## Capítulo 15: O Casamento Estratégico e a Tempestade Política “Vamos casar, então,” Randal disse, e ele estendeu a mão para Matt, ignorando completamente os Conselheiros. O Rei tinha feito a sua jogada, e agora ele não tinha tempo para hesitar. Matt percebeu a urgência no gesto de Randal. A mão estendida do Rei não era um convite romântico, mas uma tábua de salvação política, e Matt compreendeu que Randal estava a quebrar séculos de tradição apenas para conseguir uma noite de descanso. Matt também percebeu que este casamento era o preço da sua própria influência, a porta de entrada para a justiça social que ele desejava. Matt deu um passo à frente, e ele aceitou a mão de Randal. O toque não era de afeto, mas uma aliança de necessidade mútua. Randal estava a procurar o sono, e Matt estava a procurar a revolução. Randal virou-se para os Conselheiros, e o seu rosto estava a brilhar com uma satisfação contida. “O Conselho exigiu uma solução rápida. Aqui está ela. O Estranho será ligado antes do pôr do sol.” Valerius estava furioso, e ele tentou intervir novamente, mas a sua voz falhou. “Majestade, isso é um ultraje! Um filósofo errante… um homem sem posses…” Randal não se deu ao trabalho de olhar para Valerius. Ele puxou Matt para o lado do trono, onde uma pequena mesa coberta com um pano de veludo azul já estava preparada. O Arquivista, um homem pequeno e curvado, estava ao lado da mesa, e ele parecia nervoso, porque ele tinha o pergaminho de casamento aberto. O pergaminho era de um amarelo antigo, e ele estava coberto de símbolos arcanos. “O Voto deve ser registado imediatamente,” Randal ordenou ao Arquivista. O Arquivista pigarreou, e ele estava a tremer. “Majestade, o Voto de Ligação é um ritual antigo, e ele exige testemunhas da Casa. Onde está o Príncipe Luther?” “O Príncipe Luther está a descansar. O Conselho será as nossas testemunhas,” Randal respondeu, e ele estava a empurrar Matt para perto da mesa. Matt olhou para o pergaminho. Ele não conseguia ler as palavras, mas ele podia sentir a gravidade do momento. A magia do reino estava a ser invocada para uma tática política. Era uma ironia deliciosa. Randal pegou no anel de sinete, o anel de ouro branco com o brasão da Casa de Von Ivory, e ele pegou na mão de Matt. Matt não tinha um anel para dar em troca, e Matt não tinha posses para simbolizar o acordo, mas Randal parecia não se importar com as formalidades. “O anel simboliza a tua ligação à Casa de Von Ivory. O Voto é para garantir o meu descanso e a minha capacidade de governar,” Randal disse a Matt, e Randal não estava a usar palavras doces. Randal colocou o anel no dedo de Matt. O anel estava ligeiramente fluxo, mas ele assentava. Valerius observava a cena com uma mistura de horror e impotência, e ele não conseguia acreditar que Randal estava a levar a cabo este plano absurdo. O Rei estava a sacrificar a dignidade da sua Casa apenas para se livrar do ultimato do Conselho. “O Voto de Ligação exige a declaração da intenção e a aceitação do Sangue e do Voto,” o Arquivista explicou, e ele estava a falar apressadamente, tentando seguir o protocolo, mas sentindo-se esmagado pela urgência. Randal segurou a mão de Matt firmemente. “Eu, Randal Von Ivory, Rei deste reino, aceito Matt na minha Casa e ligo-o pelo Voto de Consorte, para que o Conforto Inutilitário se torne a Aliança de Poder, garantindo o meu descanso e a estabilidade do reino.” Matt percebeu que a linguagem do Voto era toda sobre a magia do pergaminho, e não sobre o amor ou a união. Era um contrato arcano para neutralizar a ameaça do Estranho. Matt olhou para o rosto exausto de Randal, e ele viu a necessidade genuína por trás da audácia. Randal não estava a brincar. “Eu, Matt, aceito o Voto de Consorte da Casa de Von Ivory. Eu juro usar esta ligação para a justiça social e para o bem-estar do reino, começando pelo Manifesto do Povo,” Matt declarou, e Matt estava a usar o momento para solidificar o seu próprio objetivo. Valerius tossiu alto. “Ele está a fazer exigências no meio de um Voto de Ligação! Isso é uma profanação!” Randal ignorou Valerius. “O Voto está feito. O Estranho não é mais um Estranho. Agora, o Arquivista fará o registo.” O Arquivista pegou numa pena e mergulhou-a na tinta. Ele olhou para Matt, e ele olhou para Randal, e ele escreveu apressadamente no pergaminho. O pergaminho começou a emitir um brilho suave, e Matt sentiu uma ligeira mudança na atmosfera. A magia do Voto tinha sido selada. A cerimónia tinha durado menos de cinco minutos. Era o casamento real mais rápido e menos romântico da história de Von Ivory. Randal soltou a mão de Matt, e ele respirou fundo. Parecia que um peso tinha sido retirado dos seus ombros, não apenas a pressão política, mas o fardo da sua insônia. “Agora, Conselheiros, o meu Consorte tem uma posição na corte. E, como prometido, a sua primeira ação será apresentar o Manifesto do Povo,” Randal disse, e ele voltou a sentar-se no trono. Ele parecia ter recuperado a sua autoridade. Lord Garius estava indignado, e ele não conseguia conter a sua raiva. “Isto não muda nada, Majestade! O povo não aceitará um Consorte que não seja da linhagem! E o imposto será a sua ruína!” “O povo aceitará o que lhes der justiça, Lord Garius. O imposto não será a minha ruína, mas a vossa salvação, se vocês o virem como um investimento, e não como uma punição,” Matt interveio, e ele estava a usar a sua voz calma para contrastar com a fúria dos nobres. Matt olhou para o anel no seu dedo. Ele tinha acabado de se tornar o Consorte do Rei, e ele ainda usava a túnica simples que a prostituta Lena lhe tinha dado. A justaposição era um símbolo poderoso da mudança que Matt desejava impor ao reino. Valerius aproximou-se de Matt lentamente. Os outros Conselheiros recuaram, mas Valerius permaneceu firme, e ele tinha uma expressão de ódio frio. “Você acredita que ganhou, Estranho,” Valerius sussurrou, e Valerius não usou o título de Matt. Matt olhou para Valerius. “Eu não acredito em ganhar, Valerius. Eu acredito em corrigir.” Valerius cerrou os dentes. “Você usou a fraqueza do nosso Rei para se infiltrar na Casa. Você não é um aliado; você é um parasita que usa a moralidade como arma.” “A moralidade é a única arma que a nobreza não pode comprar ou refutar, Valerius. A minha presença aqui não é sobre mim; é sobre o equilíbrio. O Rei precisa de descanso, e o reino precisa de justiça,” Matt respondeu. Valerius inclinou-se ligeiramente, e ele estava a manter o contato visual. “Este casamento não é uma solução; é uma declaração de guerra à nobreza, Estranho. Você está a desafiar séculos de ordem social.” Matt assentiu. Ele compreendeu perfeitamente a avaliação de Valerius. O casamento era o ponto de viragem. “A guerra já tinha começado, Valerius. Ela começou no momento em que a riqueza se acumulou nos vossos bolsos e a miséria se espalhou pelos becos. Ela começou quando o povo perdeu a dignidade e a nobreza perdeu a decência,” Matt disse, e ele estava a ser direto e incisivo. “Eu sou apenas o arauto que anuncia o fim da vossa falsa paz.” Randal observava a interação em silêncio. Ele não interveio, porque ele queria que Matt estabelecesse a sua posição. Randal precisava de um Consorte que fosse um igual, e não um subordinado. Valerius não podia refutar a lógica de Matt sem expor a sua própria ganância, e Valerius não era tolo o suficiente para o fazer abertamente. Valerius era um mestre na política de corredor, mas Matt estava a operar num nível de verdade que Valerius não conseguia manipular. “Você pagará caro por esta audácia,” Valerius sussurrou novamente, e Valerius estava a ameaçar Matt. “Eu já paguei o preço da miséria, Valerius. E eu prefiro pagar o preço da guerra do que o preço da injustiça,” Matt respondeu, e ele estava a mostrar a sua determinação. Valerius deu um passo para trás, e ele estava a respirar pesadamente. O golpe tinha sido duplo: o Rei tinha-se livrado do ultimato, e o Estranho tinha-se tornado um inimigo oficial da nobreza. “O Conselho está dispensado,” Randal disse, e ele estava a falar com a voz do Rei, a voz que exigia obediência. Os Conselheiros saíram do Salão do Trono apressadamente, e eles estavam a cochichar uns com os outros. O pânico e a indignação eram visíveis nas suas posturas. O casamento de Randal tinha-os apanhado completamente desprevenidos. Valerius foi o último a sair, e ele olhou para Matt com uma promessa silenciosa de retaliação. Matt não se encolheu. Matt percebeu que a sua nova vida no castelo seria uma batalha constante, mas agora Matt tinha as ferramentas e a proteção do Rei. A sua filosofia de vida tinha-se tornado a fundação de uma nova política real. Randal desceu do trono, e ele estava a caminhar em direção a Matt. Ele estava a sorrir, e ele parecia aliviado. “Bem-vindo à Casa de Von Ivory, Matt. Espero que o nosso casamento seja mais proveitoso do que convencional,” Randal disse, e ele estava a dar um tapinha no ombro de Matt. “O proveito será medido pela justiça, Majestade. Agora, precisamos de discutir o Manifesto do Povo. A nobreza não vai esperar para nos atacar,” Matt disse, e ele estava a voltar ao trabalho. Matt não estava interessado em celebrações. Randal assentiu. “Tens razão. A nossa lua de mel será uma câmara de guerra. Mas, primeiro, eu preciso de um pouco do teu conforto. Apenas alguns minutos para processar o facto de eu ter acabado de me casar com um filósofo errante para conseguir dormir.” Randal olhou para o anel no dedo de Matt, e ele balançou a cabeça com diversão. Ele não conseguia acreditar na sua própria audácia, mas ele sabia que era a única forma de garantir a sua sobrevivência política e mental. Matt olhou para Randal, e ele compreendeu o peso da coroa. Randal precisava de um momento de inutilidade para recarregar. “Vamos para os teus aposentos, Majestade. A tua mente precisa de descansar antes de enfrentarmos a tempestade,” Matt disse, e ele estava a guiar Randal para fora do Salão do Trono. Os dois saíram juntos, o Rei de Von Ivory e o seu novo Consorte, um homem em trajes humildes, agora ligado pela magia e pela política à mais antiga linhagem do reino. O caos estava instalado, e Matt era o seu catalisador.

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