## Capítulo 5: O Preço da Atuação L olhou para Vladimir. O detetive estava dirigindo, com o rosto relaxado agora que não precisava mais performar. A tensão se esvaíra de seus ombros, e ele parecia profundamente satisfeito consigo mesmo. De repente, Vladimir soltou uma risada baixa e rouca. Não era a risada forçada de Gabriel. Era a risada genuína de Vladimir, a risada que L conhecia há anos. L o encarou, a raiva aumentando. “O que é tão engraçado, Vladimir?” Vladimir sorriu, um sorriso largo e descontraído, balançando a cabeça. Ele parou o carro em um semáforo vazio e olhou para L, os olhos cintilando na penumbra. “Ah, Gabriel,” ele disse, ainda rindo. “Você tinha que ver sua cara. Você parecia que ia me matar ali mesmo, no meio da pista.” Ele pausou, respirando fundo, ainda saboreando o momento. “Sabe de uma coisa, L?” Vladimir usou o nome verdadeiro de L, um sinal de que a atuação havia terminado. “Pela primeira vez em muito tempo... sinto que todos aqueles anos de vergonha que passei no ensino médio... aqueles anos sendo chamado de esquisito e sendo dispensado por todas as garotas... finalmente valeram para algo.” Ele sorriu de novo, acenando para si mesmo no espelho retrovisor, como se estivesse validando uma vingança de trinta anos contra a adolescência. “A humilhação social foi uma grande preparação, afinal. Eu sei exatamente como agir como um idiota. E é tão, tão bom.” Ele piscou para L, um gesto que era simultaneamente cínico e charmoso. L sentiu seu estômago torcer. A satisfação de Vladimir era palpável, e isso só aumentava a raiva reprimida de L. A humilhação não havia sido um subproduto necessário da cena; havia sido um prazer calculado para Vladimir. Aquilo não era apenas profissional; era pessoal. Cruel, até. Vladimir ligou a seta e virou à esquerda, a risada de novo preenchendo o carro. “Sério, L, a cara da Sarah! Ela estava quase babando de inveja. E o Nate? Ele achou que eu ia brigar com ele. Tive que dar um jeito rápido de sair de lá antes que ele inventasse algum drama secundário. E a Anna, você viu? Totalmente arrasada. Nossa presença é um evento sociológico completo.” Vladimir continuou a analisar a cena, completamente absorto no sucesso de sua performance, ignorando a tempestade silenciosa que se formava ao seu lado. L manteve o silêncio. A raiva borbulhava, mas ele já tinha decidido que não daria a Vladimir a satisfação de um confronto imediato, uma briga gritada no carro, a qual provavelmente Vladimir dominaria com lógica afiada ou um charme detestável. Não, L tinha uma estratégia melhor. Ele usaria o insulto de Vladimir como uma arma psicológica. A vingança precisava ser drástica, mas silenciosa, e, acima de tudo, exigir penitência. L virou a cabeça para olhar para a janela, onde a paisagem urbana passava em um borrão cinzento de postes e luzes distantes. Ele permitiu que a respiração ficasse superficial, o corpo tenso, mas inerte. Ele precisava assumir a postura da vítima. Gabriel Perez estava ferido, humilhado, e L faria Vladimir sentir o peso da culpa. “Eu não estou achando graça, Vladimir,” L disse finalmente, sua voz baixa e um pouco vacilante, bem no tom de mágoa contida que Gabriel usaria. A risada de Vladimir cessou quase que instantaneamente. O silêncio voltou, mais denso do que antes. “Qual é, L, era só uma encenação!” Vladimir tentou justificar, seu tom ligeiramente impaciente, mas com um toque de cautela. Ele finalmente notara a ausência do humor usual de L. L suspirou, um som exageradamente triste. “Essa ‘encenação’, como você chama, me fez de chacota na frente de, tipo, vinte pessoas. Pessoas que já me chamam de ‘vadia’ o dia inteiro. Você realmente precisava me chamar de… daquilo?” Ele nem conseguiu pronunciar a palavra. Isso era um toque excelente, pensou L. A incapacidade de verbalizar a ofensa realçava o ferimento. Vladimir hesitou. Ele odiava lidar com dramas emocionais. Era o calcanhar de Aquiles dele, algo que L explorava ocasionalmente quando o estresse da convivência se acumulava. “Ouça, L, eu me empolguei,” Vladimir admitiu, o tom já mais contido, o profissionalismo voltando lentamente enquanto ele sentia a necessidade de consertar o dano. “O personagem exige excessos. Meu papel é o do namorado possessivo e meio babaca. Eu estava consolidando o controle, fazendo com que todos vissem que você é meu, e que eu sou o alfa da situação.” L balançou a cabeça lentamente, mantendo o olhar fixo na janela. “Consolidar o controle? Me chamando de puta? Isso não é consolidar, Vladimir, isso é destruir qualquer dignidade que eu estava tentando manter em meu personagem.” Sua voz tremeu perceptivelmente; uma dose de água nos olhos seria o toque perfeito, mas L não podia ir tão longe. “Eu sei, eu sei. Eu errei a mão. Eu peço desculpas, L, de verdade,” Vladimir disse, e o tom dele era genuíno o suficiente para a satisfação momentânea de L. Vladimir odiava admitir erros, especialmente erros de cálculo social. Finalmente, eles chegaram ao apartamento que dividiam. Era um espaço funcional, mobiliado com o mínimo necessário para parecer habitável, mas sem qualquer toque pessoal – a não ser pelo canto de Vladimir, onde seus livros, equipamentos de alta tecnologia e, ironicamente, uma pequena coleção de vinhos caros estavam dispostos com precisão obsessiva. Vladimir estacionou o carro com um solavanco e desligou o motor. O silêncio voltou, quebrado apenas pelo clique do metal esfriando do motor. L não se moveu. Ele ficou sentado, olhando para frente, o corpo ainda tenso. “Vamos, L,” Vladimir disse, a voz suavizando um pouco. Ele tentou colocar a mão no ombro de L, mas L se encolheu sutilmente antes que o toque pudesse se concretizar, um movimento quase imperceptível, mas altamente eficaz. Vladimir retirou a mão como se tivesse levado um choque. L sabia que este era o momento crucial. Ele estava forçando Vladimir a ter que se desculpar profundamente, quebrando aquele personagem de detetive-brilhante-arrogante que ele gostava de sustentar. L suspirou de novo, e desta vez, ele finalmente se virou para olhar para Vladimir. Seus olhos estavam ligeiramente avermelhados—L tinha o talento de forçar isso com a privação de sono—e seu rosto expressava uma tristeza profunda. “Você não entende, Vladimir. Não é só a palavra. É o contexto. É o acúmulo de tudo. Eu estou aqui há meses, sendo tratado como um pedaço de carne, respondendo perguntas nojentas, suportando toque indesejado, fingindo que sou apaixonado por você — por um cara que me chama de puta na frente de todo mundo, como se eu fosse um objeto descartável.” L deixou a voz falhar um pouco na última parte. O ressentimento era real, o que tornava a performance mais fácil. Vladimir se inclinou, os cotovelos apoiados no volante. Ele parecia cansado, a fachada de adolescente perigoso completamente desfeita. Agora era puramente o detetive Vladimir, enfrentando a inevitabilidade de um drama. “L, olhe para mim,” Vladimir pediu, sua voz baixa e séria. “Eu sinto muito. Eu cruzei uma linha que eu não deveria. O stress estava alto. Eu devia ter pensado melhor.” L manteve a postura de indignação e mágoa, mas por dentro, sentiu uma vitória silenciosa. Vladimir nunca pedia desculpas com tanta profundidade e clareza. “Sei que não é fácil para você, L. Sei que você odeia o papel, as perguntas, a humilhação. Mas precisamos disso. O caso… ele depende dessa dinâmica. Eu estava apenas sendo… eficiente. Mas fui cruel no processo. Me perdoe.” O pedido de desculpas era aceitável. L relaxou um pouco os ombros, sinalizando que a tensão estava diminuindo, mas ainda não totalmente resolvida. “Tudo bem, Vladimir. Vamos apenas… esquecer isso,” L murmurou, abrindo a porta do carro e deslizando para fora, mantendo uma distância física entre eles. Eles subiram os dois lances de escada até o apartamento alugado. O apartamento estava escuro e frio. L ligou as luzes da sala, revelando a austeridade do ambiente. Ele tirou a jaqueta justa de Gabriel Perez, sentindo-se instantaneamente um pouco mais ele mesmo, embora ainda vestisse a camiseta apertada (a qual ele odiava). Vladimir foi direto para a cozinha e voltou com um copo d’água, oferecendo a L. “Bebe isso,” ele ordenou, com um tom que era uma mistura de comando e cuidado. “Você precisa se hidratar. E ir tomar um banho.” L aceitou o copo. “Vou fazer isso.” Ele bebeu a água lentamente. Vladimir observou L por um momento, a expressão ainda tensa com a culpa. “Vá. Eu vou começar a escrever o relatório. Temos algumas atualizações importantes com o Terceiro Garoto e a dinâmica da humilhação da Anna. Precisamos registrar isso logo.” “O Terceiro Garoto,” L disse, pensando alto. “Você conseguiu o nome dele?” “Não. Mas Nate disse que ele é novo na cidade. Um cara quieto, mas que tem muito dinheiro, pelo que ele ouviu. Eu vou investigar a fundo amanhã. Por agora, vá descansar. Você tem a rotina de ‘vadia submissa’ para cumprir amanhã cedo na escola.” Vladimir tentou forçar um sorriso, mas ele vacilou. “Certo,” L respondeu, com a voz ainda um pouco seca e ferida. Ele sabia que precisava manter a fachada de fragilidade para que Vladimir cumprisse a penitência que ele havia planejado: ele queria que Vladimir fizesse o trabalho pesado da noite. “Eu não consigo fazer isso hoje,” L disse, olhando para as costas de Vladimir. “Eu estou… esgotado.” Vladimir virou-se. Ele entendeu a deixa. L estava pedindo folga do relatório noturno, a análise meticulosa de dados e a sincronização das informações. Era o que L sempre fazia. Ele usava o cansaço ou a mágoa para forçar Vladimir a assumir tarefas que ele considerava menos agradáveis. “Tudo bem, L. Vá descansar. Eu cuido dos relatórios.” O tom de Vladimir não era de resignação, mas sim de aceitação de uma punição justa. L assentiu e começou a ir para o quarto, sentindo o peso da humilhação encenada e real começar a ceder. No entanto, quando L estava passando pela porta do quarto, Vladimir se moveu para o lado na direção da sala de estar para pegar seu notebook. E então aconteceu. Quase como um reflexo, sem pensar, Vladimir passou o braço direito pela cintura de L. O contato durou apenas um segundo, talvez menos. Foi um movimento suave, instintivo, de quem está acostumado a tocar a outra pessoa em meio a uma passagem apertada, ou no calor de um quarto, ou até mesmo como um pequeno sinal de afeto enquanto se está distraído. Não foi o agarre teatral e possessivo que Vladimir usava na frente dos adolescentes; foi algo diferente, quase doméstico. L parou abruptamente, o corpo congelado pela surpresa. Vladimir também parou. Ele sentiu o tecido justo sob seus dedos por um milésimo de segundo e, quando percebeu o que tinha feito, seus olhos se arregalaram levemente. Ele retirou o braço imediatamente, o movimento rápido e quase de pânico, como se tivesse tocado em brasa. “Desculpe! Eu… desculpe,” Vladimir murmurou, olhando para o chão, parecendo mais envergonhado por aquele gesto involuntário do que por tê-lo chamado de puta na frente de vinte pessoas. L engoliu em seco. A cena inteira demorou dois segundos, mas L sentiu o impacto em câmera lenta. Ele tinha esquecido. Eles estavam agindo como namorados há quase quatro meses, o dia inteiro. Desde que acordavam até o momento em que caiam na cama — onde dormiam em camas separadas, é claro, mas lado a lado —, eles eram Gabriel Perez e o bad boy possessivo Vladimir. Quatro meses de toques simulados, olhares de cumplicidade forçada, e aquela proximidade constante que exigia manter um senso de propriedade pública para o disfarce. O que acabara de acontecer não era Gabriel e Vladimir. Não era o detetive L e seu colega profissional Vladimir. Era o vestígio de uma rotina. L viu a rápida retirada de Vladimir e a vergonha em seus olhos, e a raiva silenciosa de L desapareceu, substituída por uma percepção complexa. Eles estavam cansados. Cansados de estar em um teatro sem pausa. L analisou a situação, apoiando-se no batente da porta. Não era a primeira vez, ele percebeu. Havia os pequenos acidentes: a vez em que eles acordaram e Vladimir tinha puxado L para mais perto sob a manta fina, e eles tiveram que inventar uma desculpa esfarrapada sobre o frio para que a tensão da intimidade involuntária dissipasse. A vez em que L, como Gabriel, tinha se inclinado para sussurrar algo no ouvido de Vladimir na festa, e o próprio Vladimir tinha beijado sua testa com uma naturalidade que assustou os dois. Eram lapsos. Lapsos causados pelo excesso. Eles tinham mantido o disfarce com uma disciplina de ferro. Eles tinham que, afinal, eram os dois maiores detetives em seu respectivo país, e o caso era de altíssima prioridade. Mas o subconsciente não reconhecia a pausa. O cérebro estava se adaptando ao novo normal: L pertencia a Vladimir, e Vladimir agia como o dono de L. O simples toque, um puxão pela multidão, um braço firmemente colocado na cintura... esses gestos, repetidos centenas de vezes, tinham se tornado reflexos. O teatro tinha se infiltrado na realidade. “Tudo bem, Vladimir,” L disse, sua voz mais suave agora. Ele não podia manter o drama da vítima depois daquilo. O momento de vulnerabilidade de Vladimir havia quebrado a armadura de L também. “Eu sei que a gente está no automático.” Vladimir suspirou, aliviado por não ter que se defender de outra invasão de limites. Ele pegou o laptop do sofá e colocou-o na mesa de centro. Ele abriu a máquina e esperou o sistema carregar, seu foco já voltando para o trabalho. L foi para o quarto e voltou segundos depois, vestindo uma camiseta velha e larga e shorts de algodão. A sensação de tirar as roupas justas de Gabriel Perez era libertadora; era como tirar uma pele apertada. Ele observou Vladimir começar a digitar no laptop ultrasseguro, seus dedos movendo-se rapidamente, o foco absoluto voltando à tona. L sabia que, embora Vladimir estivesse exausto, a adrenalina do caso dava a ele uma segunda vida. O relatório seria preciso, meticuloso, e envolveria o dobro de informações que L conseguiria reunir, porque Vladimir estava movido agora, não apenas pela glória, mas pela culpa de ter insultado L e de ter que compensar o erro. L sentou-se na poltrona do canto e fechou os olhos. Ele tentou organizar o fluxo de informações da noite. A ameaça ao calouro. A humilhação de Anna. A introdução do Terceiro Garoto. A estranha naturalidade do toque de Vladimir. Ele abriu os olhos e viu Vladimir inclinado sobre o laptop. A luz fraca da tela iluminava o rosto dele, destacando o contorno de sua mandíbula e a sombra pesada sob seus olhos. L sentiu um nó no peito, que não era de raiva nem de mágoa, mas de cansaço. A infiltração estava cobrando um preço emocional que L não previra, uma erosão constante dos limites entre o eu e o personagem. L se sentia sujo pelas interações, e exausto pela constante atuação. Ele se levantou da poltrona. Ele ainda estava abalado. Ele precisava de mais do que apenas ver Vladimir trabalhar; ele precisava de um tempo fora, de alguma conexão com o mundo real, mesmo que fosse apenas com seu parceiro de caso. L atravessou a sala e, hesitantemente, sentou-se no sofá ao lado de Vladimir. Ele manteve uma distância respeitosa, mas a proximidade era reconfortante na escuridão do apartamento. Vladimir não olhou para cima imediatamente. Ele estava digitando uma análise sobre a dinâmica Sarah-Zoey-Anna. “Você viu a satisfação no rosto de Sarah quando a Anna encolheu?” Vladimir perguntou, sem tirar os olhos da tela. “É o auge do controle social para elas. Anna é um alvo porque ela está na zona cinzenta—ela é ‘famosa’, mas não é *intocável*. Um bode expiatório perfeito para reafirmar a hierarquia.” L assentiu, observando a digitação rápida de Vladimir. “O Nate também estava satisfeito. Ele estava usando a humilhação de Gabriel para se promover.” “Exatamente,” Vladimir concordou, finalmente pausando para reler o que havia escrito. Ele esfregou a nuca, um sinal de fadiga. “Ele vê em mim um espelho de poder que ele nunca terá. Ele só está replicando o meu comportamento possessivo para ganhar posição.” Eles ficaram um tempo em silêncio confortável, o único som sendo o clique suave das teclas. L observou a forma como Vladimir estava concentrado. L percebeu que, por mais que detestasse o papel de Gabriel Perez e a dinâmica de poder tóxica que ele representava, o trabalho com Vladimir era, indiscutivelmente, fascinante. Vladimir tinha uma capacidade incomparável de destrinchar as interconexões sociais e decifrar as motivações humanas mais obscuras. Em horas, ele havia estabelecido uma rede de intimidação e controle que L não conseguiria replicar em meses, e havia consolidado o acesso ao topo da hierarquia social da “casa de fraternidade”. L sentiu um lampejo de admiração, rapidamente abafado pela lembrança do insulto. Admirar não significava perdoar o abuso profissional. “O ‘puta’ realmente não foi necessário, Vladimir,” L reiterou, sua voz mantendo a firmeza, mas sem a mágoa. Era apenas um lembrete profissional. Vladimir suspirou pesadamente e fechou os olhos por um segundo. “Eu sei, L. Não vai acontecer de novo. Eu prometo. Eu estava… no personagem, mas levei longe demais.” Ele forçou um sorriso cansado. “Talvez eu deva diminuir a intensidade amanhã. Eu vou ser o namorado menos verbalmente abusivo, prometo.” L aceitou a trégua. Ele sabia que Vladimir manteria a promessa. A reputação profissional e a confiança entre eles eram fundamentais, e Vladimir valorizava isso acima de tudo. L recostou-se no sofá, sentindo o calor do corpo de Vladimir ao seu lado. Uma onda de exaustão real o atingiu. O dia havia sido longo, cheio de emoções forçadas e adrenalina. Ele fechou os olhos novamente, tentando visualizar a disposição das câmeras no quarto – um projeto que precisaria ser revisado. Eles identificaram três ângulos básicos, mas L suspeitava de uma lente olho de peixe que cobriria toda a área. Havia também a questão de como o vídeo era transmitido; provavelmente via Wi-Fi para um ponto de coleta próximo. Ele tentou se concentrar no Terceiro Garoto. Alto, sério, com olhos calculistas. Quem era ele? Um novo cliente? Um observador? A mente de L lutava para processar as informações. “Terminei a análise da humilhação,” Vladimir disse, a voz abafada. “Vou começar a estruturar o relatório de Nate e do Novo Garoto. Eles foram vistos conversando muito, e o Baru, o garoto que eu intimidei, disse que o Novo Garoto parece ter algum tipo de conexão com os mais velhos. O Baru parece observador, mas aterrorizado. Eu vou precisar usá-lo mais como fonte.” L murmurou um som de assentimento, mal conseguindo manter os olhos abertos. Ele observou Vladimir começar a escrever o início do relatório. Vladimir pressionou as teclas com determinação por mais alguns minutos. L podia ver a tela: *RELATÓRIO DE PROGRESSO – 05/09/20XX* *Tópico: Dinâmica Sócio-sexual e Hierarquia da ‘Casa de Fraternidade’* *Investigadores: L (Gabriel Perez), Vladimir* *Data da Operação: 04/09/20XX* *Local: Residência Abandonada (East Side)* *Resumo: A consolidação do disfarce de Vladimir como figura de poder foi alcançada através de demonstrações de possessividade e controle social. A humilhação pública de Anna serve como estudo de caso para o reforço da moralidade seletiva do grupo. Introdução de um Novo Pessoa (codinome: O Observador). A tensão entre os investigadores (L e Vladimir) atingiu um ponto de ruptura momentâneo após a atuação. Estratégia de Mitigação de Risco em Andamento.* L soltou um pequeno som de satisfação. A “estratégia de mitigação de risco” era a penitência de Vladimir, a garantia de que o insulto não seria repetido. L sentiu seus músculos relaxarem completamente. O calor do apartamento, o som ritmado da digitação, a presença sólida de Vladimir ao seu lado—era uma paz estranha, conquistada após o caos emocional da festa. Ele estava exausto. O sono o chamou com uma urgência que L não podia ignorar. Ele observou o parceiro escrevendo o início do relatório, mas logo em seguida acabou dormindo.

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