Capítulo 9: O Lado Bipolar da Chefia
“Você está no comando, César. Dentro de uma semana. Agora prepare-se. Temos muito o que discutir.”
A frase de Sasha pairou no ar como uma névoa pesada, cheia de todas as implicações de poder e perigo. Mello não precisava de alarme. O corpo dele já estava em um estado de alerta hiper-reativo; os ombros, sempre tensos, pareciam querer subir até as orelhas. O silêncio na sala era tão denso que ele podia sentir a pressão no interior de seu crânio.
César estava pálido. Não o tipo de palidez albina habitual, que Mello tinha se acostumado a ver como a cor base dele, mas um tom acinzentado sob a pele, o tipo que indicava que todo o sangue havia migrado para os órgãos essenciais, fugindo do sistema tegumentar em resposta ao choque. A transição. O poder supremo. O alvo mais visível de todos.
Mello não pensou. Agir foi instintivo, uma extensão de todos os seus instintos de proteção que havia desenvolvido nos últimos dezoito meses. Ele precisava de espaço. Precisava romper a bolha pesada que Sasha havia criado onde César era apenas o objeto da transição e Mello o acessório inteligente.
Ele estendeu a mão, e o movimento, para qualquer pessoa, pareceria casual, um alívio da pose tensa. Mas tocou o braço de César. Não um toque de carinho, mas um aperto firme logo acima do cotovelo, sob o tecido luxuoso do terno. Foi um sinal codificado: *Estou aqui. Saia daqui. Afaste-se dele.*
César não olhou para ele, mas Mello sabia que ele tinha registrado o toque. Era a forma silenciosa deles de se comunicarem sob pressão, o toque significava que a ameaça estava em um nível insuportável e que a fuga, ou pelo menos, a retirada estratégica, era a próxima jogada lógica.
Mello se forçou a falar, mantendo o tom o mais desinteressado possível, olhando para a porta como se estivesse apenas cansado de uma reunião chata. “Bem. Isso exige… planejamento. Meu cérebro está fritando.” Mello fez uma careta, tocando a testa. “Vou me retirar. César, você parece que vai explodir. Não se mate ainda. Eu preciso de você para a próxima fase. Tente não absorver muito do… charme paterno.”
Ele não esperou por uma resposta. Virou-se e começou a caminhar em direção à porta lateral que dava acesso aos corredores privados da vila. Ele não ia dar a Sasha a satisfação de vê-lo correndo, então ele controlou seu ritmo para ser um passo rápido e decidido, o casaco de couro preto balançando levemente, o ruído sutil de suas botas no mármite polido preenchendo o silêncio.
Ao passar por Yuri, o guarda-costas de Sasha, Mello sentiu o olhar pesado do gigante. Yuri não era hostil de forma pessoal, apenas uma força da natureza seguindo ordens. Mello mal o notou. Sua mente corria.
Ele estava irritado e assustado, o que era uma combinação perigosa para ele. Irritado porque Sasha, o Alfa, havia conseguido desestabilizar César tão facilmente. Assustado porque se a transição fosse tão brusca, a vulnerabilidade de César seria exponencial. Uma semana. Era menos tempo do que Mello precisava para planejar uma viagem de férias, quem dirá uma tomada de poder em uma organização criminosa global.
Ele subiu as escadas em um ritmo acelerado, não se importando com a possível indelicadeza. Ele alcançou o quarto principal—o deles—e fechou a porta atrás de si com um baque que parecia alto demais no silêncio da villa.
O quarto era enorme, em tons de branco e bege, o mar Egeu cintilando através das janelas de vidro do chão ao teto. O luxo o sufocava às vezes, mas era inegavelmente um refúgio seguro.
Mello atirou o casaco de couro na poltrona mais próxima. O pijama de seda, de um cinza profundo, que ele usava sob o casaco, estava pegajoso contra o corpo. O calor da Espanha não ajudava, mas era principalmente a adrenalina que o estava fazendo suar.
Ele precisava de um respiro, uma pausa na lógica. A lógica atual era: *Sasha está dando a César o controle. Isso será um banho de sangue. Mello precisa assegurar a sobrevivência de César.*
Poder? Mello não ligava para o poder em si. Ele ligava para o controle, e o poder era a única forma de atingir esse controle. Seu foco primário, porém, era César.
Ele sentou-se na beirada da cama, puxando as botas. Seus pensamentos começaram a girar, a sensação familiar de pânico frio se instalando na base de seu estômago. Ele se lembrou do que tinha dito a Sasha: *Eu invisto minha inteligência onde o retorno é maior em termos de segurança e controle. Ficar com César é o caminho mais lógico para a minha sobrevivência a longo prazo.* Era verdade, mas não era apenas sobre sobrevivência.
Mello respirou fundo. Ele nunca tinha verbalizado o pensamento, nem mesmo para si mesmo em seus momentos mais honestos. Mas era hora de enfrentar o fato: ele amava César.
Não era o amor sentimental, morno, que ele provavelmente lia nos livros na infância. Era algo mais primitivo, nascido no beco, nutrido através do medo e da dependência mútua. Era o conhecimento de que, depois de Nate ter roubado o primeiro lugar, e todos os outros na sua vida terem o descartado, César foi o único que o aceitou, falhas expostas, vício e tudo.
César era o seu primeiro lugar, a sua âncora.
Ele amava a lógica brutal de César, a forma como ele misturava a frieza do cálculo com a necessidade desesperada de carinho. Acima de tudo, Mello amava o fato de que, perto de César, ele não era o “segundo lugar”. Ele era a mente. Ele era o estrategista. Ele era a pessoa mais importante na vida de César. E esse reconhecimento era o que ele mais desejava.
Aquele sentimento, no entanto, era o seu maior ponto de vulnerabilidade, e ele sabia disso. O amor, mesmo que fosse do tipo lógico e necessário, era uma fraqueza que Sasha exploraria, e que o colocaria em risco.
Ele queria o bem de César. E o bem de César, neste momento, era viver o suficiente para comandar este império sem ser assassinado. E isso significava estar atento à mente predatória de Sasha.
Mello levantou-se. Ele precisava cortar o ciclo de pensamentos ansiosos. Ele foi direto para o banheiro espaçoso, ligando o chuveiro no máximo de temperatura que conseguia aguentar.
O vapor começou a preencher o ambiente em segundos. Mello tirou o pijama de seda—agora jogado em um canto—e entrou no box. A água quente chicoteava suas costas e ombros tensos, uma tentativa de forçar seu corpo a relaxar.
Fechou os olhos, inclinou a cabeça para trás e permitiu que a água corresse sobre a cicatriz de queimadura, que sempre coçava quando ele estava estressado. Ele esfregou a pele com força, desejando que a sensação física pudesse anular o zumbido incessante de estratégias e perigos em sua cabeça.
*Uma semana. Uma transição de poder de um mafioso de longa data para um jovem de dezessete anos. Onde está a armadilha?*
Mello tentou respirar profundamente, o vapor limpando seus pulmões. Ele não podia ficar paralisado pelo medo. Ele precisava analisar.
Se Sasha estivesse realmente morrendo de "fraqueza de influência", como ele havia dito, esta era sua jogada final para garantir que o império que ele construiu sobrevivesse, mesmo que fosse sob o comando de seu filho 'emocional'. Era a única forma de Sasha ter um legado que não fosse de desintegração.
Mello lavou o cabelo loiro bagunçado. A água escorria, levando consigo um pouco da tensão.
O que César estava fazendo agora? No escritório, com Sasha. Mello podia imaginar a cena. Sasha, falando em russo, com sua voz monocórdia e autoritária, listando todos os desafios, os ativos, os riscos. César, ouvindo avidamente, mas com cada nervo entrando em parafuso.
A mente de Mello começou a se acalmar à medida que o calor da água fazia efeito. A parte impulsiva dele cedeu lugar ao calculista frio que ele havia treinado para ser.
Ele saiu do chuveiro, secando-se de forma rápida e eficiente. Na bancada de mármore, havia uma cesta de amenidades de luxo. Ele pegou um roupão. Não o pijama de seda que César amava porque era macio, mas um roupão de veludo branco, pesado e macio, que parecia absorver toda a ansiedade restante. Ele se sentiu instantaneamente mais terrestre, mais protegido.
Mello voltou para o quarto e o sol já havia se posto. A única luz vinha da rua e da porta do banheiro semi-aberta.
Ele se jogou na cama, o roupão envolvendo seu corpo magro. Ele não planejava dormir, apenas deitar e reanalisar as palavras de Sasha. Mas o estresse do confronto, o banho quente e a segurança momentânea do quarto de repente o reivindicaram.
Ele fechou os olhos por um momento, apenas para processar.
O próximo momento foi um choque.
Mello acordou com uma sensação estranha de desorientação. O quarto estava escuro, a escuridão total da noite substituindo o crepúsculo. Ele deve ter desmaiado.
Ele se moveu, puxando o roupão apertado. Olhou para o relógio digital na mesa de cabeceira. Já eram quase onze horas da noite. Ele tinha dormido por pelo menos cinco horas. O que significa que a 'reunião' com Sasha estava em andamento por todo esse tempo.
Ele se sentou na cama, ouvindo.
Silêncio.
Mello esperava um mínimo de agitação, algo que indicasse que a discussão estratégica para a transferência de poder estava acontecendo. Guardas, vozes, até mesmo o som abafado de Sasha discutindo. Mas nada. A villa estava silenciosa, o único som sendo o murmúrio distante do mar.
Ele se sentiu imediatamente incomodado. O silêncio da máfia não era pacífico; era um sinal de que algo estava terrivelmente errado, ou terrivelmente organizado.
Ele se levantou, a sensação de urgência retornando. Ele não podia ficar no quarto, se sentindo inútil. Ele era o estrategista. Ele precisava saber o que estava acontecendo, especialmente se César estivesse sendo manipulado de alguma forma.
Mello saiu do quarto, caminhando descalço. O roupão de veludo branco era a única coisa que o cobria, mas ele não se importava com a formalidade ou a falta dela na frente de guardas que provavelmente já esperavam atitudes estranhas dele.
Ele desceu as escadas principais, lentamente. A vasta sala de estar, onde o confroto tinha ocorrido, estava banhada na escuridão, apenas com algumas luzes indiretas acesas, o que criava sombras longas e dramáticas.
O silêncio era esmagador.
Mello parou no pé da escada. A sala principal, onde estavam antes, estava vazia. Mas a biblioteca, que dava para a sala, tinha alguma luz emergindo e, mais importante, o som baixo de vozes.
Ele caminhou em direção à biblioteca, movendo-se com a cautela de um predador, apesar de estar usando um roupão de banho.
Ao se aproximar, ele pôde distinguir as vozes. Eran Sasha e César.
Mello parou na soleira da porta, apenas observando. Ele não queria interromper, mas precisava absorver a dinâmica.
Sasha estava sentado em uma das poltronas de couro preto, com uma postura completamente relaxada, uma taça de algo escuro na mão. Ele não parecia nem um pouco cansado de passar cinco horas em discussão intensa, mantendo a aura de controle imperturbável.
César estava em pé, de frente para a janela, as costas para Mello. O terno caro ainda estava impecável, mas ele parecia maior, mais… estabelecido. A tensão que Mello sentia antes em César havia desaparecido. Agora, parecia que ele estava usando a camisa de força do poder.
Mello estava tentando entender o tom da conversa que estava sendo conduzida.
A primeira coisa que César disse fez Mello congelar no lugar.
Ele estava falando russo. Mello entendia o russo, um dos muitos idiomas que ele havia aprendido para ajudar César na comunicação internacional. E o tom de César era diferente.
“... e o porto de Odessa, Pai, precisa ser assegurado. Se o conselho acha que tem uma chance de desviar o financiamento por lá, eles precisam entender que a linha de comando mudou. Não podemos permitir fraqueza na logística. Yuri está disponível para cuidar disso?”
Mello franziu a testa. Onde estava seu César, o garoto que falava com uma voz hesitante e demonstrava uma necessidade quase palpável de aceitação? A pessoa que falava agora era o Herdeiro Rostova, frio, clínico, usando o vocabulário estratégico que Mello tinha ensinado, mas aplicado com uma autoridade que soava idêntica à de Sasha. Não havia hesitação, não havia aquela leve nota de vulnerabilidade que o tornava César.
Sasha sorriu, passando a mão pela taça. O sorriso era de pura satisfação paterna, aquele que Mello odiava.
“Yuri está ocupado garantindo que o aeroporto de Nice esteja pronto para a nossa partida. Você não está prestando atenção, César. Odessa é trabalho para seu primo Egor. Ele precisa provar sua lealdade. Se ele falhar, o conselho ganha um bode expiatório, e nós ganhamos um exemplo de punição. O trabalho logístico, meu filho, é 50% eficiência e 50% gerenciamento de expectativas e medo.”
“Egor é ineficaz, Pai. Se ele falhar, será um erro logístico que o conselho usará contra mim. Não posso começar com uma falha. Envie o Sétimo Anel ou use Nikolai,” César rebateu, ainda no mesmo tom de comando frio. Ele estava discutindo o destino de seres humanos como se fossem peças de xadrez em um tabuleiro global. O que eram, claro. Mas César nunca falava assim na frente de Mello.
Quando Mello estava por perto, César suavizava. Ele usava Mello como uma bússola moral, ou pelo menos, como uma válvula para a humanidade que ele relutava em mostrar ao mundo. Ele falava sobre logística, mas sempre com uma sombra de preocupação com as perdas colaterais (gerenciamento de ativos).
Agora, parecia que Mello não existia. César tinha se adaptado completamente ao modo de conversação Alpha, o modo Sasha.
Mello se sentiu estranhamente rejeitado, mesmo sabendo que era uma dinâmica necessária. Ele sabia que César tinha esse lado; o garoto tinha construído um império de sobrevivência em sua adolescência. Mas presenciar essa frieza, essa adoção completa da persona de chefia de máfia, era inquietante. Quase bipolar, na forma como contrastava com o César que o amava e o precisava.
Ele deveria ter ficado no quarto.
Sasha olhou para a porta, e seus olhos cinzentos encontraram os azuis intensos de Mello.
Sasha sorriu, aquele sorriso lento, que dizia "eu sabia que você estava aí, e eu estava esperando para ver quanto tempo você ia aguentar". Era um sorriso de satisfação.
"Bem, olhe só quem resolveu se juntar à festa. O estrategista acordou de seu sono de beleza." Sasha disse em um inglês impecável, voltando-se para Mello. O sarcasmo em sua voz era palpável.
César se virou, e a transição da persona "Alpha" para "Meu garoto" foi quase instantânea, embora não completa. Ele parecia ligeiramente culpado por ter sido pego naquele modo de conversação.
"Mello. Você dormiu bem?" César perguntou, sua voz ainda com uma résonância mais profunda do que o habitual, o russo ainda levemente presente em seu sotaque.
Mello ignorou Sasha completamente. Seu foco tinha que ser singular. Ele estava incomodado com a frieza de César, mas não podia demonstrar isso. Ele precisava puxar César de volta ao chão, à segurança deles, ao pequeno reduto de sanidade que eles haviam construído longe da influência tóxica de Sasha.
Mello caminhou para dentro da biblioteca, atravessando a sala com a confiança do roupão branco. Ele parou ao lado de César, e o cheiro de loção pós-barba e o perfume caro de César o atingiram. Estava perto demais, e a tensão entre eles era elétrica. César inclinou a cabeça ligeiramente, esperando o próximo movimento de Mello.
"O que aconteceu? Você sumiu por horas," Mello disse, mantendo um tom de voz calmo e controlado. Ele não estava perguntando sobre a reunião de logística, mas sim sobre o estado mental de César.
Sasha riu, um som seco e baixo. "Ele não sumiu, *Alexandra*. Ele estava trabalhando. Finalmente aprendendo a assumir a responsabilidade que lhe cabe. Estávamos discutindo todos os pontos de pressão que precisaremos apertar na próxima semana."
Mello virou-se para César, fazendo o maior esforço para manter Sasha fora da conversa. O que era difícil, considerando que Sasha era o pivô de tudo.
"Está tarde," Mello declarou, olhando para o relógio de pulso que César usava. Quase meia-noite. "Você não dormiu nada desde a chegada do seu... convidado. Você precisa descansar, César. Memória e pensamento complexo exigem sono. Você terá muito o que planejar amanhã, e um líder fadigado comete erros logísticos elementares."
Era a linguagem deles. Mello estava dizendo: *Você está se esforçando demais. Pare agora. Eu preciso de você inteiro.*
Mello não queria apenas que César dormisse; ele queria estar no quarto com César, longe de Sasha, onde eles pudessem analisar a situação em voz baixa, e onde Mello pudesse ter certeza de que o lado "Alpha frio" de César não o havia consumido completamente. Ele queria que César fosse *dele* novamente, e não uma pátina de seu pai.
Ele estendeu a mão, e desta vez o toque foi mais suave, tocando a nuca de César, um gesto que ele geralmente reservava para momentos privados.
"Estou preocupado, César," Mello confessou, permitindo uma pitada de honestidade em sua voz. Ele sentiu os músculos de César relaxarem sutilmente sob seus dedos. "Eu queria apenas que passássemos algum tempo juntos. Nem que fosse dormindo. O mundo pode esperar até amanhã para você começar a desmantelá-lo."
Em um impulso que desafiou a lógica, e que era uma resposta direta ao sorriso presunçoso de Sasha, Mello adicionou a palavra que ele havia evitado por um ano e meio, a palavra que definia sua relação, mas que carregava um risco emocional que o estrategista sempre tentava ignorar.
"Venha para a cama, *namorado*."
O silêncio que se seguiu foi absoluto. Mello sentiu seu coração acelerar. A palavra saiu de sua boca com mais convicção do que ele esperava. Era a declaração final contra Sasha: *Eu tenho a lealdade dele, e ele é meu.*
César piscou, uma expressão de surpresa genuína passando por seu rosto albino. Mello nunca o tinha chamado assim. Sempre tinha sido "César", ou "meu ativo", ou "o idiota que me tirou do beco". "Namorado" era… um rótulo que implicava posse, intimidade e uma aceitação pública. Mello, o anti-sentimental, havia usado uma palavra sentimental.
Mas ele não recuou. Manteve o olhar azul fixo no de César, esperando o choque passar.
Sasha riu novamente, e Mello amaldiçoou o velho. "Namorado! Ah, os jovens. Tão teatrais."
Sasha levantou-se da poltrona, e Mello sentiu a tensão de sua presença imponente preencher o espaço. Ele pegou o casaco que estava pendurado na cadeira.
"Você não precisa se preocupar, Mello," Sasha disse, dirigindo-se ao estrategista enquanto se ajeitava o casaco. "Nós já esclarecemos tudo. Eu dei a César todas as ferramentas e a logística necessária para sobreviver à próxima semana. Ele é um bom pupilo. Ele entende a necessidade do 'Alpha'."
Sasha parou perto da porta de saída da biblioteca. Ele olhou para Mello e depois para César, que ainda estava processando o uso da palavra 'namorado'.
"Você tem um bom estrategista, César. E um bom... ativo de estabilidade emocional. Mello, você é o tipo de monstro lógico que eu esperava que meu filho fosse. É uma pena que a lealdade dele esteja ligada à sua fragilidade emocional."
Sasha gesticulou com a mão, dispensando o assunto. Ele estava pronto para ir embora.
"Yuri me espera no carro. Meu voo parte em duas horas, e não posso perder meu horário. Aviões de jato particular não esperam. Eu finalmente vou deixá-los em paz. Pelo menos, por enquanto. Quando o conselho começar a atirar, eu estarei na Patagônia, assistindo ao show."
Sasha parou, e olhou para Mello com uma expressão que era quase de respeito.
"Você passou no teste, Mello. Use sua inteligência para manter meu filho, e meu império, intactos."
Mello podia sentir a necessidade premente de Sasha de sumir dali. Era um alívio. Ele deu um aceno com a cabeça, um pequeno sorriso quase imperceptível surgindo em seus lábios. Era o reconhecimento que ele podia dispensar. A retirada de Sasha era a vitória deles.
Sasha acenou com a cabeça em reconhecimento e saiu da biblioteca, a figura de Yuri já esperando silenciosamente no hall.
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