Chapter 12: O Jantar da Confissão Total e a Decisão de Randal
Randal desceu do carro e abriu a porta para Mello. Mello aceitou o braço de Randal e eles entraram no restaurante, prontos para começar a navegação em sua nova dinâmica.
O restaurante, chamado *Il Segreto*, era tudo o que Randal havia prometido: discreto, elegante sem ser ostensivo e com uma luz baixa que sugeria privacidade. Um maitre os guiou para uma mesa de canto, longe dos outros clientes. Randal sentou-se de frente para Mello, e o garçom imediatamente trouxe duas taças de água com gás.
"Eles fazem o melhor carbonara da cidade," Randal comentou, pegando o menu. Ele parecia relaxado, mas Mello notava a tensão em seus ombros, um sinal de que Randal estava tratando aquilo com a seriedade que Mello esperava.
"Nós não vamos fingir que isso é um encontro normal, Randal," Mello disse, colocando o menu de lado. "Eu preciso que a gente converse sobre o elefante na sala antes que a gente decida o que vamos comer."
Randal suspirou, fechando o seu menu também. "Eu imaginei que você faria isso. Eu estava esperando por um momento para te impressionar com meu charme antes que você jogasse a bomba."
"Eu não estou aqui para ser impressionado," Mello respondeu, mantendo a voz baixa, mas firme. "Eu estou aqui porque nós concordamos que Sofia é a prioridade, e eu não posso seguir adiante com esse 'teste' se você não tiver clareza total sobre quem eu sou e o que isso significa para o seu mundo. Você me contou o seu passado, eu preciso te contar o meu."
"Eu sei o suficiente, Mello," Randal insistiu. "Você me disse que era um terrorista. Eu sei que seu nome é falso, e eu sei que você mentiu sobre a origem de Sofia para protegê-la. O resto são detalhes que não mudam o fato de que você é a âncora dela."
"São mais do que detalhes, Randal," Mello disse, olhando em volta para garantir que ninguém estava prestando atenção. O restaurante estava meio vazio, o que ajudava. "O meu passado não é uma lista de crimes que eu cometi. É uma organização que eu abandonei, e eles não esquecem fácil. Eu não quero que a sua vida, ou a vida de Sofia, seja colocada em risco por causa das minhas antigas conexões."
Randal ficou sério. "Você está falando de perigo real? Não apenas de burocracia ou da sua reputação?"
"Eu estou falando de pessoas que não se importam em matar se isso for útil para a causa deles," Mello esclareceu. "Eles me consideram um traidor, e eles sabem que eu tenho valor. Se eles descobrirem que eu estou ligado a você, o herdeiro Von Ivory, e que eu tenho uma filha que é sua irmã, eles vão usar isso."
Mello fez uma pausa, reunindo a coragem para dizer o que precisava ser dito. Ele nunca tinha compartilhado isso com ninguém, exceto Sofia, de forma indireta.
"Eu não sou um terrorista ideológico, Randal," Mello começou. "Eu fui recrutado quando eu era muito jovem, depois que eu perdi tudo. Eles me deram um propósito e me treinaram. Eu era o especialista deles em logística e demolição. Eu planejei explosões. Eu montei dispositivos. Eu sei como destruir coisas, e eu sei como desaparecer."
Randal ouvia, sem interromper. Seu rosto estava impassível, mas Mello viu a forma como seus dedos tamborilavam levemente na borda da mesa.
"Eu não estou orgulhoso disso. É a parte mais sombria da minha vida. E eu fugi quando percebi que eles estavam me transformando em algo que eu não queria ser. Eu fugi e me escondi por anos. A bebê na lixeira não foi o meu primeiro encontro com a violência, mas foi o que me fez parar."
Mello bebeu um gole de água. O nervosismo estava ali, mas era um nervosismo necessário.
"Eu não te contei isso antes porque eu estava com medo de que você me tirasse Sofia. Você tem todos os motivos para me julgar, Randal. Eu sei que eu sou um risco."
Randal respirou fundo. "Você está certo. Eu tenho todos os motivos para te julgar. Mas eu te observei com Sofia. Eu vi o que você fez por ela. Você trocou o seu propósito de vida para se tornar a "mamãe" dela. Isso não é um ato de um criminoso sem coração, Mello. Isso é um sacrifício. E eu entendo o que é ter a vida ditada por outros. Minha família me treinou para ser o herdeiro. Você foi treinado para ser uma arma. A diferença é a arma que você escolheu largar."
"Eu não estou pedindo a sua absolvição," Mello disse. "Eu estou pedindo para você entender o perigo que eu represento, caso você queira me manter por perto."
"Eu entendo. E eu sou um Von Ivory, Mello. Eu tenho recursos para te proteger. Não é o meu primeiro encontro com ameaças. O mundo dos negócios é cheio de pessoas que querem me destruir. Eu só preciso saber o quão real é a ameaça agora."
"Eu estou limpo há três anos. Mas se eles souberem que eu estou aqui, com você, eles vão vir. Não vai ser uma explosão no meio da rua, vai ser algo sutil. Um ataque direcionado à sua empresa, ou uma tentativa de sequestro de Sofia. Eles não são idiotas. Eles sabem o valor da alavancagem."
Randal balançou a cabeça. "Obrigado por ser honesto, Mello. Isso muda a minha perspectiva, mas não a minha decisão."
Mello inclinou a cabeça, surpreso. "Qual decisão?"
"Eu decidi que eu quero você na vida de Sofia. E eu quero você na minha vida, Mello," Randal declarou. Ele pegou o menu de volta, olhando para as opções de massa. "Mas se você for o especialista em segurança, eu preciso que você me ajude a criar o protocolo de segurança para nós três. Se o seu passado é o perigo, então ele também é o nosso maior recurso. Você sabe como eles pensam. Eu não."
"Você está me pedindo para usar o meu conhecimento de terrorista para proteger a sua irmã e a sua empresa?" Mello perguntou, um pequeno sorriso surgindo em seu rosto. Era irônico, mas perfeitamente Randal.
"Eu estou pedindo para você usar todas as suas habilidades. Você é o único em quem eu confio para proteger Sofia, e agora eu confio em você para proteger a nossa família," Randal disse, olhando nos olhos de Mello. "Você é mais do que uma babá, Mello. Você é a minha fundação. O meu primeiro contrato de confiança é com você, não com a burocracia."
Randal chamou o garçom, que apareceu imediatamente.
"Nós vamos pedir o Carbonara, e eu quero também o Ravioli de Ricota. Nós vamos dividir os dois," Randal instruiu o garçom.
Mello percebeu que Randal havia acabado de tomar uma decisão monumental baseada na confiança, e agora estava voltando à normalidade. Isso era a essência de Randal: pragmatismo com um toque de intensidade.
Enquanto isso, na cozinha do *Il Segreto*, o ambiente era menos elegante. A garçonete, Bianca, estava com dezenove anos, tinha cabelos tingidos de rosa e um senso de justiça social distorcido, alimentado por redes sociais. Ela reconheceu Randal Von Ivory, o bilionário, e a visão do homem de terno, sentado confortavelmente, a irritou profundamente.
"Aquele cara é Randal Von Ivory," Bianca sussurrou para a cozinheira, apontando discretamente para o salão através da pequena janela de serviço. "O cara que acabou de demitir mil pessoas na Von Ivory Tech na semana passada."
A cozinheira, uma mulher de meia-idade cansada, apenas deu de ombros. "E o que você quer que eu faça? Ele paga as contas aqui."
Bianca sentiu uma onda de indignação. Ela odiava a indiferença das pessoas. Os Von Ivory eram o epítome da desigualdade que ela desprezava. Ela pensou em uma forma de perturbar a noite deles, de fazê-lo pagar pelo seu status.
"Eu vou fazer algo a respeito," Bianca decidiu. Ela pegou o celular e mandou uma mensagem rápida para um amigo.
*Bianca: Matt, adivinha quem está aqui? O Randal Von Ivory. O bilionário. Seria hilário se ele passasse mal aqui. Você tem alguma coisa?*
Matt, um ex-colega de Mello, que ainda tinha ligações com o submundo, respondeu em minutos. Matt era um traficante de baixo escalão agora, mas tinha acesso a substâncias controladas. Ele também era imprudente.
*Matt: Eu tenho algo que vai fazer ele se sentir muito mal. Vai agir como anestesia e depois vai dar falta de ar. É rápido, mas não mata. Vai ser um bom susto. Me encontre na porta de trás em dez minutos. Eu quero ver a cara dele.*
Bianca sorriu. Isso era perfeito. Não mataria, mas causaria o impacto que ela queria. Era uma pequena vingança contra o sistema.
De volta à mesa, Mello e Randal continuavam a conversa.
"Então, se a gente for adiante com isso, você tem que me prometer uma coisa," Mello disse. "Você não vai tentar me "comprar" de novo. Você vai ter que me tratar como um parceiro, não como um empregado de alto nível. Eu não estou fazendo isso pelo dinheiro, Randal. Eu estou fazendo isso pela Sofia, e..." Mello hesitou.
"E por nós," Randal completou. "Eu sei. E eu prometo. O salário é para a estabilidade de Sofia, e o novo apartamento é para a segurança dela. Mas o resto, o que nós estamos construindo aqui, é entre nós. Eu não quero um babá. Eu quero você."
A honestidade de Randal desarmava Mello, que estava acostumado a lidar com mentiras e manipulação. Randal estava sendo incrivelmente vulnerável, e Mello sabia que isso era um presente raro.
"E o que acontece se nós falharmos?" Mello perguntou, voltando à regra de saída limpa que haviam estabelecido.
"Se nós falharmos, nós vamos garantir que Sofia não sinta o impacto. Nós voltamos a ser apenas o cuidador dela e o irmão, com o mesmo nível de proteção e carinho. O contrato de babá é o nosso plano B. Ele garante que, não importa o que aconteça entre nós, o papel de "mamãe" que você exerce na vida dela está legalmente protegido. Você tem a minha palavra de que eu nunca vou te tirar Sofia, a menos que você a coloque em perigo intencionalmente."
Mello assentiu. Essa era a garantia que ele precisava. Randal estava colocando a estabilidade emocional de Sofia acima do seu próprio ego, algo que Mello respeitava profundamente.
O garçom retornou com o vinho que Randal havia pedido e serviu as taças. Eles brindaram.
"À nossa nova fundação. Confiança e Carbonara," Randal brincou, levantando a taça.
Mello sorriu. "Confiança e Carbonara."
Na cozinha, Bianca estava de volta, ofegante. Ela havia se encontrado com Matt na porta de trás e ele havia entregado a ela uma pequena seringa com um líquido transparente.
"Você tem certeza de que isso não vai matar?" Bianca perguntou, olhando para a seringa com apreensão.
"Certeza," Matt respondeu, revirando os olhos. "É para ser um susto. Não é para ter a polícia na minha porta. Você coloca umas gotinhas no prato dele, e em dez minutos ele vai estar tonto e com falta de ar. Vai ser a noite mais longa da vida dele. É o suficiente para ele ter uma lição."
"Ok," Bianca disse, escondendo a seringa no bolso do avental. Ela estava nervosa, mas a sensação de fazer justiça a motivava.
Matt, no entanto, não saiu imediatamente. Ele ficou olhando para o salão, tentando identificar Randal. Ele viu o homem de terno, mas seus olhos pararam no homem sentado em frente a Randal.
Matt apertou os olhos, tentando se concentrar na fisionomia. O corte de cabelo curto, a postura tensa, os olhos que pareciam escanear o ambiente.
"Espera aí," Matt disse, puxando o braço de Bianca. "Quem é o cara com o Von Ivory?"
"Eu não sei. Deve ser o... namorado? Ou um sócio," Bianca disse, impaciente. "Por que?"
"Eu conheço aquele cara," Matt sussurrou, a voz tensa. "Aquele é o Mello."
Bianca olhou para ele, confusa. "Mello? Quem é Mello?"
"Ele era o meu contato. O cara que fazia a logística para o nosso grupo. Ele desapareceu há uns três anos. O cara é perigoso, Bianca. Ele é o especialista em explosivos deles."
O pânico começou a se instalar em Matt. Mello era uma lenda sombria no submundo, conhecido por sua eficiência e por ser completamente implacável quando se tratava de proteger seus segredos. Ver Mello ali, jantando com um bilionário, significava que Mello havia se integrado a algo grande. E se Matt o expusesse, ele estaria em perigo.
"Eu não sabia que ele era o Mello," Bianca disse, assustada. "Eu só queria assustar o bilionário."
"Você acabou de colocar a gente na mira de um dos caras mais perigosos que eu conheço," Matt disse, empurrando-a. "Você tem que sair daqui. E eu também."
Bianca, apavorada, correu para a janela de serviço. Ela viu os dois pratos, o Carbonara e o Ravioli, esperando para serem levados à mesa.
"Eu tenho que colocar o veneno," Bianca disse. "Eu já prometi."
"Não coloque nada," Matt implorou. "Se o Mello descobrir que você tentou envenenar o cara dele, ele vai te caçar. Esquece a justiça social, Bianca. O Mello não brinca em serviço."
Mas Bianca já estava em modo de pânico. Ela tinha a seringa na mão, e a pressão do tempo a fez agir impulsivamente. Ela olhou para os pratos. Os dois pareciam iguais. O Carbonara era mais cremoso, o Ravioli era mais decorado com manjericão.
Randal havia pedido para dividirem. Ela não sabia qual prato era o de Randal.
"O Ravioli é mais chique. Deve ser o dele," Bianca murmurou para si mesma. Ela esvaziou o conteúdo da seringa no Ravioli.
Matt, observando a cena de longe, viu o que Bianca havia feito.
"Sua idiota," Matt sibilou. Ele sabia que Bianca havia acabado de assinar a própria sentença. Ele se virou e correu para fora, abandonando Bianca à própria sorte.
Bianca, com o coração acelerado, tentou agir normalmente. Ela pegou os pratos e foi em direção à mesa.
De volta ao salão, Mello e Randal estavam imersos em uma conversa sobre Sofia.
"Ela me chamou de 'mamãe' umas dez vezes hoje de manhã," Mello comentou, sorrindo. "Eu não sei como eu vou explicar isso para ela um dia. Que o termo não é biologicamente correto."
"Você vai encontrar uma forma. Você sempre encontra," Randal disse. "Você é a mãe dela, Mello. Não por biologia, mas por escolha e dedicação. A mentira da barriga é a sua história de origem. É o que ela precisa."
Bianca se aproximou da mesa, colocando os pratos com as mãos trêmulas. Ela colocou o Ravioli na frente de Mello e o Carbonara na frente de Randal, invertendo o que ela acreditava ser o correto, apenas por nervosismo.
"Aproveitem o jantar," Bianca disse, mal conseguindo sorrir. Ela se afastou rapidamente.
Randal olhou para os pratos, depois para Mello. "Eu acho que ela está nervosa. Talvez ela reconheceu a gente."
Mello olhou para o Ravioli, que parecia delicioso. Ele pegou o garfo.
"Eu vou com o Ravioli primeiro," Mello disse. "Eu sou fã de ricota."
Ele levou o garfo à boca, saboreando a massa. O veneno não tinha sabor imediato. Era inodoro e insípido.
Randal começou a comer o Carbonara. "Você tem que me dar a sua opinião. Eu nunca sei se o Carbonara deles é autêntico o suficiente."
"Está bom," Mello disse, pegando um pedaço do Ravioli. Ele sentiu um leve formigamento na ponta da língua, mas ignorou, pensando que era o manjericão.
"Nós estávamos falando sobre o futuro," Randal disse, voltando ao tópico. "Eu quero que você se mude para a cobertura comigo. Não agora, mas em breve. Assim que o apartamento novo de Sofia estiver pronto. Eu quero que você use a minha equipe de segurança, e eu quero que você assuma a gestão da segurança da nossa casa. Isso vai te dar a cobertura que você precisa, e a mim a tranquilidade de saber que Sofia está segura."
Mello parou de comer. A proposta era grande. Morar com Randal Von Ivory, o herdeiro. Era um risco massivo, mas também a maior proteção que ele poderia dar a Sofia.
"Você está falando de um noivado de fachada?" Mello perguntou. "Para explicar a minha presença na sua casa?"
"Eu estou falando de um teste de coexistência. O mundo vai especular, de qualquer forma. Se você estiver morando comigo, ninguém vai questionar a sua lealdade a mim. E se nós formos mais do que um cuidador e um empregador, isso garante que a minha família não interfira. Eles não podem questionar o meu gosto, apenas o meu julgamento. E eu confio no seu julgamento, Mello."
Mello sorriu. "Você está tornando isso muito difícil de recusar, Randal. Você me dá a segurança de Sofia, e me dá o que eu mais quero: tempo com você."
Mello sentiu o formigamento aumentar, descendo pela garganta. Ele tossiu levemente, pegando a taça de água.
"Você está bem?" Randal perguntou, preocupado.
"Sim, só engasguei um pouco. O Ravioli desceu de lado," Mello mentiu.
Ele olhou para a água, tentando ignorar a sensação de dormência que começava a se espalhar em sua boca.
"Eu aceito," Mello disse, limpando a garganta. "Eu aceito o teste de coexistência. Mas se eu me mudar para lá, você tem que saber que eu sou um hóspede de tempo integral, e eu vou ter voz em tudo que diz respeito à Sofia."
"É o mínimo que eu espero," Randal concordou. "Nós somos parceiros nisso. Em tudo."
Mello tentou pegar outro pedaço do Ravioli, mas seus dedos pareciam um pouco pesados. A dormência estava se transformando em uma fraqueza sutil. Ele tentou focar na conversa para ignorar os sintomas.
"Eu estava pensando sobre a minha antiga organização," Mello disse, forçando-se a falar sobre o que era importante. "Se eles vierem, eles vão vir com a intenção de me levar de volta. Eles precisam do meu conhecimento. Eu não posso permitir isso. Eu preciso de um plano de contingência que me permita desaparecer completamente se for necessário, sem que você ou Sofia sejam arrastados para isso."
"Nós vamos planejar isso. Nós vamos ter uma reunião com a minha equipe de segurança amanhã. Mas você precisa me prometer que você não vai fugir sem me dizer. Eu não quero acordar e descobrir que você se foi, Mello." Randal disse, a preocupação em sua voz era palpável.
"Eu não vou. Eu prometo," Mello disse. A visão de Randal estava começando a ficar um pouco turva, e ele sentiu um aperto no peito, como se ele estivesse segurando a respiração. A anestesia estava começando a funcionar.
Mello tentou se levantar para ir ao banheiro, mas suas pernas não responderam. Ele estava preso na cadeira.
"Randal... eu não estou me sentindo bem," Mello conseguiu dizer, a voz falhando.
Randal viu a mudança na cor do rosto de Mello e o pânico nos olhos de Mello.
"Mello! O que está acontecendo?" Randal gritou, levantando-se.
Mello tentou respirar, mas seus pulmões não estavam cooperando. A falta de ar era imediata e brutal. Ele pegou a garganta, tentando forçar o ar a entrar.
Randal correu ao redor da mesa, alcançando Mello.
"O que você comeu?" Randal perguntou, olhando para o prato de Ravioli.
Mello não conseguia falar. Ele apontou para o prato, e Randal viu que Mello tinha comido quase metade do Ravioli.
Randal tentou pegar Mello, mas o peso do corpo de Mello, agora flácido pela ação do veneno, o pegou de surpresa. Mello estava escorregando da cadeira.
"Alguém chame uma ambulância!" Randal gritou, desesperado.
Mello caiu no chão, a respiração de Mello agora era um som rouco e superficial. Randal se ajoelhou ao lado de Mello, segurando a mão de Mello.
"Mello, olhe para mim!" Randal implorou.
Mello olhou para Randal, o terror nos olhos de Mello. Ele tentou falar, mas apenas um chiado saiu. A anestesia estava quase completa.
Randal olhou para o prato de Ravioli, e a raiva fria tomou conta dele. Alguém tinha feito aquilo de propósito. Não era uma alergia. Era um ataque.
Ele olhou para a porta da cozinha, procurando por respostas. Bianca, que estava observando a cena de longe, correu para o fundo, sabendo que Randal logo a encontraria.
Randal tentou pegar o celular, mas ele sabia que o tempo era crucial. Ele precisava de ajuda imediatamente.
Ele olhou para Mello, que estava perdendo a consciência, a pele pálida e fria.
"Mello, você não vai a lugar nenhum. Você prometeu!" Randal disse, tentando manter Mello acordado.
Randal tentou fazer respiração boca a boca, mas ele sabia que não era o suficiente. O veneno estava agindo rapidamente.
"Nós precisamos de ajuda!" Randal gritou, mas o restaurante estava paralisado pelo pânico.
Randal pegou Mello nos braços, levantando o corpo pesado de Mello. Ele precisava tirá-lo dali. Ele precisava de ar e de um hospital.
Randal saiu correndo do restaurante com Mello nos braços, ignorando os gritos das pessoas. O motorista ainda estava esperando na porta.
"Para o hospital mais próximo! Agora!" Randal gritou para o motorista, que estava apavorado.
Randal colocou Mello no banco de trás, a cabeça de Mello repousando em seu colo. Ele tentou manter Mello respirando, pressionando o peito de Mello.
Mello abriu os olhos uma última vez, e ele olhou para Randal.
"Sofia..." Mello conseguiu sussurrar.
"Eu sei, Mello. Eu vou cuidar dela. Mas você tem que lutar. Você tem que ficar comigo," Randal implorou, as lágrimas escorrendo pelo rosto.
O carro acelerou pela rua, e Randal abraçou Mello com força, sentindo a vida de Mello escorregar por entre os seus dedos. Randal Von Ivory, o homem que resolvia tudo com dinheiro e poder, estava completamente impotente.
Ele olhou para o rosto de Mello, que agora estava sereno, a consciência de Mello perdida.
Randal sentiu o carro frear bruscamente na frente da emergência. Ele pegou Mello e saiu correndo, gritando por ajuda.
Os enfermeiros vieram com uma maca e tiraram Mello de seus braços.
"Envenenamento! Falta de ar! Ele comeu algo no restaurante!" Randal gritou, enquanto eles levavam Mello para a sala de emergência.
Randal ficou parado na porta, observando enquanto eles cercavam Mello. Ele estava coberto de suor e lágrimas, a mente de Randal em um turbilhão de terror.
Ele se lembrou da confissão de Mello. O perigo. A ameaça sutil.
Ele olhou para as próprias mãos, que ainda tremiam.
Randal tirou o celular do bolso e ligou para o seu chefe de segurança.
"Eu quero o nome de todos que trabalharam no *Il Segreto* hoje à noite. Eu quero o Ravioli testado. Eu quero a segurança da Sofia triplicada. E eu quero o Mello protegido. Ninguém pode chegar perto dele. Eu quero tudo em silêncio. Ninguém pode saber o que aconteceu."
Randal desligou o telefone e caiu na cadeira da sala de espera, a exaustão o atingindo.
Ele olhou para o chão, e viu que o motorista havia voltado.
"Senhor Von Ivory, eu liguei para a polícia," o motorista disse, nervoso.
"Você fez o quê?" Randal perguntou, o tom perigoso.
"Eu pensei que seria o certo a fazer. Eles envenenaram o seu... o seu amigo."
"Eu não quero a polícia aqui. Eu disse para manter em silêncio!" Randal explodiu.
Randal se levantou, caminhando até o balcão da emergência.
"Eu sou Randal Von Ivory. O homem que vocês acabaram de trazer é Mello. Eu quero o melhor médico, e eu quero atualizações a cada minuto. Eu não me importo com o custo. Salvem ele."
Randal sabia que a discrição havia acabado. Ele havia sido atacado, e Mello estava pagando o preço.
Ele voltou para a cadeira, tentando respirar. Ele precisava de Mello. Mello era a fundação dele, o único que o desafiava e o entendia.
Randal pensou em Sofia, dormindo na casa da tia Clara, alheia ao terror.
Randal sabia que o "teste" havia terminado. Não havia mais tempo para namoro e hesitação. Ele precisava agir. Ele precisava proteger Mello e Sofia. E ele faria qualquer coisa para isso.
Ele se levantou, e foi até a porta de Mello, olhando através do vidro. Mello estava deitado na cama, cercado por máquinas.
Randal colocou a mão no vidro.
"Você tem que voltar, Mello," Randal sussurrou. "Eu preciso de você. A Sofia precisa de você."
Ele olhou para a porta. Ele precisava descobrir quem havia feito aquilo. E ele precisava garantir que Mello sobrevivesse.
Randal pegou o celular e ligou para tia Clara.
"Clara, sou eu, Randal. Eu preciso de um favor. Mello teve uma emergência de saúde. Eu estou no hospital. Você pode ficar com Sofia por mais uma noite? Eu vou mandar o meu segurança para ficar com vocês."
Tia Clara concordou, preocupada.
Randal desligou o telefone e olhou para o relógio. Já era tarde. O mundo corporativo e o mundo criminoso de Mello haviam colidido, e a vida de Mello estava em risco.
Ele precisava do Mello vivo para construir o futuro que eles haviam prometido.
Randal olhou para o médico que se aproximava da porta. O rosto do médico estava sério.
Randal se aproximou, esperando pelo veredicto.
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