## Capítulo 11: A Ressaca da Confiança Ele passou a mão sobre o próprio rosto, sentindo o cheiro forte do desinfetante. L estava limpo. Literalmente. Vladimir fechou os olhos, finalmente permitindo-se descansar, mas mantendo um ouvido atento para qualquer som de pesadelo ou vômito de L. Ele, o detetive, havia limpado seu parceiro—*exageradamente*, esfregando com uma quantidade excessiva de sabão, numa tentativa desesperada de remover um toque que ia além de uma simples substância. O banho de Vladimir foi rápido, eficiente e frio. Era a única maneira de cortar a espessa camada de raiva e ansiedade que se acumulava nele. Ele não esfregou a bucha com a mesma fúria que usara em L, concentrando-se mais em esvaziar a mente. A água gelada na coluna era um choque necessário, uma reinicialização. O cheiro de desinfetante forte, familiar a L como o odor de hospital, grudava na sua pele. Era um lembrete químico da necessidade de esterilização. Aquele cheiro era o novo perfume da segurança. Ao sair do box, ele se secou com a toalha mais macia que encontrou, tentando dissipar a tensão muscular que ainda o dominava. Ele vestiu um par de calças de moletom cinzas e uma camiseta preta folgada. Vladimir era um homem de hábitos estritos, e a mudança abrupta de planos, a perda de controle da situação na Mansão, o deixava fisicamente desconfortável. A prioridade agora era a calibração de danos, e isso começava com L. Ele voltou para o quarto. A visão de L na cama era um alívio e um incômodo. L estava deitado de lado, os cobertores pesados erguendo-se e caindo em sincronia com sua respiração superficial, mas rápida. O sono estava longe de ser repousante. Pequenos sobressaltos e sussurros intermitentes acompanhavam o ciclo. Vladimir se aproximou da cama. A luz suave do abajur lateral iluminava o rosto de L, revelando os traços finos e, ironicamente, a palidez que ele sempre escondeu sob uma camada sutil de bronzeador. A boca de L estava entreaberta, e um pequeno filete de baba escorria pelo canto. Ele parecia, pela primeira vez em muito tempo, apenas *Gabriel*, um adolescente exausto e doente, e não L, o segundo maior detetive do mundo. Isso não acalmou Vladimir. Pelo contrário. Ver L tão indefeso e tão desconectado de sua identidade profissional era perturbador. A imagem do garoto descolorido, Kevin, deslizando a mão pelo braço de L, voltava com uma força visceral. A raiva territorial estava se misturando com a responsabilidade profissional e, o que era mais difícil de admitir, uma pontada de desapontamento. L havia sido descuidado. Ele devia saber que não podia aceitar bebida de estranhos em um ambiente como aquele. Vladimir sentou-se na beirada da cama, mantendo uma distância segura. Ele não podia permitir que a raiva turvasse seu julgamento. Ele tinha que agir como o profissional que era. Aquele não era um momento para sentimentalismo ou possessividade. Era um momento de estabilização. Ele observou a testa de L franzir em um pesadelo silencioso. A vulnerabilidade física de L agora era secundária. A principal preocupação era a vulnerabilidade *mental*. A droga que L havia ingerido era o 3,4-metilenodioximetanfetamina, ou MDMA. Vladimir sabia muito sobre os efeitos. Confiança, euforia, extroversão, e, o mais perigoso: honestidade forçada. E L era uma fortaleza de segredos. Uma bomba-relógio com um fusível químico. Vladimir precisava saber o que L havia dito. Ele precisava saber o que L *pensava* que havia dito. A desinibição emocional sob o MDMA era tão potente que, mesmo quando a droga passasse, a linha entre a alucinação induzida e a realidade poderia se tornar permanentemente distorcida, especialmente para uma mente tão complexa e reservada quanto a de L. Ele estendeu a mão, hesitante, e tocou de leve a testa de L. Estava quente, mas não febril. A temperatura corporal elevada era típica. "L," Vladimir chamou, a voz baixa e controlada. Ele não queria acordá-lo bruscamente, mas precisava de uma avaliação do estado mental de L antes de permitir que ele afundasse mais profundamente no sono químico. L resmungou, virando-se para o colchão e puxando os cobertores para cima, cobrindo o rosto. O gesto infantil de se esconder reforçou a sensação de fragilidade. Vladimir moveu-se para a lateral da cama, deitando-se cautelosamente ao lado de L. Ele não o tocou novamente, apenas ocupou o espaço, como um âncora. Ele olhou para o teto. As luzes estavam apagadas, mas a luz do poste da rua vazava pela persiana, desenhando listras cinzas no quarto impecável. *Você fede a esses garotos.* Ele lembrava de ter dito isso. O nojo era real. Não o nojo de L, mas do ambiente, da contaminação. Era um instinto primário de guardião, o impulso de limpar a mancha. E a mancha mais profunda não estava na pele de L, mas na sua psique. A raiva possessiva, antes um fogo consumidor, agora dava lugar a um foco profissional glacial. *Primeiro: Segurança.* L estava seguro. *Segundo: Estabilidade.* Ele precisava estabilizar L. Fisicamente, a hidratação e o descanso ajudariam. Mentalmente, a tarefa era mais delicada. Ele precisava garantir que L não iria quebrar o protocolo, não iria comprometer a inteligência que levaram anos para acumular, e o mais urgente: ele precisava de informações sobre o que o MDMA o havia levado a revelar. "Gabriel," Vladimir tentou novamente, acionando o nome do disfarce que funcionava como um gatilho. L se mexeu, os olhos se abrindo em uma escuridão momentânea antes de captar a figura de Vladimir ao seu lado. Os olhos azuis, outrora dilatados de euforia, agora pareciam excessivamente grandes e úmidos, espelhando a ansiedade. "Vladi... Vladi, você está aqui," L sussurrou, a voz raspando, seca pela desidratação e pela torrente de palavras. "Estou aqui, *moi zolotse*. Estou bem aqui," Vladimir respondeu, usando o termo carinhoso em russo que significava 'meu tesouro'. Era um termo que ele usava com L em raras ocasiões, projetado para ser um calmante imediato. L tentou se sentar, mas o corpo protestou. Uma onda de náusea e vertigem o atingiu, um lembrete brusco de que o pico da droga havia passado. O êxtase deu lugar ao que o MDMA deixava como herança: o vazio e a paranoia. L estava confuso. As memórias da noite eram fragmentadas, como vídeos curtos e coloridos. O sorriso de Kevin. O toque. A palavra 'confiança' vinda de sua própria boca, estranhamente sincera. O puxão forte de Vladimir. A sensação de ser esfregado até a alma no chuveiro. Ele olhou para Vladimir. Vladimir estava calmo, mas a linha tensa em seu maxilar era inconfundível. "O que aconteceu? Eu... eu falei coisas?" L perguntou, a voz pequena, carregada de medo. A pergunta de L era a janela que Vladimir precisava. Ele se virou de lado, apoiando o peso em um cotovelo, encarando L. "Você falou muitas coisas, Gabriel," Vladimir disse, mantendo um tom de voz neutro, quase clínico. Ele não iria acalmar L antes de extrair as informações. O medo o manteria focado. "Sobre o quê? Sobre o Kevin?" L lambeu os lábios. A boca estava pastosa. "Sim, sobre Kevin. Você disse que ele era bonito o suficiente para ser modelo. Você disse que merecia ser valorizado." Vladimir citou as palavras de volta, sem emoção. "E você me disse que me amava. Que confiava em mim. E que eu era seu muro." L piscou, tentando processar a informação. Ele lembrava da sensação de querer dizer tudo aquilo. Tudo parecia real na época. Agora, soava como a banalidade enjoativa do mundo adolescente que ele detestava. O pavor gelado começou a tomar conta de L. O MDMA é uma substância que suprime a amígdala, a região do cérebro responsável pelo medo. Sem medo, L havia se aberto. Agora, sem a droga cobrindo-o, a amígdala estava reagindo em excesso. Paranoia. Desconfiança. L recuou ligeiramente, apoiando-se contra a cabeceira da cama. Os cobertores deslizaram. "Mas... eu falei sobre o caso?" L perguntou, e a simples menção do caso fez o medo de Vladimir se materializar. "O que você acha?" Vladimir manteve a pergunta evasiva, pressionando. Ele precisava que L se esforçasse para lembrar. "Eu não sei! Eu estava tão aberto, Vladi. Eu sinto que não havia paredes! Eu estava flutuando! Eu me lembro de querer que todos soubessem de... de tudo." L esfregou os olhos, o ato amplificando o desconforto. "Eu me senti *tão* tocante." "Você usou essa palavra muitas vezes," Vladimir observou, a avaliação de seu parceiro sobre seu próprio estado mental, mesmo sob efeito da droga, era fascinante em sua incorreção. L jamais seria 'tocante', mesmo sob MDMA. Ele era simplesmente desinibido. "Eu sinto... eu sinto que traí o protocolo. Eu traí você," L sussurrou, e lágrimas, reais desta vez, brotaram em seus olhos. Não eram lágrimas de euforia; eram de culpa e exaustão. Vladimir se inclinou. Suas feições, sempre severas, suavizaram-se levemente, mas ele não permitiu que a compaixão dominasse a necessidade de investigação. "Escute-me, L. Exatamente. O que você falou? Pense minuciosamente no que você se lembra do momento em que o Kevin tocou você. Antes de eu chegar." L fechou os olhos, forçando a lembrança. Ele se afogou na cacofonia colorida da Mansão. "A gente estava falando sobre... sobre como eu parecia 'novo'. Ele disse que eu parecia... um anjo. Ele perguntou por que eu estava com você, que eu era bom demais para ser o 'troféu' de um babaca como você. E eu... eu defendi você. Eu disse que você era só rígido, mas que... que eu confiava em você." L fez uma pausa, respirando fundo o ar pesado do quarto. “Eles riram. Eles estavam rindo de mim. E aí... eu acho que eu comecei a falar sobre quão difícil é ter que mentir o tempo todo. Sobre ter que atuar. E aí você chegou." Vladimir processou a informação. *Mentir o tempo todo. Atuar.* Aquilo era perigoso. Dizer que a vida de Gabriel era uma atuação sob MDMA, a droga da verdade, era quase o mesmo que confessar a infiltração. "Eles perguntaram sobre o que você estava mentindo? Você deu detalhes?" Vladimir perguntou. L balançou a cabeça vigorosamente, mas a dor de cabeça latejante fez L gemer. "Não! Eu não falei sobre provas! Eu sinto que não cheguei lá. Eu só... eu falei sobre como é exaustivo ser *Gabriel*. Eu disse que as pessoas me fazem perguntas demais e que eu estava cansado de ter que me provar." O alívio lento, quase imperceptível, percorreu Vladimir. L havia flertado com o perigo, havia exposto a exaustão com o disfarce, mas não parecia ter comprometido informações cruciais sobre a investigação em si—câmeras, código de drogas, objetivos. Apenas o desconforto pessoal. "Certo. Você está bem. Você não disse nada que não possa ser explicado como uma crise de adolescente drogado e submisso." A palavra 'submisso' atingiu L como um tapa, mesmo que fosse a verdade do disfarce. Ele reagiu não com raiva, mas com uma súbita torrente de emoção. A instabilidade emocional pós-MDMA era implacável. "Não! Eu não sou submisso! Eu odiei ser tocado por aquele garoto! Mas... mas ele me fez sentir que eu merecia o toque dele! Eu me senti... eu me senti valorizado," L disse, a voz embargada, a confusão de sentimentos desabando sobre ele. A autoconfissão de L, a necessidade de se sentir valorizado por um predador superficial, era o efeito colateral mais cruel da droga. O MDMA não apenas o desinibiu; ele inverteu seu sistema de valores, fazendo-o confabular com a toxidade que ele passava toda a infiltração tentando combater. "Você estava sob o efeito de drogas sintéticas, L. Não era você falando ou sentindo," Vladimir disse, usando o nome real para o ancorar na realidade. "Mas parecia real! E você estava tão bravo! Por que você estava tão bravo? Por causa do Kevin? Ou por causa da missão?" L perguntou, o brilho paranoico nos olhos azuis fixado em Vladimir. Vladimir suspirou. Ele não tinha pensado nessa dicotomia. Ele havia agido por um misto dos dois, mas não conseguia admitir a totalidade da possessividade. Ele estava ali, deitado ao lado de L, cheirando a sabonete desinfetante, com uma tensão profissional que raramente experimentava. "Eu estava bravo porque você foi descuidado. Você sabe que não pode aceitar nada lá dentro. E eu estava bravo porque eu gastei meses construindo uma barreira de proteção ao seu redor, para que ninguém pensasse que você era acessível. E você derrubou essa barreira com um gole de ponche com veneno," Vladimir explicou, articulando a frustração com uma precisão cirúrgica. L sentiu o peso da culpa. Vladimir estava certo. Ele havia cedido a uma pressão social, a um momento de fragilidade. O MDMA esvazia os estoques de serotonina do cérebro, e o resultado é um 'crash' emocional brutal. L estava experimentando isso em tempo real—a queda livre da euforia para a ansiedade e o desespero. Seu corpo começou a tremer incontrolavelmente, não de frio, mas de pura esgotamento químico. "Eu sinto frio, Vladi. Eu sinto muito frio," L disse, e, inconscientemente, ele rolou na direção da massa sólida de Vladimir. Vladimir aceitou o movimento. L estava buscando calor físico e emocional, e o protocolo, neste momento, ditava que ele precisava ser estabilizado. "Eu sei. Seu corpo está desregulado. Você precisa aquecer," Vladimir disse, puxando os cobertores para cima, cobrindo L até o pescoço. L estava choroso agora, não apenas pelo medo do que havia falado, mas pela exaustão. Ele apertou os olhos. "Eu não quero voltar lá, Vladi. Eu odeio aquele lugar. Eles são cruéis. Eles não me veem. Eles veem só o que você me fez parecer ser," L confessou. O MDMA havia permitido que ele expressasse a verdade que L, o detetive racional, jamais teria articulado em voz alta. Vladimir sentiu um aperto no peito que ignorou prontamente. Ele havia forçado L a assumir um papel humilhante, mesmo que fosse necessário. "Nós vamos sair de lá em breve. Nós temos as câmeras. Nós temos o 'Terceiro Garoto' quase no nosso colo. Aguente firme. O Gabrieil Perez precisa de mais alguns dias de vida," Vladimir prometeu, mas a promessa era mais para si mesmo. L, no entanto, havia passado da fase da confissão forçada para a paranóia. Os olhos de L se voltaram para Vladimir, subitamente cheios de uma desconfiança irracional. "O Terceiro Garoto... eu falei sobre ele?" "Não. Você não falou nada sobre informações cruciais. Apenas sobre você. Seu medo de falhar, sua frustração com a atuação, e o quanto o corpo humano é lindo e frágil." A menção à fragilidade apenas aumentou o pânico de L. L tentou se sentar novamente, desta vez com mais sucesso, mas o movimento foi brusco. Ele estava respirando rápido, hiperventilando. "E se eles... e se eles souberem que sou um detetive? E se eles souberem que estou investigando? O que eles vão fazer comigo? A mansão... ela tem porão? Eles me fariam refém, não fariam?" L estava falando rápido demais, a voz falhando, a mente construindo cenários catastróficos. A instabilidade de L era um lembrete vívido da fragilidade da mente sob ataque químico. Este era o perigo real do MDMA: a quebra da estabilidade mental. "Pare, L. Pare de pensar nisso. Você está seguro. Você está na minha casa. Tranquei a porta. Estamos no subsolo. Ninguém pode chegar até você." "Mas eles tocaram em mim! Eles me drogaram! E se... e se eles voltarem? Ele sabe onde você mora? O Kevin sabe?" L agarrou o braço de Vladimir, e a mão estava fria e pegajosa de suor frio. "Eu preciso me esconder! Eu não posso deixá-los me ver assim. Eu sou L! Eu sou o segundo maior do mundo! Eu não posso ser... ser este idiota chorão!" Ele estava entrando em um ataque de pânico. O pânico pós-MDMA era diferente de qualquer outro, misturando o terror existencial com a culpa. "Shi... acalme-se. Olhe para mim," Vladimir ordenou, e desta vez, ele não estava irritado. Seu tom era de comando, mas temperado por uma urgência reconfortante. "Eu sou sua barreira. Seu muro. Eu garanto: você está seguro. Eles não sabem quem você é. Eu sou o único que o chama de L aqui. Você é Gabriel, o namorado submisso. E o namorado submisso está em casa, punido e protegido." Vladimir usou a terminologia do disfarce para apelar à identidade que L ainda conseguia processar. L estava chorando abertamente agora, as lágrimas escorrendo pela lateral do seu rosto, molhando o travesseiro. A imagem de L, o detetive estoico, reduzido a uma criança aterrorizada, era devastadora. "Eu não consigo parar de chorar, Vladi. Eu sinto que as coisas... estão estranhas. Eu não confio em mim. Eu sou uma falha. Eu arruinei tudo. A missão..." "A missão não está arruinada. Você não é uma falha," Vladimir afirmou, a voz grave e absoluta. "Você é humano. Um detetive humano, que foi envenenado por um bando de idiotas. Aceite isso. Agora, você vai fechar os olhos. Você vai respirar longamente. E você vai se concentrar na minha voz. Minha voz é a sua realidade." Vladimir estendeu a mão e, com um movimento que era inesperadamente gentil, enxugou as lágrimas úmidas do rosto de L. O toque de Vladimir, sólido e real, era o contraponto necessário ao caos químico dentro da cabeça de L. L gemeu, movendo a cabeça para o lado para se aninhar na mão de Vladimir. O desejo era de ser envolvido, de ter a presença esmagadora de Vladimir como um escudo físico contra o terror que a droga havia liberado. "Me abraça, Vladi. Eu preciso que você me segure. Eu sinto que vou flutuar de novo, mas desta vez, para um lugar ruim," L implorou, a dignidade profissional totalmente abandonada. O pedido era claro, e o risco de contaminação emocional era menor do que o risco de permitir que L caísse em um abismo de paranoia e culpa. A estabilidade física levaria à estabilidade mental. Vladimir não hesitou. Ele jogou o cobertor para trás e se moveu, puxando L para o seu peito. Ele foi cuidadoso com os movimentos, mas a urgência de L fez com que os corpos se encaixassem rapidamente. L apertou os braços em torno de Vladimir, enterrando o rosto no pescoço dele. O cheiro de sabonete desinfetante era o cheiro da segurança, da limpeza obsessiva de Vladimir, e L se agarrou a ele como um náufrago na tempestade. Vladimir sentiu o corpo magro de L tremendo contra o seu. Ele acariciou as costas de L com uma mão grande, um movimento rítmico e uniforme. "Está tudo bem. Está tudo bem. Eu estou aqui. Estou segurando você. Você está seguro," Vladimir sussurrava em russo, as palavras um fluxo suave e reconfortante de uma língua que L associava à domesticidade e à proteção de seu parceiro. L soluçava contra o ombro de Vladimir, o corpo se rendendo finalmente ao cansaço e à química que o drenava. "Eu não falhei, Vladi?" L perguntou novamente, a voz quase inaudível, buscando a reafirmação que significava mais do que qualquer prova ou confissão. "Não. Você não falhou. Foi um acidente. E nós estamos aqui, juntos. Você vai melhorar. A dor química vai passar. O medo vai passar," Vladimir prometeu, sentindo o peso de L em seus braços. Ele continuou a embalar L, permitindo que a exaustão o levasse. A única prioridade agora era L. A investigação esperaria. O corpo de L relaxou lentamente, os soluços diminuindo até se tornarem respirações profundas. A paranóia estava cedendo ao sono induzido pela segurança de estar nos braços de Vladimir, seu protetor, seu muro. Vladimir beijou o topo da cabeça molhada de L, o cheiro de desinfetante e suor persistindo. "Eu não vou deixar que eles façam isso de novo. Eu prometo. Eu vou limpar tudo," Vladimir sussurrou, a promessa era uma mistura de devoção profissional e possessividade. Ele apertou L mais forte. "Vai passar, *moya lyubov*. Vai passar."

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