# Capítulo 4: Sombras de Conspiração A luz da manhã filtrou pelas cortinas dos aposentos de Mello, iluminando os padrões de poeira que flutuavam no ar. Ele ainda estava na janela, olhando para o jardim abaixo, quando ouviu o som familiar do painel deslizando novamente. Emma. Ele se virou, esperando vê-la emergir da passagem secreta, talvez tendo esquecido algo. Mas a figura que apareceu não estava usando o roupão branco de ontem à noite. Emma estava vestida, seu cabelo preso em um coque simples, e carregava algo sob o braço. "Emma?" Mello franziu a testa. "Você deveria estar descansando." "Eu descansei." Ela entrou no quarto, fechando o painel atrás de si com cuidado. Seus olhos percorreram o espaço, verificando cada canto, cada sombra. "Você está sozinho?" "Obviamente." Mello gesticulou para o quarto vazio. "Ainda estou trancado aqui, lembra?" Emma assentiu, mas não pareceu totalmente tranquila. Ela caminhou até a porta principal e pressionou o ouvido contra a madeira, escutando. Depois de um momento, satisfeita de que ninguém estava do outro lado, ela finalmente relaxou ligeiramente. "O que está acontecendo?" Mello perguntou, observando o comportamento estranho de sua irmã. Emma colocou o que estava carregando sobre a mesa. Era um embrulho de tecido escuro. Ela o desdobrou cuidadosamente, revelando vários documentos, alguns amarelados pelo tempo, outros claramente recentes. "Durante a noite," ela começou, sua voz baixa, "recebi uma visita. Lorde Corwin, você se lembra dele?" Mello assentiu. Corwin era um dos nobres mais velhos da corte, um homem que tinha servido seu pai fielmente por décadas. Após a morte do rei, ele havia se retirado parcialmente da vida política, citando sua idade avançada. "Ele veio aos meus aposentos às duas da manhã," Emma continuou. "Disse que tinha algo urgente para me mostrar, algo que não poderia esperar até a luz do dia." Ela pegou um dos documentos mais recentes e o estendeu para Mello. Era uma ordem militar, assinada pelo tenente, autorizando o movimento de tropas da fronteira sul para posições mais próximas da capital. "Isso não é incomum," Mello disse, embora seu coração tivesse começado a bater mais rápido. "Com a crise sucessória, faz sentido reforçar a segurança da capital." "Continue lendo," Emma instruiu. Mello examinou o documento mais de perto. A data era de três semanas atrás, pouco depois da morte de seus pais. Mas o que chamou sua atenção foi uma nota manuscrita na margem: *Aguardar sinal para segunda fase.* "Segunda fase de quê?" ele perguntou. "Exatamente a pergunta que Lorde Corwin fez quando encontrou isso entre os papéis do tenente." Emma pegou outro documento. "Este é um relatório de uma reunião secreta que aconteceu há dez dias. O tenente se encontrou com comandantes militares de quatro das cinco regiões do reino." Mello pegou o relatório. Era escrito em código, mas alguém havia adicionado traduções nas margens. Palavras como "transição de poder," "estabilidade forçada," e "solução militar" saltavam da página. "Onde Corwin conseguiu isso?" "Ele tem suas próprias fontes." Emma começou a organizar os outros documentos. "Mello, ele não é o único que está preocupado. Vários nobres mais velhos, aqueles que realmente eram leais a nosso pai, têm notado comportamentos estranhos. Reuniões secretas. Ordens militares que não fazem sentido. E sempre, sempre, o tenente está no centro." Mello sentiu seu estômago apertar. Ele pensou em todas as conversas que tinha tido com o tenente, todas as vezes que o homem havia oferecido conselho ou apoio. Havia sempre algo levemente desconfortável nessas interações, uma sensação de que o tenente estava estudando-o mais do que ajudando-o. "Você acha que ele está planejando um golpe?" "Eu acho que ele está se preparando para várias possibilidades," Emma disse cuidadosamente. "Se você se casar e gerar um herdeiro, ele perde sua oportunidade. Mas se você falhar, se os trinta dias passarem sem solução..." "Ele pode argumentar que o reino precisa de liderança militar para manter a estabilidade," Mello completou, sentindo-se doente. Emma assentiu. "E com tropas já posicionadas perto da capital, ele teria os meios para fazer cumprir essa liderança." Mello olhou novamente para os documentos espalhados na mesa. Havia tantos, tantas evidências de maquinações acontecendo nas sombras enquanto ele estava distraído com a crise sucessória. "Por que Corwin veio até você e não até mim?" "Porque você trancou sua porta e recusou visitantes," Emma apontou. "E porque ele sabe que estou... que meu tempo é limitado. Ele pensou que eu poderia processar a informação sem pânico e decidir a melhor forma de te informar." "Inteligente da parte dele." Mello começou a andar pelo quarto, sua mente processando rapidamente. "Precisamos contar ao conselho." "O tenente tem aliados no conselho," Emma o lembrou. "Alderon, por exemplo, sempre foi favorável a soluções militares para problemas políticos." "Então o que fazemos?" "Primeiro, precisamos de mais informações. Segundo, precisamos de aliados em quem possamos confiar completamente." Emma hesitou. "Eu já dei um passo nessa direção. Enviei uma mensagem para Amora esta manhã, pedindo que viesse aqui discretamente." "Amora? Por quê?" "Porque ela é uma das pessoas mais inteligentes e observadoras do reino. Se há algo acontecendo que compromete a estabilidade mágica e política, ela saberia." Emma olhou para a porta. "Ela deve chegar a qualquer momento." Como se invocada pelas palavras de Emma, uma batida suave soou na porta. Mello e Emma trocaram olhares. Mello caminhou até a porta, destrancando-a cuidadosamente. Do outro lado estava Amora, vestida em seu habitual roxo profundo, seu rosto sereno mas seus olhos alertas. "Posso entrar?" Mello abriu a porta mais amplamente, verificando o corredor antes de deixá-la passar. Estava vazio. Ele fechou e trancou a porta novamente. Amora olhou da mesa coberta de documentos para Emma, depois para Mello. "Sua mensagem disse que era urgente." "É." Emma gesticulou para os papéis. "Lorde Corwin nos trouxe evidências de que o tenente pode estar planejando uma tomada de poder militar." Amora caminhou até a mesa, seus olhos percorrendo os documentos. Ela não pareceu surpresa. Na verdade, sua expressão era mais de confirmação do que choque. "Você já sabia," Mello percebeu. "Eu suspeitava." Amora pegou um dos relatórios, estudando-o. "Nos últimos quinze dias, tenho observado padrões estranhos. O tenente se ausentava das sessões do conselho em horários específicos. Quando eu o seguia discretamente, ele sempre ia para reuniões com oficiais militares." "Você o seguiu?" Emma parecia impressionada. "Eu sou uma maga, querida. Tenho meus métodos." Amora colocou o relatório de volta. "Mas nunca tive evidências concretas até agora. Apenas... observações e suspeitas." Ela caminhou até a janela, olhando para fora com expressão pensativa. "Há exatamente doze dias, testemunhei uma reunião particularmente interessante. O tenente se encontrou com o Comandante Thorne da guarda norte, a Comandante Iris da cavalaria leste, e três outros oficiais de alto escalão." "Onde?" Mello perguntou. "Nas antigas barracas de treinamento, aquelas que foram abandonadas há cinco anos quando construíram as novas instalações. Eles pensavam que ninguém os veria lá." Amora virou-se para encará-los. "Eu usei magia para ouvir parte da conversa." "E o que eles disseram?" Emma pressionou. "Falaram sobre cenários." Amora começou a enumerar nos dedos. "Cenário um: o príncipe se casa e gera um herdeiro. Neste caso, o tenente perde qualquer justificativa para intervenção militar. Cenário dois: o príncipe se recusa a casar e os trinta dias expiram. O trono é declarado vago, e o tenente argumenta que apenas liderança militar pode prevenir caos." "E o terceiro cenário?" Mello sentiu um frio percorrer sua espinha. "O príncipe tenta encontrar uma solução alternativa que o conselho não aceita." Amora o olhou diretamente. "Neste caso, o tenente argumenta que o príncipe é instável e incapaz de governar, e mais uma vez intervém." O silêncio caiu sobre o quarto. Mello sentiu como se o chão estivesse desmoronando sob seus pés. Não importava o que ele fizesse, o tenente tinha um plano. "Há mais," Amora continuou, sua voz mais suave agora. "O tenente tem trabalhado ativamente para manipular a narrativa da crise sucessória. Ele espalha rumores entre os militares de que você é jovem demais, inexperiente demais. Que o reino precisa de uma mão firme, não de um menino assustado." "Eu não sou um menino," Mello disse, sua voz tensa. "Eu sei disso. Emma sabe disso. Mas percepção é poder, e o tenente é um mestre em moldar percepções." Amora caminhou de volta para a mesa. "Ele também tem sido estratégico em quem ele influencia. Não os nobres leais à sua família, não os magos do conselho que valorizam tradição. Ele foca nos comandantes militares, nos jovens oficiais ambiciosos, naqueles que veem a crise como uma oportunidade." Emma se sentou pesadamente em uma cadeira. "Então estamos cercados. Não importa o que Mello faça, o tenente tem uma resposta." "Não necessariamente," Amora disse pensativamente. "O tenente está preparado para os cenários óbvios. Mas e se apresentarmos algo que ele não previu?" Mello entendeu imediatamente o que ela estava sugerindo. "O ritual. Se eu passar pela transformação e gerar um herdeiro sem casamento, sem a aprovação do conselho..." "O tenente ficaria em uma posição impossível," Amora completou. "Ele não pode argumentar que você falhou em garantir a sucessão, porque há um herdeiro. Ele não pode dizer que você cedeu à manipulação do conselho, porque você agiu independentemente. E ele não pode alegar que você é instável, porque você terá tomado uma decisão calculada e corajosa." "Mas arriscada," Emma adicionou. "Se o conselho descobrir a magia envolvida..." "Eles não descobrirão," Amora disse com confiança. "Não se formos cuidadosos. Não se mantivermos o círculo de pessoas que sabem extremamente pequeno." Mello olhou entre as duas mulheres. "Quantas pessoas precisariam saber?" "Eu, para realizar o ritual e monitorar sua saúde durante a gestação," Amora começou a contar. "Emma, porque ela já sabe e pode ajudar a manter as aparências. E..." ela hesitou. "Quem quer que forneça a contribuição necessária para o ritual." O quarto ficou silencioso novamente. Mello pensou em Snow, em sua oferta de ajudar. Mas isso era antes de saberem sobre a conspiração do tenente. Como tudo isso mudava a situação? "Há outra pessoa que precisa saber," Emma disse suavemente. "Snow." Mello olhou para ela, surpreso. "Por quê?" "Porque você confia nele completamente. Porque ele ofereceu ajuda. E porque..." Emma hesitou. "Porque vocês precisarão decidir juntos se ele está disposto a participar do ritual." "Não," Mello disse imediatamente. "Não vou envolvê-lo nisso. Não com o tenente tramando. É perigoso demais." "É exatamente por causa do tenente que você precisa envolvê-lo," Amora contra-argumentou. "Snow é um dos poucos aliados que você tem que está fora da teia de influência do tenente. Ele é leal a você, não à estrutura de poder militar." "Mas ele ainda é parte do exército," Mello protestou. "Ele reporta ao tenente." "Tecnicamente, sim. Mas pessoalmente? Snow tem mais lealdade a você do que a qualquer superior." Emma se levantou. "Mello, você precisa de aliados. Aliados verdadeiros que saibam toda a verdade e possam ajudá-lo a navegar isso." Mello começou a protestar novamente, mas Amora o interrompeu. "Se você vai considerar o ritual, Snow precisa estar envolvido de qualquer forma. É melhor que ele saiba sobre a conspiração do tenente também, para que possa estar alerta a qualquer perigo." Mello sabia que elas estavam certas, mas cada fibra de seu ser resistia à ideia de colocar Snow em risco. Seu melhor amigo, talvez a única pessoa além de Emma em quem confiava completamente. Como ele poderia arrastá-lo para algo tão perigoso? "Vou chamá-lo," Emma disse, tomando a decisão por ele. Ela caminhou até a porta, destrancando-a e abrindo apenas uma fenda. Um servo estava passando no corredor. "Você, encontre o Tenente Snow e diga que a Princesa Emma solicita sua presença imediata nos aposentos do Príncipe Mello. Discretamente." "Sim, Vossa Alteza." O servo se apressou corredor abaixo. Emma fechou a porta e se apoiou contra ela. "Ele estará aqui em breve." Mello sentiu seu coração acelerar. Como ele explicaria tudo isso para Snow? Como ele sequer começaria a descrever a conspiração do tenente, a proposta de Amora, a decisão impossível que enfrentava? Amora começou a organizar os documentos na mesa, criando ordem do caos. "Quando Snow chegar, precisamos ser diretos. Não há tempo para sutilezas. Ele precisa saber tudo." "Tudo?" Mello repetiu, sua voz fraca. "Sobre o tenente, sim. Sobre o ritual..." Amora olhou para ele. "Isso é sua decisão compartilhar ou não." Os minutos que se seguiram pareceram horas. Mello andava pelo quarto, incapaz de ficar parado. Emma se sentou novamente, conservando sua energia limitada. Amora permaneceu perto da mesa, estudando os documentos com olhos analíticos. Finalmente, uma batida soou na porta. Emma olhou para Mello, esperando sua permissão. Ele assentiu, e ela abriu a porta. Snow entrou rapidamente, seu rosto mostrando preocupação. Ele usava seu uniforme militar, mas tinha claramente saído às pressas. Alguns fios de cabelo loiro estavam fora do lugar, e ele não estava usando seu chapéu formal. "Emma, o que—" Ele parou ao ver a cena dentro do quarto. Mello perto da janela, claramente agitado. Amora junto à mesa coberta de documentos. A atmosfera pesada de tensão que preenchia o ar. Seus olhos azuis se arregalaram ligeiramente. "O que aconteceu?" Emma fechou e trancou a porta atrás dele. "Precisamos conversar com você. Sobre algo muito sério." Snow olhou de Emma para Amora, depois fixou seu olhar em Mello. "Tudo bem. Estou ouvindo." Mas Mello não conseguia falar. As palavras estavam presas em sua garganta. Como ele começava? Como ele acusava o superior de Snow, o homem que havia sido mentor do jovem tenente? Emma, vendo sua hesitação, tomou a iniciativa. "Snow, o que você sabe sobre as atividades recentes do tenente comandante?" "Do tenente comandante?" Snow franziu a testa. "Ele tem estado ocupado com a reorganização das tropas devido à crise sucessória. Por quê?" "Reorganização ou reposicionamento?" Amora perguntou suavemente. Snow a olhou, confusão evidente em seu rosto. "Eu... não entendo a pergunta." Mello finalmente encontrou sua voz. "Snow, eu preciso te perguntar algo, e preciso de uma resposta completamente honesta." "Sempre," Snow disse imediatamente. "Você sabia que o tenente estava se reunindo secretamente com comandantes militares? Discutindo cenários de transição de poder?" A confusão no rosto de Snow se aprofundou. "Reuniões secretas? Não. Ele tem reuniões regulares com outros oficiais, claro, mas isso é normal. E transição de poder..." Ele balançou a cabeça. "Do que você está falando?" Mello estudou o rosto de seu amigo cuidadosamente, procurando qualquer sinal de engano. Mas tudo que viu foi genuína perplexidade e crescente preocupação. "Mostre a ele," Mello disse para Emma. Emma pegou vários dos documentos mais incriminadores e os estendeu para Snow. Ele os pegou, seus olhos percorrendo as páginas. À medida que lia, seu rosto foi ficando cada vez mais pálido. "Isso não pode estar certo," ele murmurou. "O tenente comandante não faria... ele é leal ao reino." "Leia a data," Amora instruiu, apontando para um dos documentos. Snow olhou. "Três semanas atrás. Logo depois..." Ele olhou para Mello, horror crescendo em seus olhos. "Logo depois da morte do rei e da rainha." "Continue lendo," Emma disse gentilmente. Snow passou para o próximo documento, depois o seguinte. Suas mãos começaram a tremer ligeiramente. "Cenários de intervenção. Solução militar. Estabilidade forçada." Ele baixou os papéis. "Não. Não, isso tem que ser um erro. Algum tipo de mal-entendido." "Eu gostaria que fosse," Amora disse. "Mas tenho testemunhado reuniões secretas pessoalmente. Ouvi conversas que confirmam o que está nesses documentos." Snow olhou para Mello, seus olhos suplicando por negação, por alguma explicação alternativa. Mas Mello apenas assentiu lentamente. "É verdade, Snow. O tenente está se preparando para tomar o poder. Ele só está esperando o momento certo." Snow cambaleou ligeiramente, apoiando-se na mesa. "Mas ele tem sido meu mentor. Ele me treinou. Eu pensei..." Sua voz falhou. "Ele usou você," Emma disse suavemente. "Sua amizade com Mello o tornava valioso. Um olho dentro do círculo íntimo do príncipe." "Não." Snow balançou a cabeça vigorosamente. "Não, eu nunca... eu nunca contei a ele nada privado. Nada que pudesse prejudicar Mello." "Eu sei," Mello disse rapidamente, caminhando até seu amigo. "Eu confio em você, Snow. Completamente. É por isso que Emma e Amora acharam que você deveria saber sobre isso." Snow olhou para ele, e Mello viu dor e traição nos olhos azuis familiares. "Por quanto tempo você soube?" "Emma me contou hoje de manhã. As evidências chegaram durante a noite." "E você pensou..." Snow engoliu em seco. "Você pensou que eu poderia estar envolvido." "Não," Mello disse firmemente. "Nunca. Mas eu precisava te perguntar diretamente, te dar a chance de compartilhar qualquer coisa que você soubesse." Snow assentiu lentamente, processando. Ele olhou novamente para os documentos espalhados na mesa. "Havia coisas," ele disse suavemente. "Pequenas coisas que não faziam sentido na época." "Que tipo de coisas?" Amora se aproximou, interesse aguçado em seus olhos. "Movimentações de tropas que não seguiam padrões lógicos. Ordens que vinham diretamente do tenente comandante, pulando a cadeia de comando normal." Snow passou a mão pelos cabelos, bagunçando-os ainda mais. "E conversas. Eu ouvia fragmentos às vezes, quando passava pelo escritório dele. Palavras como 'preparação' e 'oportunidade' e 'quando chegar a hora.'" "Por que você não mencionou isso antes?" Emma perguntou. "Porque eu pensei que eram sobre a segurança do reino durante a crise sucessória. Eu pensei que ele estava sendo cauteloso, preparado para qualquer eventualidade." Snow olhou para Mello com olhos atormentados. "Eu nunca imaginei que ele estava tramando contra você." Mello colocou uma mão no ombro de Snow. "Como você poderia? Você confia nas pessoas, vê o melhor nelas. É uma das coisas que eu mais admiro em você." "E uma das coisas que o tenente provavelmente explorou," Amora adicionou, não cruelmente mas factualmente. "Ele sabia que sua lealdade a Mello era genuína, então te manteve perto mas desinformado." Snow fechou os olhos por um momento, respirando profundamente. Quando os abriu novamente, havia determinação neles. "O que fazemos agora?" "Agora," Amora disse, olhando ao redor do círculo de rostos, "planejamos uma resposta que o tenente não está esperando. Algo que tire toda justificativa para sua conspiração." Mello sentiu o peso da decisão pressionando sobre ele novamente. O ritual. A transformação. A única solução que oferecia verdadeira autonomia mas também riscos imensuráveis. Ele olhou para Snow, para seu melhor amigo que acabara de descobrir que seu mentor era um traidor. Como ele poderia pedir mais dele agora? Como ele poderia envolvê-lo em algo ainda mais complicado e perigoso? Mas antes que Mello pudesse decidir o quanto revelar, Emma falou. "Snow, há algo mais que você precisa saber. Algo sobre uma solução alternativa que Amora apresentou para a crise sucessória." Snow olhou entre eles, confusão voltando para seu rosto. "Solução alternativa?" Amora assentiu. "Uma que envolve magia antiga. Uma que permitiria que Mello gerasse um herdeiro sem casamento, sem ceder ao controle do conselho." "Como isso seria possível?" Mello abriu a boca, as palavras se formando, mas Snow o interrompeu com uma pergunta que ele não esperava. "E o que você precisa de mim?"

Comments (0)

No comments yet. Be the first to share your thoughts!

Sign In

Please sign in to continue.