Capítulo 8: O Tesouro Sob a Neve Mello desmaiou nos braços do albino, sentindo o calor estranho e antinatural que emanava daquele corpo gigantesco em meio à nevasca. A exaustão, o choque, o medo e o frio tinham finalmente cobrado seu preço. A última imagem gravada em sua mente foi o tom de vermelho intenso dos olhos do homem, que pareciam rubis sob a luz esbranquiçada da neve. O mundo se dissolveu em um murmúrio distante e confortável. *** Mello acordou lentamente. Primeiro, veio a sensação de peso. Não o peso opressor do estresse ou da servidão, mas um peso físico e acolhedor. Ele estava envolvido em algo surpreendentemente macio. Lã? Peles? Ele não sabia, mas era como estar aninhado em um casulo. Depois, veio o silêncio. Um silêncio profundo e absoluto, totalmente diferente do silêncio vigilante do acampamento russo, onde havia sempre o ruído de botas, o crepitar do querosene ou o resmungo de soldados. Aqui, o silêncio era tão completo que parecia estofado. Ele abriu os olhos. A luz no quarto era difusa e suave, indicando que o sol estava lutando para penetrar no rigor do inverno. Não havia janelas de vidro, mas sim couro ou pergaminho untado, que filtrava a luz em um tom amarelado e confortante. Ele estava em uma cama. Uma cama de verdade. Mello esticou os dedos dos pés, sentindo o colchão macio. Ele não se lembrava da última vez que tinha dormido em algo que não fosse uma liteira improvisada ou o chão duro de uma cabana. O corpo de Mello, acostumado à tensão constante, relaxou em uma rendição que parecia perigosa de tão prazerosa. Ele se levantou, apoiando-se nos cotovelos. Ele notou que suas roupas de seda, as quais ele usava por baixo da farda russa, haviam sido trocadas por um tipo de túnica de lã grossa, cinzenta e surpreendentemente limpa. Mello sentou-se na beira da cama, que rangia suavemente com seu peso. Levou alguns segundos para processar o ambiente. O quarto era simples, mas não pobre. As paredes eram de toras de madeira bem ajustadas, mas em vez de serem nuas como as cabanas do acampamento, estavam cobertas por tapeçarias densas em tons terrosos escuros – marrons, vermelhos-sangue, e verde-musgo profundo, com desenhos geométricos que Mello não reconhecia. Havia uma pequena lareira no canto, onde brasas moribundas emanavam um calor suave e reconfortante. Ele podia sentir o cheiro fraco de fumaça de pinho e alguma erva seca. Tudo indicava que ele estava em uma casa, não em uma tenda. E a decoração, embora simples em sua estrutura, exibia um certo luxo. O estrado da cama era esculpido, e a madeira polida refletia a pouca luz. Mello saiu cautelosamente da cama. O chão de madeira estava coberto por uma pele de urso espessa. A sensação era de aconchego, de proteção contra a brutalidade exterior. Ele estendeu a mão para a parede, tateando a textura áspera da tapeçaria. "Quantas horas se passaram?" ele murmurou, a voz rouca. A última coisa que se lembrava era do pavor e da exaustão quando o gigante albino o ergueu na neve. O pacto de servidão de Mello exigia vigilância constante, e dormir profundamente assim o fazia sentir-se nu, exposto. Ele precisava saber o que havia acontecido e, crucialmente, quem o havia trazido para ali. O gigante não parecia ser um soldado russo comum. O medo de ter sido resgatado por alguma facção rival ou, pior, por algum desertor chinês o assaltou por um instante. Ele precisava de um espelho. Precisava ver a si mesmo. Seus pensamentos voltaram imediatamente para o cabelo recém-cortado. Ele procurou no quarto. Havia um pequeno móvel de madeira escura perto da parede, que continha uma jarra de água e uma bacia de cobre polido. E ali estava, sobre o móvel: um disco de metal polido, que servia como espelho. Devia ser prata, ou algum estanho exótico, com reflexo que não era perfeito como um vidro, mas surpreendentemente claro. Mello pegou o espelho, as mãos ligeiramente trêmulas. O que ele viu no reflexo o fez prender a respiração. Mello não estava apenas com o cabelo cortado. Ele havia sido aparado e escovado com um cuidado profissional que ele nunca tinha visto. No auge do desespero, Mello havia cortado o cabelo às pressas com uma navalha cega. O resultado deveria ter sido um desastre irregular e vergonhoso. Mas o que ele via era diferente. Seu cabelo estava agora na altura dos ombros. As pontas eram uniformes e caíam em cascatas suaves que emolduravam seu rosto. O corte era simples, mas elegante, um estilo que Mello reconheceu vagamente como de algumas mulheres de posição na China que queriam exibir ousadia. Era um corte lisonjeiro, que acentuava a delicadeza de seu pescoço e a estrutura óssea do seu rosto. O dourado de seus fios estava resplandecente contra a lã cinzenta da túnica, mas a cor parecia mais intensa sob a luz filtrada, quase brilhando com um poder interno. O choque não era pelo corte em si, que era inevitável após seu ato impulsivo. O choque era pelo *cuidado*. Alguém havia dedicado tempo e esforço para transformar sua punição em algo belo. Alguém o havia tratado como um tesouro. Mello tocou o cabelo cortado, sentindo a leveza nova. Havia um breve luto pelas tranças longas que ele usava desde a infância, que eram a marca de sua feminilidade imposta e o símbolo de sua servidão. Mas, ao mesmo tempo, havia uma estranha sensação de liberdade. Era menos uma armadura, mais uma coroa. Ele, como Aimee, era agora diferente, ainda mais exótico. Mais uma anomalia em um mundo hostil. Mas quem teria feito isso? E o porquê? O homem albino. Só poderia ter sido ele, a criatura que o resgatara da neve. Ele se lembrava do olhar analítico do homem, de como ele o segurava como uma peça de caça curiosa. Mello largou o espelho, sentindo uma necessidade urgente de investigar. Ele não podia ficar parado, se aquecendo em um conforto que não havia conquistado. Sua necessidade de servir o impulsionava. Ele tinha que entender a dinâmica deste novo cativeiro ou resgate. Ele abriu a porta do quarto lentamente. Não havia fechadura, apenas um trinco simples. O corredor era igualmente simples, com mais paredes de madeira polida e tapetes no chão. O cheiro de pinho e lenha queimada era mais forte aqui. Mello percorreu o corredor estreito, os pés descalços afundando levemente no tapete de pele. A casa, surpreendentemente, parecia deserta. Não havia sons de conversa, nem o bater de panelas ou o ranger de armas. Ele seguiu o cheiro mais forte de algo cozinhando, um aroma de especiarias e carne robusta que aguçou sua fome. A exaustão e o frio haviam sido brutais. Seus instintos de sobrevivência assumiram o controle. A cozinha estava no final do corredor. Ao entrar, Mello parou na soleira, absorvendo a cena. O lugar era rústico, no melhor sentido. Havia uma grande lareira na extremidade, com panelas de ferro penduradas sobre o fogo baixo. Uma mesa central, feita de uma tora de madeira maciça, dominava o espaço. A mesa parecia simples, feita para uso diário e para suportar o rigor do inverno. Mas os talheres sobre ela... Os talheres eram de prata pesada, elaborados, com entalhes minuciosos. A prataria reluzia sob a luz fraca, justaposta de forma chocante contra o pano de mesa de linho grosseiro. Havia também taças de cristal para bebida, que pareciam totalmente fora de lugar em um chalé tão isolado. Mello sentiu o estômago roncar. A simplicidade das paredes de madeira e o luxo da prataria sobre a mesa criavam um contraste intrigante, quase uma contradição. A casa parecia tentar esconder sua riqueza sob uma casca de rusticidade. Alguém já estava sentado à mesa. O gigante albino. Ele estava de costas para Mello, absorto na refeição, parecendo não ter notado a presença do recém-chegado. Ele vestia roupas mais leves agora: uma camisa de linho escura sob um colete de couro. Sua cabeça, os cabelos brancos quase prateados, estava baixa enquanto ele se concentrava no prato. Mello observou-o por um momento, sentindo a tensão voltar a se instalar em seus ombros. Ele precisava ser "Aimee". Frágil, grata, e acima de tudo, servil. Ele deu um passo à frente, e o rangido suave do chão de madeira sob a pele do tapete foi suficiente para alertar o homem. O gigante levantou a cabeça. Os olhos vermelhos de César se encontraram com os de Mello. Eles não eram ameaçadores desta vez, mas sim calmos, quase pensativos. Havia uma inteligência fria ali, que Mello não tinha notado no pânico da nevasca. O homem sorriu levemente, um movimento que suavizava as cicatrizes pálidas em seu rosto e o fazia parecer quase... gentil. “Ah, você acordou,” ele disse. Sua voz era profunda, mas não o rosnado gutural que Mello ouvira na neve. Era um tom mais controlado, ainda com aquele sotaque russo pesado e sibilante, mas mais inteligível. “E o cabelo está bem. Eu esperava que você não se importasse de eu ter... limpado seu esforço na neve.” Mello engoliu em seco. Ele se sentiu pego em flagrante por sua impulsividade destrutiva. “Não, senhor. Obrigada. Eu... estava desesperada,” Mello apressou-se a responder, a voz ainda um pouco hesitante. “Obrigada por tudo. Por me trazer para dentro.” O homem gesticulou com o garfo de prata, indicando a cadeira do outro lado da mesa. “Sente-se. Você dormiu quase um dia inteiro. Deve estar com fome. O tônico fez o seu trabalho, mas o corpo precisa de mais do que substância. Precisa de calor e nutrição.” Mello hesitou apenas por um momento, a disciplina de servir sobrepondo-se ao medo. Ele caminhou até a mesa e puxou a cadeira pesada de madeira. Sentar-se à mesa com um estranho, um possível inimigo, era um risco, mas recusar a hospitalidade era uma afronta. Ele sentou-se, de frente para o homem. De perto, a presença do albino era menos assustadora e mais... imponente. Ele era muito jovem. Na nevasca, Mello o havia visto como uma montanha, mas sentado à mesa, ele parecia ter no máximo vinte e poucos anos – talvez uns 23. Contudo, seus olhos vermelhos carregavam uma profundidade que sugeria séculos de vivência ou, no mínimo, uma experiência de guerra muito intensa. A palidez de sua pele e os traços angulares o tornavam quase irreal, como uma escultura de mármore. O homem limpou a boca com um guardanapo de linho. “Eu sou Karl,” ele disse, estendendo a mão sobre a mesa, um dedo grosso e cicatrizado. “Embora os soldados russos me chamem de César. Uma piada. Porque meu sobrenome tem um pouco de ‘Kaiser’ nele. E porque eu sou... grande demais para as tendas deles.” Mello, lembrando-se de sua etiqueta chinesa, estendeu a mão e deu um aperto breve, apenas com os dedos. “Aimee,” ele sussurrou, apresentando-se com o nome que se tornara sua identidade secundária e seu escudo. “Aimee,” Karl repetiu, desta vez com uma pronúncia muito mais clara do que na nevasca. Ele parecia ter praticado. “É um nome suave. Como você.” Ele sorriu de novo, e Mello notou que o sorriso não alcançava seus olhos. Os olhos eram fixos, avaliativos. “Você está muito longe de casa, Aimee. E a nevasca foi feia. Não sei como você sobreviveu tanto tempo lá fora, perto do nosso perímetro... Nem mesmo Boris, que é o dobro de você em carne, aguentaria o frio daquele jeito.” Karl observou Mello, esperando por uma resposta que ele claramente não forneceria. Mello manteve a cabeça baixa, fazendo o papel de fragilidade. “O frio me pegou. Eu... eu estava voltando para a tenda. Perdi o caminho com a nevasca repentina. Eu estava distraída,” ele disse, escolhendo as palavras cuidadosamente. A meia-verdade era a melhor mentira. Karl assentiu. "A nevasca é um inimigo sem bandeira. É o pior adversário aqui." Ele então mudou de assunto, pegando o copo de cristal. Ele tomou um gole lento de uma bebida de cor clara. A curiosidade de Mello sobre quem ele era e o que estava fazendo ali atingiu um pico. Por que um homem que vivia de maneira tão espartana, mas que se cercava de prataria de luxo, estava naquela fronteira congelada? E por que ele o havia resgatado? Mello, seguindo o protocolo de sua servidão, fez a pergunta que sugeria humildade e gratidão. “César... Karl. Não sei como agradecer o suficiente. Por que você estava patrulhando fora do acampamento? Não... não é seguro.” Karl pousou o copo na mesa com um *clink* silencioso, o som amplificado no silêncio da casa. “Eu não sou russo, Aimee. Sou alemão. Fui convocado como colaborador. A Prússia e a Rússia estão aliadas nesta loucura contra a China. E bem, meu conhecimento de sobrevivência nesta região é... necessário. Eu vivo aqui, na fronteira da floresta. Meu chalé é a última linha de defesa.” Ele fez uma pausa, olhando para Mello com uma expressão que Mello não soube decifrar. "Por isso me chamam de César. O Império, o Káiser. Eles tentam ser respeitosos ou zombam da minha origem, depende do humor." A voz dele era suave, mas carregava uma autoridade inegável. Não era a autoridade gritada de Nyon, mas sim um tom de quem sabe de seu próprio valor e posição. Mello percebeu que Karl/César era alguém importante, alguém que os russos respeitavam o suficiente para ceder-lhe o comando de uma área vital, apesar de sua nacionalidade diferente. “E quanto ao patrulhamento? Eu pensei que com a nevasca, todos estariam... dentro.” Mello perguntou. “Guerreiros do gelo não se escondem do gelo, Aimee. Eu estava patrulhando. Ameaças não param porque o tempo piora. E eu vi algo incomum na floresta, antes de a nevasca atingir a força total. Uma luz azul. Você viu?” Mello encolheu os ombros. "Sim. Foi o que me distraiu, senhor. Estava... me chamando, de alguma forma." Karl balançou a cabeça de neve platinada. “Eu não segui a luz. Eu vi você. E eu estava voltando. Foi pura sorte. Se eu demorasse mais dez minutos, você estaria enterrada e congelada. Mas… eu vi um sinal.” Karl pegou o copo de novo, e o reflexo da luz nos anéis em seus dedos distrai Mello por um instante. Mello sentiu o coração acelerar. O cabelo. Ele tinha funcionado. “Eu vi o seu cabelo,” Karl continuou. “Os fios estavam voando no vento, antes de a nevasca virar. Pareciam pequenos fragmentos de ouro puro contra o branco e negro. Mas não foi isso que me fez atravessar a nevasca com a pressa que o fiz.” O albino hesitou. Mello esperou, quase sem respirar. A verdade sobre seu cabelo, a coisa pela qual ele havia sacrificado a dignidade, estava prestes a ser revelada. Karl inclinou a cabeça, seus olhos vermelhos fixos nos de Mello, como se estivesse tentando ler a alma por trás da máscara de Aimee. “Você tinha um pedaço de fita em seu cabelo. Azul e Vermelho. Atada em uma das tranças que ainda restavam,” Karl explicou, sua voz ganhando uma intensidade súbita. “É o padrão da bandeira russa militar. A fita. Pensei que fosse uma desertora chinesa, é claro, mas a fita me disse que você era mantida, ou protegida, por eles. Pensei que significasse que você era importante para eles, para o nosso exército.” A fita de Dimitri. A peça de tecido que Mello usava com uma leve repulsa, um símbolo da sua dependência dos soldados russos. A fita tinha sido o seu farol. A fita de Dimitri, o homem que ele havia manipulado, tinha sido a sua salvação. O universo às vezes era irônico em suas exigências. Mello sentiu uma onda de alívio inundar seu ser. Ele não havia sido salvo por sua aparência exótica ou seu poder latente – ele havia sido salvo pelo seu símbolo de servidão aos russos. Isso significava que César o via como um ativo russo, um aliado. “Eu... eu sou a protegida de um dos capitães. Capitão Nyon,” Mello explicou rapidamente, jogando a carta mais forte que tinha. “Eu sirvo ao acampamento, Dr. Dimitri e Boris. Não pude recusar a fita, e ela me salvou.” Karl sorriu largamente desta vez, seu rosto se iluminando. Era um sorriso bonito, contrastando estranhamente com a intensidade vermelha de seus olhos. “Capitão Nyon. Eu o conheço. Um homem... pragmático. Então você é a protegida dele. Isso explica a discrição. E a fita.” Ele se inclinou sobre a mesa, os olhos fixos nos de Mello. A familiaridade repentina, o elogio implícito na maneira como ele falava de Nyon, colocou Mello em alerta. Ele era um ativo valioso de Nyon, e agora estava nas mãos de um alemão. Era um risco diplomático, mesmo que Karl fosse um aliado. Karl quebrou o silêncio com algo tão inesperado que Mello piscou. “Aimee, você é muito bonita,” ele disse, de repente. A observação, direta e sem floreios, atingiu Mello com força total. “Não apenas o cabelo que brilha como ouro na neve, mas seu rosto. Você tem traços que só vi em porcelana. Uma joia perdida em uma área de guerra.” Mello sentiu o rosto esquentar. Ele estava acostumado a manipulação através da aparência. Mas este elogio parecia diferente. Não era a flerte vulgar dos soldados ou a admiração respeitosa de Boris. Era uma observação de valor, como se ele estivesse catalogando uma obra de arte. "E você é muito jovem para o inverno aqui. Me diz, por favor, você gostaria de comer algo? Eu tenho guisado de carne aqui, cozinhado lentamente," Karl ofereceu, gesticulando para as panelas fumegantes. "As especiarias são raras. Trouxe da Europa. Está na prataria, se não se importar." Ele estava oferecendo comida rica na prata luxuosa, contrastando com o teto de madeira. O convite era um teste. Mello precisava aceitar para mostrar gratidão e aceitação de sua posição como hóspede, mas o pensamento de ser servido por aquela força bruta o fazia hesitar. Ele estava aqui para servir, não para ser servido. Mello olhou para os talheres, depois para os olhos vermelhos de Karl. A palidez dele, o cabelo branco. Ele era quase místico. Mello, em seu estado exausto, sentiu uma ressonância tênue em sua memória de infância. Algumas lendas contadas por sua avó falavam de gigantes com visões, que tinham olhos de fogo e cabelos de neve. Ele sentiu o impulso de checar seu *Qi*, mas não ousou fazer uma manifestação tão óbvia. "Eu gostaria muito, Karl. Muito obrigada," Mello disse, forçando a voz a ser grata e doce, o máximo possível de Aimee, a protegida frágil e indefesa. Ele não podia ofender o homem que o havia salvo da morte. A servidão exigia obediência. Karl sorriu. Desta vez, o sorriso atingiu os olhos, e o vermelho pareceu aquecer ligeiramente. "Ótimo. Por favor, coma. É bom para quem está se recuperando do frio," ele disse, indicando com a mão onde a travessa de guisado e os talheres de prata estavam à disposição.

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