
A menção à Concepção Forçada fez Mello se encolher ligeiramente. Era o cerne do ritual, o ponto de não retorno.
“A segunda fase é mais rápida, mas mais perigosa para a saúde do herdeiro,” Amora continuou. “O sistema de Ilusão que você criou é um útero, mas não possui óvulos. A magia criará, em um momento único de pico de energia, um óvulo viável, utilizando a sua própria essência mágica como base. Este óvulo será magicamente posicionado dentro da câmara de gestação.”
Amora pegou um pequeno frasco de vidro contendo um líquido turvo.
“Neste mesmo momento, Mello, Snow precisa fornecer a ‘semente’. O esperma precisa ser fresco e potente. O ato de união deve ser imediato após a criação do óvulo. Não há tempo para meios artificiais, pois o óvulo mágico é extremamente volátil e só permanecerá viável por poucos minutos.”
Amora pausou, deixando a implicação da “união imediata” pairar no ar. Mello sentiu o rosto esquentar, mas a urgência superava a vergonha.
“E se não for imediato?” Mello perguntou.
“O óvulo se desintegra. E o risco para o seu corpo é imenso, Mello,” Amora disse. “A magia de transmutação falha, e o sistema de Ilusão desmorona. Quase certeza de morte.”
Snow se moveu, colocando-se ligeiramente à frente de Mello, como se estivesse protegendo-o de Amora.
“Eu estarei pronto,” Snow afirmou, a voz firme. “Quando Mello estiver pronto para o pico de energia, eu estarei lá.”
Amora acenou com a cabeça. “A concepção em si é um evento rápido, mas a carga mágica que você e Snow vão experimentar será a maior. Você estará, literalmente, forçando a natureza, Mello. Seus corpos serão veículos de uma magia poderosa e instável.”
“E se não for compatível? A união da minha essência mágica e a essência de Snow?” Mello perguntou.
“Aí reside o risco de marcas mágicas,” Amora explicou. “O bebê nascerá com um brilho, ou uma marca que o conselho pode reconhecer como ‘não natural’. É um risco que temos que aceitar. Mas o bebê será seu, Mello, e terá o sangue real. Isso é o que importa.”
A terceira fase parecia quase um alívio após a descrição das duas primeiras.
“A terceira fase é a Gestação,” Amora disse. “Nove meses de reclusão. O útero mágico é frágil, e você terá que manter a concentração para nutrir o bebê. Qualquer estresse físico ou emocional pode causar o colapso da Ilusão. Por isso a regência e o isolamento são vitais.”
Amora olhou para Mello, seus olhos sérios. “Você sentirá todos os sintomas de uma gestação normal, Mello. Mas a dor do ‘parto’ será a mais arriscada. O colapso do sistema de Ilusão pode ser fatal, e a chance de você não sobreviver é de 40%.”
O silêncio na sala era denso. Mello pensou em Emma, que tinha que enfrentar sua própria doença terminal, e em como a sua dor se comparava à dela. Ele estava fazendo isso por ela, pelo reino, e por sua própria liberdade.
Mello olhou para Snow. O amigo estava pálido, mas sua determinação não havia vacilado.
“Eu não vou desistir,” Mello disse, sua voz firme. “Eu não vou me casar. Não vou deixar o reino cair nas mãos do caos. Eu farei isso.”
Snow colocou a mão no braço de Mello e apertou-o. Seus olhos se encontraram, e Mello viu uma profundidade de lealdade que o fez ignorar a frieza anterior.
“Eu estarei com você em cada etapa, Mello,” Snow prometeu. “Eu não vou te deixar.”
Amora observou os dois, um leve sorriso de aprovação surgindo em seus lábios.
“Então, vamos começar com a primeira fase,” Amora disse, apontando para o grimório. “Mello, você precisa recitar o encantamento de Início de Ilusão. Snow, você precisa começar a misturar as ervas de proteção para a pele de Mello. A dor está prestes a começar.”
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