Capítulo 10: O Início da Concepção Snow levou a mão, coberta com a pomada de ervas, até o rosto de Mello. Ele tocou a bochecha suavemente, o polegar roçando a pele. A frieza profissional desapareceu. Em seu lugar, havia uma expressão complexa e enigmática. Não era amor puro, nem remorso. Era uma satisfação silenciosa. “Funcionou,” Snow sussurrou para o ar, a voz carregada de triunfo. “A primeira fase foi concluída.” Ele se inclinou ainda mais sobre o Príncipe adormecido, verificando o pulso fraco e a respiração superficial. Mello estava pálido e coberto de suor, mas o brilho azul no mapa astral, embora sutil, era constante. A Ilusão estava estável. Snow inspecionou as marcas de giz: elas mantinham sua integridade, contendo a energia mágica que agora pulsava dentro de Mello. O corpo do Príncipe havia suportado a violência da remodelação. Snow se afastou, levantando-se e garantindo que o manto dobrado sob a cabeça de Mello oferecia algum conforto. A sala estava silenciosa, exceto pela respiração suave de Mello e o crepitar moribundo das velas de Amora. Ele sentiu o peso do isolamento: Amora havia trancado a porta por fora, garantindo que ninguém pudesse entrar ou sair. Eles estavam completamente sozinhos, imersos na escuridão da noite que cedia ao cinza pálido do amanhecer. Movendo-se para a mesa de alquimia, Snow limpou a pomada restante de suas mãos. Ele estava exausto, mas a adrenalina e a tensão controlada das últimas horas o mantinham alerta. Seus olhos vasculharam a sala, procurando o dispositivo que Amora havia mencionado. Amora havia deixado um pequeno disco de obsidiana polida perto do grimório. Era um comunicador mágico de emergência, codificado para funcionar apenas entre eles. Ela havia instruído Snow a usá-lo somente se Mello estivesse em risco iminente de morte ou se a Ilusão falhasse. Qualquer comunicação fora dessas circunstâncias seria perigosa, pois poderia ser rastreada pelo Conselho ou por seus espiões. Snow pegou o disco. Era frio e pesado na palma da mão. Ele olhou para Mello. O Príncipe estava seguro, por enquanto. A Ilusão estava estável. No entanto, Snow sentiu uma urgência que superava a promessa feita a Amora. Ele precisava saber o que estava acontecendo lá fora, na ausência de Draven. A política não parava, e a regência estava em jogo. Ignorando o aviso de Amora, Snow ativou o dispositivo com um toque de seu próprio *mana*, uma energia que ele mal usava, mas que era necessária para o funcionamento do artefato. O disco emitiu um brilho violeta fraco e começou a vibrar. Do outro lado, a voz de Amora surgiu, carregada de frustração e pressa. “Snow? Pela luz, o que aconteceu? A Ilusão falhou? Mello está—” “A Ilusão está estável, Conselheira,” Snow interrompeu, mantendo a voz baixa e neutra. Ele não queria acordar Mello. “Mello desmaiou de exaustão, mas o pulso está forte e o brilho da Ilusão é constante. Ele está seguro. Estou usando o comunicador porque preciso de um relatório sobre a situação política.” Um silêncio tenso pairou na linha. Amora não estava acostumada a ter suas ordens desobedecidas. “Você quebrou o protocolo,” ela finalmente disse, a irritação mal disfarçada. “Você sabe o risco. Se isso for rastreado—” “O risco de Draven voltar ou de o Conselho se aproveitar da sua ausência é maior,” Snow rebateu com a mesma frieza que havia exibido durante o ritual. “Eu sou a única âncora aqui. Preciso saber contra o que estamos lutando.” Amora suspirou, um som audível de cansaço. “Você está certo. A situação é um caos controlado, mas é um caos. Eu consegui isolar Mello, mas o vácuo de poder após a morte de Draven está gerando uma pressão inédita. A conspiração de Draven para a regência militar não desapareceu com ele; ela só perdeu a cabeça.” “Quem está liderando agora?” Snow perguntou, os olhos fixos na porta trancada, como se pudesse ver através dela. “Lorde Corwin está tentando manter uma frente unida, mas os Tenentes de Draven, liderados pelo General Elara, estão em tumulto. Eles exigem um governo provisório militar imediato. Eles querem usar a ‘doença’ de Mello e a instabilidade política para justificar a intervenção.” Snow franziu a testa. Elara era um militar pragmático, menos ambicioso que Draven, mas perigosamente eficiente. “E qual a solução do Conselho?” “Essa é a parte que me preocupa, Snow. O Conselho está dividido. Os membros mais tradicionais querem esperar por Emma, mas Elara está pressionando. Eles precisam de uma figura militar forte, mas que também seja vista como leal à coroa, para acalmar as tropas e o público.” A voz de Amora estava tensa. “Eles estão presos entre a necessidade de estabilidade e o medo de uma ditadura total.” Snow esperou. Ele sabia que Amora não o havia contatado para um simples resumo político. Havia algo mais. “O que isso tem a ver conosco, Amora?” Houve uma pausa significativa. Snow podia ouvir o barulho abafado do Salão Principal ao fundo, gritos distantes e o som de movimento. “Snow, você foi o último a ser visto com Draven no Salão Principal. Você é o único oficial de alta patente que estava constantemente ao lado de Mello. Você não foi preso. Eu o apresentei como o ‘custódio’ e assistente pessoal de Mello, sob o decreto de isolamento. Para o Conselho, você é a ponte perfeita.” A implicação pairou no ar, fria e chocante. “Eles me veem como um substituto para Draven,” Snow afirmou, não como uma pergunta, mas como uma constatação. “Não exatamente um substituto para a ditadura, mas um líder provisório. Eles veem em você a lealdade inquestionável ao Príncipe, sua proximidade com Mello, e sua posição militar. Eles estão argumentando que, se você assumir o governo provisório, você pode garantir a transição e, ao mesmo tempo, proteger Mello e o futuro herdeiro,” Amora explicou, a voz acelerando. “O Conselho está pressionando para que você seja nomeado o líder do governo provisório até o nascimento do herdeiro.” Snow precisou de um momento para processar a informação. Ele, Snow, o amigo de infância de Mello, o homem que havia assassinado Draven, agora estava sendo considerado o próximo Regente. Era uma ironia perversa. O plano de Draven, embora fracassado em sua execução, estava pavimentando o caminho para um poder que ele nunca havia imaginado. “Eu sou a figura ideal para eles,” Snow sussurrou, mais para si mesmo do que para Amora. A máscara de lealdade inabalável que ele vestia para Mello estava sendo interpretada pelo Conselho como a prova de sua confiabilidade. “Você precisa se preparar, Snow. A votação pode ser hoje. Eu consegui atrasar, alegando que você está em ‘vigilância contínua’ e não pode ser chamado. Mas eles não vão esperar muito tempo. Elara está furioso e exigindo a sua presença para um juramento.” O peso da situação caiu sobre Snow. Se ele fosse forçado a deixar Mello, mesmo que por um breve período, a Ilusão estaria em risco. Mello precisava dele ali. “Não posso deixar Mello,” ele disse, a determinação em sua voz inconfundível. “O ritual é a prioridade.” “Eu sei, Snow. Por isso estou te avisando. Eu preciso de mais tempo. Precisamos da concepção o mais rápido possível. Se Mello estiver visivelmente ‘grávido’ – ou se a farsa de Emma for convincente o suficiente – isso pode enfraquecer o argumento do governo provisório.” O tempo estava se esgotando, e a pressão política estava convergindo sobre eles, transformando o ritual mágico em uma corrida desesperada. “Eu voltarei o mais rápido possível. Mantenha Mello acordado, dê-lhe a infusão, e certifique-se de que ele recite o encantamento de manutenção a cada duas horas. Não deixe a Ilusão enfraquecer. Se eu não voltar em três horas, considere que fui detida,” Amora instruiu, a urgência em sua voz agora era palpável. “Amora, o que você vai fazer?” “Vou tentar usar o decreto de reclusão de Mello como um escudo. Vou argumentar que a única maneira de garantir a segurança do Príncipe e do futuro herdeiro é através do seu isolamento total e do seu ‘custódio’ leal. Vou lutar pelo tempo que precisamos para a segunda fase.” “Entendido,” Snow respondeu. “E Snow,” a voz de Amora suavizou por um instante. “Você precisa me dizer. Você sabia que Draven e Elara planejavam te usar se Draven falhasse?” Snow olhou para Mello, que dormia pacificamente no chão. Ele não podia revelar que sua manobra tinha sido precisamente para criar esse vácuo de poder e se posicionar como o único protetor de Mello, mesmo que o Conselho estivesse interpretando isso de forma mais grandiosa. “Não, Conselheira. Eu estava focado em Mello. Se Draven tivesse me dito isso, eu teria tomado medidas imediatas. Meu foco é apenas garantir que Mello esteja seguro e que o reino tenha um herdeiro legítimo,” Snow mentiu com convicção. Sua voz era tão sincera que beirava a verdade. Ele havia manipulado a situação, mas não para o poder em si, mas para a proteção de Mello. Amora soltou um suspiro frustrado. “Espero que sim, Snow. Eu espero que sim. Eu estou voltando. Garanta a segurança de Mello.” A comunicação foi abruptamente encerrada. O disco de obsidiana esfriou e escureceu na mão de Snow. Ele se sentiu revigorado, não pelo descanso, mas pela clareza da ameaça. O tempo era o inimigo. Eles precisavam da “semente” de Snow, e precisavam dela agora. Snow guardou o comunicador e voltou para Mello. Ele se ajoelhou ao lado do Príncipe. O corpo de Mello começou a tremer levemente. O sono forçado pela exaustão estava sendo interrompido pela dor crônica da Ilusão. “Mello,” Snow chamou, tocando suavemente o ombro de Mello. “Mello, você precisa acordar. O encantamento de manutenção.” Mello gemeu, um som baixo e patético. Seus olhos se abriram lentamente. Eles estavam vidrados e turvos. “Snow,” ele sussurrou, a voz arranhada. “Você precisa recitar o encantamento de estabilidade, Mello. A cada duas horas. Vamos lá.” Snow ajudou Mello a se sentar. O Príncipe estava visivelmente abalado. Sua coordenação motora era péssima, e a dor parecia anestesiá-lo, tornando seus movimentos lentos e hesitantes. Mello tentou se concentrar, mas o esforço era visível. A dor constante era um ruído branco em sua mente, impedindo qualquer pensamento claro. Ele estava chorando, mas eram lágrimas silenciosas, escorrendo por suas têmporas e se misturando com a pomada de ervas. Não era um choro de angústia, mas de exaustão absoluta. Ele parecia quebrado, um boneco de porcelana que havia sido remendado às pressas. “Não consigo,” Mello sussurrou, tentando alcançar o grimório, mas sua mão tremia incontrolavelmente. “Doe… dói tanto. Eu só quero que pare.” “Eu sei, Mello. Mas se parar, a Ilusão vai desmoronar, e você vai morrer,” Snow disse, sua voz firme. Ele abriu o grimório na página correta e colocou-o diante dos olhos de Mello. Mello fechou os olhos por um instante, tentando reunir forças. Ele abriu a boca, e as palavras vieram, fracas e distantes. *“Ilusio firma, vitae sustenta…”* Enquanto recitava, Mello parecia entrar em um estado de transe. A dor era visível em seu rosto, mas ele se agarrava ao encantamento como a um salva-vidas. Snow o observava, monitorando a respiração e o brilho fraco do mapa astral. A cena era devastadora. Mello, o jovem e altivo Príncipe, reduzido a uma figura lamentável, dependente da presença e da força de Snow para sobreviver à sua própria magia. A Ilusão havia sido criada, mas a manutenção era quase tão excruciante quanto a criação. Mello terminou o encantamento e desabou novamente, desta vez apoiando a cabeça no ombro de Snow. “Fique acordado, Mello. Beba a infusão,” Snow instruiu, mas Mello não reagiu. Ele estava acordado, mas não presente. Seus olhos estavam abertos, fixos em um ponto distante, mas não viam nada. O estado de Mello era deplorável. Ele parecia anestesiado pela dor, mas a dor visível em seu corpo – a tensão muscular, os tremores ocasionais – negava qualquer alívio real. Snow se sentiu um pouco abalado. Ele havia antecipado a dor, mas não essa fragilidade pós-ritual. Mello estava completamente vulnerável. Ele pegou a taça de infusão e a aproximou dos lábios de Mello, que bebeu reflexivamente. “Você está bem, Mello. Você está seguro,” Snow murmurou, acariciando o cabelo de Mello, um gesto que era quase um acalanto. Mas não havia ternura em seus olhos; havia apenas cálculo. O barulho do ferrolho da porta sendo destrancado interrompeu o momento. Amora entrou na sala, ofegante e apressada. Ela parecia ter corrido. Seus mantos estavam desalinhados, e seus olhos estavam arregalados. Ela parou abruptamente ao ver Mello no chão, encostado em Snow. O estado de Mello era chocante. “Pela luz,” Amora murmurou, correndo para se ajoelhar ao lado deles. Ela inspecionou Mello. Sua pele estava fria, mas a Ilusão estava pulsando ritmicamente. “Ele está… anestesiado?” Amora perguntou, tocando o pulso de Mello. “Esgotamento. A dor é constante, mas a mente dele está se protegendo,” Snow explicou, mantendo Mello apoiado. “Ele recitou o encantamento de manutenção. Mas ele não vai aguentar mais um dia assim, Amora.” Amora concordou com a cabeça. “A Ilusão está estável, mas a manutenção da casca é muito mais difícil do que eu esperava. Ele está queimando toda a sua energia vital apenas para manter a forma.” Ela se levantou, voltando-se para Snow, com a mão na cintura. “Agora, sobre o que me ligou. Eu mal saí da porta e tive que retornar. O Conselho está um pandemônio. Elara está exigindo que você seja chamado para um juramento. Eles estão votando a favor de um governo provisório militar, e o nome que está na mesa é o seu.” Amora olhou para Snow com um olhar perscrutador, misturado com suspeita. “Eu consegui ganhar uma hora, alegando que você estava envolvido em um ritual de cura de emergência com o Príncipe, mas eles estão furiosos. E isso me leva à minha pergunta, Snow. Eu preciso da verdade. Qual é a sua conexão com isso?” Amora gesticulou com raiva. “A pressão para que você assuma é enorme. Draven estava trabalhando nisso? Você sabia que o plano de contingência dele era te usar como fachada leal, um bode expiatório que eles poderiam controlar?” Snow olhou para Amora, seus olhos azuis inabaláveis. Ele soltou Mello, que cambaleou levemente, mas se manteve sentado, apoiado nas mãos. “Eu não sabia de nada sobre a intenção do Conselho de me promover ao governo provisório, Conselheira,” Snow negou, sua voz era calma e convincente. “Minha única conversa com Draven foi sobre a segurança de Mello durante a regência dele. Ele nunca mencionou um plano de contingência comigo. Se Draven estava tramando isso, ele o fez sozinho. Eu matei Draven para proteger Mello de um golpe. Se o Conselho me quer como líder provisório, é porque eles me veem como a única pessoa que pode garantir a segurança do Príncipe e a legitimidade da sucessão. Eles estão interpretando minha lealdade a Mello como uma lealdade ao reino.” A explicação era racional. Amora estudou o rosto de Snow. Ele não parecia um homem que estivesse saboreando a ideia de poder. Ele parecia um soldado que estava enfrentando uma ameaça inesperada. “A manipulação de Draven persiste mesmo após a morte dele,” Amora murmurou, massageando as têmporas. “Ele pavimentou o caminho para que, no vácuo de poder, a única opção segura fosse um militar ‘leal’. E esse militar é você.” Amora parecia disposta a acreditar em Snow, ou pelo menos, ela não tinha tempo para investigações mais profundas. A urgência política era a prioridade. “Eu consegui um pouco de tempo. Mas não muito,” Amora continuou, sua voz voltando ao tom de instrução. “Eu disse a eles que precisamos estabilizar Mello para que ele possa ‘testemunhar’ o seu juramento. Isso nos dá, no máximo, mais três horas antes que eles revoguem o decreto de reclusão e exijam a presença de Mello e a sua. A política está forçando o nosso cronograma.” Amora olhou para Mello, que agora chorava silenciosamente, as lágrimas escorrendo pelo rosto em um fluxo constante e apático. A dor era invisível, mas palpável. “O estado dele não é bom, mas a Ilusão está firme. Precisamos prosseguir com urgência. A segunda fase precisa acontecer agora.” Snow assentiu, a compreensão atravessando-o. A ameaça do Conselho forçava a aceleração do ritual. Não havia tempo para Mello se recuperar da exaustão da primeira fase. A Concepção Forçada teria que ser realizada enquanto Mello estava nesse estado deplorável. “O que a segunda fase exige?” Snow perguntou, pronto para o que viesse. Amora se virou para a mesa, pegando uma caixa de madeira escura. “A segunda fase é a Concepção Forçada. A Ilusão é a casca; agora precisamos colocar a vida dentro dela. A parte mágica é a ‘semente’ de Mello – o óvulo mágico – que é extremamente volátil e só dura algumas horas. A parte biológica é a sua ‘semente’,” Amora explicou, sua voz baixa. “O óvulo está pronto. Eu o preparei enquanto estava no Salão Principal, escondida no meu laboratório.” Ela abriu a caixa. Dentro, repousava uma esfera minúscula e brilhante, envolta em seda negra. Emitia um brilho fraco e pulsante, como um coração recém-arrancado. “Isto é o óvulo volátil. Precisa ser implantado na Ilusão imediatamente, antes que ele se desintegre. Uma vez que ele esteja lá, Mello terá que recitar o Encantamento de Recepção. E assim que o encantamento for concluído, Snow, você precisará introduzir a semente. Não pode haver falha de tempo. A sincronização é crucial. A janela é de segundos.” Snow olhou para a esfera mágica e depois para Mello. Mello estava chorando, mas mantinha a cabeça erguida, olhando para o nada. A dependência dele era total. “Ele mal consegue recitar o encantamento de manutenção. Como ele vai recitar o Encantamento de Recepção, que exige ainda mais concentração?” Snow questionou. Amora se aproximou de Mello, ajoelhando-se diante dele. Ela segurou o rosto de Mello entre as mãos. “Mello. Você consegue me ouvir? Você precisa lutar contra a exaustão. A segunda fase é agora. Precisamos da semente para que o reino tenha seu herdeiro. Precisamos que você se concentre apenas por alguns minutos. Você consegue fazer isso?” Mello piscou lentamente, seus olhos encontrando os de Amora. Ele tossiu, tentando limpar a garganta. “A dor… vai parar?” ele conseguiu murmurar. “Não, Mello. A dor só vai parar quando a gestação estiver completa. Mas se você fizer isso agora, você garante o trono. Você garante que Snow não seja forçado a deixar você. Você garante a sua autonomia,” Amora pressionou, usando as únicas motivações que ela sabia que ainda funcionavam. Mello fechou os olhos. A determinação, embora fraca, cintilou em seu rosto exausto. “Eu vou tentar,” ele sussurrou. Amora se levantou e olhou para Snow. “Precisamos de você pronto, Snow. Sem hesitação. A semente deve ser introduzida imediatamente após o último verso do Encantamento de Recepção.” Snow assentiu, a frieza voltando completamente. Ele estava no modo militar, pronto para executar a ordem, não importa quão íntima ou perturbadora fosse a tarefa. Amora caminhou até a mesa de alquimia. Ela começou a reunir os ingredientes finais para a implantação mágica e a Concepção Forçada. Ela pegou um pequeno frasco de cristal contendo um líquido prateado e viscoso – um fluido catalisador para o óvulo volátil. Ela colocou a esfera de óvulo em uma taça especial, preparando-a para ser absorvida magicamente. Enquanto Amora trabalhava, ela parecia tensa, não apenas pelo ritual em si, mas pela pressão do tempo. Cada movimento dela era apressado, a precisão comprometida pela urgência política. “A Concepção Forçada é perigosa, Mello,” Amora disse, sem olhar para trás, enquanto misturava os fluidos. “Você está vulnerável. A Ilusão é fraca demais. Se a semente for introduzida no momento errado, a Ilusão vai repelir e o óvulo vai se desintegrar, matando você no processo.” “Eu entendo,” Mello respondeu, a voz ligeiramente mais forte. Amora finalmente se virou, segurando a taça com o óvulo volátil. Ela parecia atordoada, a tensão do Conselho e o medo da falha mágica visíveis em seus olhos. “A pressão é imensa,” Amora admitiu, a voz baixa e tensa. “O Conselho está pronto para rasgar o decreto de reclusão. Eles estão prontos para convocar Snow. Precisamos fazer isso agora. A instabilidade política não nos dá tempo para esperar a recuperação de Mello. Eu não confio em Elara para manter a ordem. Se Snow sair daqui, o ritual estará perdido, e Mello estará nas mãos dos militares. O vácuo de poder é perigoso.” Ela colocou a taça no centro do mapa astral, onde Mello estava sentado. O brilho pulsante da esfera era hipnotizante. “Pronto, Mello. Snow. Vamos começar a segunda fase.”

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