Capítulo 11: O Primeiro Amanhecer Compartilhado e o Contrato de Confiança Mello acordou quando os primeiros raios de sol tentavam atravessar a cortina velha do apartamento. Ele estava no chão, perto da porta do quarto de Sofia, onde havia se deitado. A madeira era dura e desconfortável, mas ele tinha dormido. Não era um sono profundo, porque ele estava sempre alerta, mas era o suficiente para tirar o peso do dia anterior. Ele ouviu a respiração de Sofia, um som suave e rítmico. Em seguida, ouviu a respiração mais profunda e constante de Randal, vinda do sofá. Era uma situação que parecia tirada de um roteiro de comédia dramática, se ele parasse para pensar. O herdeiro Von Ivory, que administrava um império global, estava dormindo em seu sofá velho, coberto por uma manta de lã azul escura. A ironia daquela cena não lhe passava despercebida. Randal, que estava acostumado ao luxo e ao controle total de seu ambiente, estava ali, vulnerável e desarmado. Mello se levantou devagar, esticando as costas. Ele precisava de café, e precisava acordar Randal antes que Sofia o fizesse, porque a reação dela poderia ser imprevisível. Ele caminhou em direção à cozinha, que era apenas um canto da sala de estar. Ele pegou o coador de café e o pó, começando a preparar a bebida. O som da água borbulhando na chaleira era o único ruído além das respirações na sala. Quando o aroma do café começou a se espalhar, Mello virou-se e viu o movimento. Sofia tinha acordado. A porta do quarto dela estava entreaberta. Sofia saiu de seu quarto, esfregando os olhos com as mãos pequenas. Ela estava vestida com um pijama de dinossauros, e ela olhou diretamente para Mello, sorrindo imediatamente. "Mamãe!" ela chamou, a voz ainda sonolenta, correndo em direção a Mello. Mello a pegou no colo, dando-lhe um abraço apertado. "Bom dia, meu amor. Dormiu bem?" "Sim," Sofia disse, aninhando a cabeça no ombro de Mello. Quando Mello a colocou no chão, Sofia viu Randal. Ela parou, os olhos arregalados, apontando para o sofá. "Mamãe, homem estranho!" ela disse, a confusão evidente em seu rosto. Randal estava deitado de lado, o rosto parcialmente escondido na almofada, mas a altura dele no sofá pequeno o tornava uma presença inconfundível. A manta azul estava enrolada em volta dele. Mello precisava gerenciar a situação com cuidado. Randal estava dormindo profundamente, e um despertar abrupto não seria ideal, especialmente com Sofia assustada. "Não é um homem estranho, meu amor," Mello disse, pegando a mão de Sofia. Ele a guiou lentamente em direção ao sofá, mantendo a voz baixa e calma. "É Randal. Seu irmão. Ele ficou cansado ontem e dormiu aqui." Sofia inclinou a cabeça, estudando Randal. Ela estava acostumada a vê-lo em trajes impecáveis, com uma postura de empresário. Agora, ele parecia grande e desorganizado, o terno amarrotado. "Ele está..." Sofia hesitou, procurando a palavra. "Ele está dormindo. Como você dorme," Mello explicou. "Ele está descansando porque o dia dele foi muito longo ontem. Ele estava aqui cuidando de você." Sofia se aproximou mais um pouco, curiosidade substituindo a confusão. Ela esticou a mãozinha, tocando a ponta do sapato de Randal, que estava para fora da manta. Randal se moveu, um som de protesto escapando de sua garganta. Ele abriu os olhos, piscando contra a luz fraca da manhã. Quando viu Sofia e Mello parados perto dele, ele demorou um momento para processar onde estava. Ele olhou para o teto, depois para o relógio digital no micro-ondas, e finalmente para Mello. "Bom dia," Randal disse, a voz rouca de sono. Ele se sentou no sofá, a manta caindo. Ele parecia ter voltado a si rapidamente. Sofia recuou para trás das pernas de Mello, mas continuou olhando para Randal. "Randal, bom dia," Mello respondeu. "Você tem uma fã curiosa." Randal sorriu, um sorriso genuíno que Mello não via com frequência, especialmente não ao acordar. "Bom dia, Sofia," Randal disse, tentando soar suave. "Desculpe por invadir sua sala de estar. O sofá é confortável." Sofia apenas o observou, processando a informação. A confusão dela era palpável, já que a presença de Randal em seu espaço mais íntimo era uma quebra de todas as regras não ditas da rotina. Mello se ajoelhou ao lado de Sofia, reforçando a aceitação de Randal. "Sofia, Randal é o seu irmão. Ele vai ficar por perto, e nós gostamos muito dele. Ele não é estranho. Ele é família, lembra?" Sofia assentiu, ainda hesitante. A palavra "família" era importante para ela, um conceito que Mello havia trabalhado duro para construir. Randal, percebendo a timidez de Sofia, não forçou a interação. Ele se levantou, ajeitando o terno amarrotado. Ele parecia estranhamente à vontade, apesar da desordem de suas roupas e da noite passada. Ele viu o papel na mesa de centro. Ele pegou a nota de Mello. Ele leu a mensagem curta: *Você pode descansar. O contrato pode esperar. Nós temos coisas mais importantes para resolver primeiro. Eu te vejo de manhã. Mello.* Um pequeno sorriso surgiu no rosto de Randal. Ele dobrou a nota, colocando-a no bolso interno do paletó. "Obrigado, Mello," Randal disse, olhando para ele. "Eu acho que eu realmente precisava disso. Eu não dormia tão bem há meses." "O luxo do sofá velho," Mello brincou. "O café está pronto. Você aceita?" "Eu aceito qualquer coisa que tenha cafeína agora," Randal respondeu. Enquanto Mello preparava o café de Randal, este se dirigiu a Sofia, que estava brincando com a ponta da manta. "Você está brava comigo por eu ter dormido no sofá?" Randal perguntou a Sofia, abaixando-se um pouco para ficar mais próximo da altura dela. Sofia olhou para Mello, buscando permissão ou conforto. Mello apenas acenou com a cabeça. "Mamãe disse que você é meu irmão," Sofia disse, ainda com uma voz pequena. "Eu sou seu irmão," Randal confirmou. "Eu sou o seu irmão mais velho, e eu não sou muito bom em ser irmão ainda. Eu estou aprendendo." "Você está aprendendo a dormir no sofá?" Sofia perguntou, a lógica infantil sendo totalmente implacável. Randal riu, um som rouco e caloroso. "Eu estou aprendendo a ser menos chato. E sim, a dormir no sofá, se for necessário." Mello entregou a Randal uma caneca de cerâmica simples com café preto. Randal pegou a caneca, o cheiro do café parecendo acalmá-lo imediatamente. "Obrigado," Randal disse. Ele deu um gole, apreciando o calor. "Nós precisamos conversar," Mello disse, o tom mais sério. "Não sobre contratos. Sobre o que a gente decidiu ontem." "O "teste"," Randal concordou. "Eu aceitei sua trégua, Mello. Eu não vou transformar isso em uma negociação corporativa. O contrato pode esperar, como você disse." Mello assentiu, sentindo um alívio pela aceitação de Randal. Sofia interrompeu, puxando a calça de Mello. "Mamãe, fome." "Eu também estou com fome," Randal disse, olhando para a cozinha improvisada. "Onde nós vamos tomar café da manhã?" "Aqui," Mello respondeu. "Nós temos pão e ovos. Você não vai encontrar café da manhã de hotel cinco estrelas aqui, Randal. Você está no meu apartamento. Você está tendo a experiência completa." Randal sorriu. "Eu aprecio a autenticidade. Eu não me lembro da última vez que comi ovos mexidos que não foram feitos por um chef com estrelas Michelin. Eu estou ansioso para a experiência do Mello." Mello foi para o fogão, começando a preparar os ovos mexidos. Randal sentou-se na mesa pequena, observando Mello cozinhar e Sofia brincar no tapete. A dinâmica era estranhamente doméstica, o que era exatamente o que Mello temia, mas também o que ele secretamente desejava. Enquanto Mello estava fritando os ovos, Randal pegou o telefone para checar as mensagens. O mundo corporativo não parava para a vulnerabilidade dele. "Eu tenho uma reunião por telefone em quarenta minutos," Randal informou Mello, parecendo um pouco apologético. "Eu preciso ir para a minha cobertura para isso. Eu não posso fazer uma reunião sobre fusões e aquisições daqui." "Eu entendo," Mello disse, sem se ofender. "Eu não esperava que você cancelasse o seu império por causa de ovos mexidos." "Eu cancelaria se pudesse," Randal respondeu, olhando para Sofia. "Mas a verdade é que o meu império é o que garante que Sofia tenha segurança financeira, não é? É o paradoxo da minha vida. Eu odeio o trabalho, mas o trabalho é a minha responsabilidade para com ela." Mello serviu o café da manhã. Três pratos simples: ovos mexidos, pão torrado. Ele deu a Sofia um prato especial de dinossauro que ela adorava. Sofia sentou-se na cadeira alta, e Mello sentou-se ao lado dela. Randal sentou-se na frente de Mello. O café da manhã era silencioso no início. Sofia estava concentrada em comer, e Randal estava absorvendo a cena. Randal observou Mello interagir com Sofia, a forma natural como Mello a ajudava a cortar os ovos, a paciência em sua voz. Era evidente o quão profunda era a conexão entre eles. Mello era a âncora de Sofia. "Você é uma 'mamãe' excelente," Randal disse, quebrando o silêncio. Mello olhou para ele, pegando o elogio de surpresa. "É o único trabalho que eu já fiz que eu não odeio." "Você não odeia isso, Mello. Você ama isso," Randal corrigiu. "Ontem, quando você me contou a história da barriga... é algo que eu nunca teria pensado. A forma como você cria um mundo de segurança para ela, mesmo que seja baseado em um mito. É impressionante." "É o que ela precisava para se sentir incondicionalmente amada," Mello explicou. "A história da barriga garante que ela sinta que o abandono não foi culpa dela. Que ela tem uma história, mesmo que seja inventada. Se ela souber que ela veio da minha 'barriga', ela tem a prova física de que o nosso amor é eterno." Randal colocou o garfo no prato. "E o que isso significa para mim? Como o irmão que a resgatou da 'lixeira' do nosso pai?" "Significa que você não precisa desmentir a história," Mello disse. "Você pode ser o irmão que a protege, que a ama, que está presente. Você não precisa ser o pai. Você só precisa ser Randal, o irmão que ela adora." Sofia, tendo terminado os ovos, começou a bater os pés na cadeira alta, impaciente. "Mamãe, parque?" ela perguntou. "Mais tarde, meu amor. Eu e Randal precisamos terminar de conversar," Mello respondeu, limpando o rosto dela com um guardanapo. Randal viu a forma como Mello gerenciava a impaciência de Sofia sem repreendê-la, mas com firmeza e carinho. Randal sabia que Mello era o único que poderia dar a Sofia a estrutura emocional que ela precisava. "Sobre o teste," Randal disse, voltando ao tópico. "Eu quero que isso seja real, Mello. Eu não quero que seja mais um projeto na minha vida que eu terceirizo. Eu quero que seja algo que nós construímos juntos, por ela, e por nós." "E o que é construir para nós?" Mello perguntou. Ele precisava de clareza, porque Randal era um bilionário com a vida estruturada em contratos. "Significa que o nosso próximo encontro não pode ser no seu apartamento," Randal disse, olhando em volta. "Ou em um café tenso, com Sofia nos observando. Nós precisamos de um lugar neutro. E discreto. Eu não quero a mídia especulando sobre mim, ou sobre você, ou sobre Sofia. Eu não quero que a minha família interfira nisso. Eles já têm a tendência de ver tudo como um golpe." Mello considerou a logística. A discrição era vital, não apenas pela reputação de Randal, mas pela segurança de Mello. "Nós precisamos de um encontro oficial, então," Mello disse. "Onde não sejamos o terrorista e o bilionário, mas apenas dois caras que estão tentando se entender. Longe da influência Von Ivory, como você disse." "Exatamente," Randal concordou. "Um jantar. Sem Sofia. Sem a pressão de ter que ser o irmão perfeito." Sofia, ouvindo a palavra "jantar", olhou para os dois. "Eu vou jantar também?" Sofia perguntou, ansiosa. "Não hoje, meu amor," Mello respondeu. "Hoje, você vai jantar com a tia Clara, lembra?" Tia Clara era a vizinha mais velha, uma mulher que Mello confiava para cuidar de Sofia em raras ocasiões. "Eu não quero tia Clara," Sofia protestou, começando a franzir a testa. "Você gosta da tia Clara, Sofia. Ela vai te dar biscoitos, e você vai assistir a seus desenhos animados favoritos," Mello disse, usando a distração como arma. Randal observou Mello, admirando a forma como ele desviava a atenção de Sofia. "Eu volto hoje à noite, depois que a minha reunião terminar," Randal disse a Mello. "Eu preciso me preparar para a reunião, e eu preciso de um banho. E roupas limpas. Eu não posso aparecer na minha empresa parecendo que dormi no chão." "Você dormiu no sofá," Mello corrigiu. "É a mesma coisa no meu mundo," Randal respondeu, um traço de seu humor habitual retornando. Randal se levantou, ajeitando a manta. Ele caminhou até Mello. "Sobre o contrato, Mello," Randal disse, olhando para ele com seriedade. "O contrato é importante para a estabilidade legal de Sofia. Ele garante que ninguém possa questionar o seu papel na vida dela. Mas o que importa de verdade é a confiança. Você confiou em mim para ser vulnerável ontem. Eu confio em você para proteger Sofia e para ser honesto comigo." "A confiança é mútua, Randal," Mello garantiu. "Eu te contei as verdades mais feias sobre mim. Eu não sou bom em confiar, mas eu confio em você para não me trair com a burocracia do seu mundo." Randal estendeu a mão, e Mello a apertou. Não era um aperto de mão de negócios. Era um aperto firme, uma promessa silenciosa. "Eu volto hoje à noite. Eu te busco aqui. Nós vamos jantar e conversar sobre o que nós vamos fazer com isso," Randal disse, gesticulando entre eles. Mello concordou. "Eu te espero." Randal olhou para Sofia, que agora estava brincando com os talheres de Mello. "Até mais tarde, garotinha," Randal disse a Sofia, dando-lhe um aceno de cabeça. Sofia sorriu de volta para ele. "Tchau, Randal. Não durma no sofá da sua casa." Randal riu, pegando a caneca de café vazia e colocando-a na pia. Ele se virou para Mello. "Eu te ligo com os detalhes do jantar," Randal disse. Ele saiu do apartamento, fechando a porta com cuidado. Mello ouviu os passos de Randal se afastando no corredor. Ele estava sozinho novamente, mas o ar no apartamento estava diferente. Estava carregado de possibilidade. Mello se virou para Sofia. "O que você achou de Randal no sofá?" "Grande," Sofia disse, voltando a se concentrar nos talheres. "Ele é grande. E ele tem uma roupa engraçada." "É o terno de negócios dele. Ele é um empresário," Mello explicou, retirando o prato de Randal. Mello lavou a louça rapidamente. Ele precisava se preparar para a noite. Não era um encontro casual, era um passo oficial para algo que poderia mudar tudo. Ele precisava de um plano para o jantar, precisava garantir que Sofia estivesse confortável com a tia Clara, e precisava se preparar emocionalmente para o que Randal iria propor. Ele pegou o celular para mandar uma mensagem para Randal, mas antes que pudesse digitar, o telefone vibrou. Era Randal. *Randal: Eu encontrei um lugar. É discreto. Italiano. Eu te pego às 19h. Vista algo que não seja o seu uniforme de babá. Nós estamos em um encontro.* Mello sorriu, apesar de si mesmo. Randal era direto e prático, mesmo em questões de romance. Mello estava acostumado a planejar explosões e fugas, não jantares. *Mello: Eu não tenho um "uniforme de babá", Randal. Eu tenho roupas. E eu vou me vestir. Eu te espero.* Mello colocou o celular de lado. O "teste" estava começando oficialmente. Não era mais apenas atração e confissões na escuridão. Era sobre presença, intencionalidade, e a coragem de arriscar a estabilidade de Sofia por algo que eles mal conseguiam nomear. Ele precisava garantir que Randal entendesse que o foco principal ainda era Sofia. O jantar era um meio, não um fim. Era sobre estabelecer uma base sólida para a parceria deles, romântica ou não. Mello começou a arrumar o apartamento, sentindo uma energia renovada. Ele pegou a manta de lã azul e a dobrou, colocando-a de volta no armário. Ele pensou em Randal dormindo ali, e na vulnerabilidade que ele havia demonstrado. Aquele era o Randal que Mello estava disposto a conhecer. Mello precisava de uma conversa franca sobre o que significava um "plano de saída limpo". Eles tinham concordado que a estabilidade de Sofia era prioridade, mas Mello precisava dos detalhes. O contrato de babá era a garantia de Mello, mas o contrato emocional precisava ser ainda mais forte. Ele ligou para a tia Clara, confirmando que ela poderia ficar com Sofia. A vizinha concordou prontamente. "Sofia, você vai se arrumar? Nós vamos passear no parque, e depois a tia Clara vem para cá," Mello chamou. Sofia correu para o quarto, animada com a promessa do parque. Mello aproveitou a pausa para se vestir. Ele escolheu jeans escuros e uma camisa preta, nada que chamasse a atenção, mas que fosse um pouco mais formal do que o seu habitual. Ele queria mostrar a Randal que estava levando isso a sério. Enquanto ele ajudava Sofia a se vestir, ele pensou na nota que Randal tinha lido. O contrato podia esperar. A confiança era mais importante. Essa era a verdade que Mello precisava manter. O dia passou rapidamente. O parque foi um sucesso, com Sofia correndo e gritando de alegria. Mello a observava, sabendo que cada momento de felicidade dela era o pagamento por todos os riscos que ele havia corrido. Quando a tia Clara chegou, às 18h30, Sofia estava exausta, mas feliz. "Ele vai te buscar, não é, querido?" tia Clara perguntou a Mello, observando-o se arrumar. A vizinha era perspicaz e tinha percebido a tensão entre Mello e Randal desde o início. "Sim, nós vamos jantar," Mello respondeu, evitando os olhos dela. "Ele é um bom homem, Mello. Um pouco perdido, mas bom," tia Clara disse. "Ele é louco pela menina, e isso é o que importa." "É o que eu penso também," Mello concordou. Às 18h55, Mello estava pronto. Ele estava nervoso, uma sensação que ele não tinha há anos, não desde o início de sua vida de terrorista, quando a adrenalina era sua constante. Agora, o nervosismo vinha da antecipação, não do perigo. O interfone tocou. Era Randal. Mello pegou a carteira e o celular. Ele se despediu de Sofia e tia Clara, garantindo a Sofia que voltaria em breve. Ele abriu a porta do apartamento, descendo as escadas. Randal estava parado na entrada do prédio, ao lado de um carro preto que Mello presumiu ser um veículo de serviço. Randal estava impecável, em um terno cinza escuro, mas sem gravata, o que o deixava um pouco mais acessível. Randal abriu a porta do carro para Mello. "Você está bonito," Randal disse, a voz baixa. "Você também. Você conseguiu dormir na sua cobertura," Mello respondeu, entrando no carro. Randal entrou no lado do motorista, e o motorista começou a dirigir. "Eu consegui dormir, sim. Mas eu perdi o calor da manta," Randal disse. "Nós temos muito que conversar, Mello. Sobre o futuro, e sobre o que significa o "teste". Eu quero que você saiba que o contrato de babá, o dinheiro, tudo isso é secundário. A confiança é o nosso primeiro contrato." Mello olhou para Randal, aceitando a sinceridade. "Então, vamos conversar sobre a confiança," Mello disse. "E sobre o que acontece se nós falharmos. Porque nós precisamos de um plano, Randal. Para ela." Randal assentiu. "Nós teremos. Eu prometo." O carro parou na frente de um restaurante discreto, em um bairro que Mello não conhecia. Era elegante, mas sem ostentação. Randal desceu do carro e abriu a porta para Mello. "Bem-vindo ao início oficial do teste," Randal disse, oferecendo o braço a Mello. Mello hesitou por um momento, mas aceitou, sentindo a firmeza do braço de Randal. Eles entraram no restaurante, prontos para começar a navegação em sua nova dinâmica.

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